31.1.04

Saldos

Frases soltas na selva da Amèlie:

«OLHA SÓ! Semelhanças...

Ao ler isto:

"
Na calçada, um moleque me pediu dinheiro. Vasculho o bolso e compro paz de espírito por trinta segundos e cinqüenta centavos"
Cuenca, JP., em
Corpo Presente

Lembrei disso:

"
Marcela amou-me durante quinze meses e onze conto de réis"
Assis, M., em
Memórias Póstumas de Brás Cubas»

Outro poema de Mestre Nestor Alvito

Dez A Bafo

Fico sem tino
Às vezes
Quando encontro o mar morto
Depois de uma sagacidade

Não bastava a liberdade roçar a mortandade
Ainda tenho que levar com as perguntas dos outros

(in Édito)

Poema de Mestre Nestor Alvito

Ensaio para poema

Fecundados
São os lírios do campo
Pelo Génesis
De tua bondade

(in Édito)

The Beast of...

Porque é que as melhores belugas da blogusitânia tão cedo desaparecem ou se ausentam? Assim, obrigam-nos divagar por outras paisagens humorísticas que cedo perdem a piada ou deixam de dar gozo...

Há, na bela

«Impressionam-me os chatos. Parecem-me sempre os mais ensimesmados de todos os pulguídeos, com os focinhos altivos e aqueles olhos de quem espera algo que não sugará tão cedo. Em criança, experiência partilhada por multidões incontáveis por esse mundo fora, tive um chato. Na verdade, tive muito mais, mas àquele, em particular, chamei-lhe Leonardo. Na altura não achei explicação para o nome, pareceu-me apropriado e pouco mais. Hoje, à luz de uma maturidade entretanto adquirida à custa de algumas coçadelas, as do costume, percebo que era uma homenagem a priori ao grande génio da Renascença que foi Leonardo da Vinci. E o Leonardo, o meu, mais modesto de barbas do que o seu homónimo famoso, não deixava de exalar aquela aura de encantamento quase místico pelo saber do meu pequeno mundo púbico.»

(Obrigado a quem de direito pela possibilidade de o sentir.)

Casual Saturday

A Cláudia hoje dormiu de brincos. Tinha um sonho importante.

Ladies and Gentlemen, meet... the Cheese!

Ele está cá! É um Galarza e actua hoje no Porto. Ladies and Gentlemen, os vossos aplausos para Richard Cheese & Lounge Against The Machine...

Mr Cheese e os Lounge Against The Machine (Bobby Ricotta, Gordon Brie e Buddy Gouda)

...o quarteto que faz versões lounge dos êxitos do rock (e que faz muitos deles terem mais piada que os originais) e o homem que criou a Star Wars Cantina... Unfuckinmissable!

30.1.04

Sexo e Drogas em Público

O Público de hoje parece um manual de más educações... Começa com uma crónica de João Bénard da Costa, onde o Cinemateca Man disserta sobre a Playboy, o velho Hefner e as suas coelhinhas,

Para assinar este magazine cultural de alto teor intelectual carregue duas vezes no nariz do coelhinho

e acaba com uma entrevista a Luís Fernandes, autor de um estudo sobre o consumo de droga em Portugal, que diz coisas tão bonitas como estas:

«a cannabis é como a infidelidade: está generalizada»;

«há um grande paralelismo entre a droga e o sexo (risos): são governados por paradigmas morais
»;

«[a cannabis] é uma droga democrática, de partilha - diferente da heroína, que é totalitária, não se dá, compra-se, por vezes, rouba-se»;

«o perfil mais comum é o recreativo: há o indivíduo mais velho, que fuma em casa, como quem bebe um digestivo; o mais jovem que fuma num convívio».

Já só falta o rock n'roll...

Ministério das Postas Parlamentares

Na Assembleia, mais um dia de festa. O ministro das Postas Parlamentares, hoje coadjuvado pela pessoa Só, dá a conhecer as melhores frases do debate.

Frases do Presidente do Conselho:

O PS está a precisar de um carinho.

O subsídio de alimentação é de 80 milhões de contos [atenção trabalhadores].

O senhor está enganado, está enganado, está enganado.

Frases de um líder da oposição que é comunista:

Quantos bóis é que o senhor tem?

Frases de um ex-líder do PSR:

O senhor tem a medalha do pior da Europa.

O senhor quer ser campeão do campeonato para o pior país da Europa.

Veio a ministra das finanças safar a ministra da justiça.

Frase de Ferro:

O senhor está enganado, está enganado, está enganado.

Frase de António Filipe, que também se senta:

Qualquer dia todos os seus ministros estão inscritos no CDS/PP, porque façam as trapalhadas que façam estão sempre defendidos.

Frase de um deputado do PS, com um sinal característico na face:

Vamos, senhor primeiro-ministro?

O ministro e sua assistente, a linda Só, que agora fará o pino invertido...

Agenda d'ôje



Lançamento do Baralho de Cartas Pedagógico Bocageano, seguido da palestra «Bocage: o jogo da vida, o jogo das cartas»: no Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal (Setúbal), às 21:30h.

Posto isto, eu hoje, afinal, vou jogar às cartas...

Acontece?

Eu hoje vou instruir-me.

29.1.04

A mim não me enganas tu

Ora, clique aqui, faz favor.

Nos 30 anos da velha receita de almôndegas da mãe de Martin Scorcese

«The sauce:
Singe an onion and a pinch of garlic in oil.
Throw in a piece of veal, a piece of beef, some pork sausage and a lamb neck bone.
Add a basil leaf.
When it (the meat) is brown, take it out.
Put in a can of tomato paste and some water.
Put a quart of packed whole tomatoes through a blender and dump it in.
Let it boil.
Add salt, pepper and a pinch of salt. Let it cook for a while.
Throw the meat in, cook for one hour.

The meatballs:
Put a slice of bread without crust, two eggs, a drop of milk, ground veal and beef, salt, pepper, some cheese and a few spoonfuls of sauce into a bowl.
Mix it with your hands.
Roll them (the meatballs) up, throw them in [the sauce].
Let it cook for another hour.»

Martin Scorcese's mother's recipe for meatballs, in ficha técnica do documentário Italian American, de Martin Scorcese (1974)

(tradução? talvez aqui...)

28.1.04

Can't get you out of my hands

Mamã, mamã: eu quero uma Kylie Minogue! Ou duas. Ou mais, muitas mais... Ai (suspiro)...

Tena Lady lança modelo Cardona

A Ausónia vai lançar o novo modelo Tena Lady Cardona, que retém até mais 33 por cento do que é habitual.

Após experiências laboratóriais, os cientistas descobriram um novo método de reter os descontos líquidos, que ficam agora num saquinho azul superabsorvente.

O novo produto deve sair em breve.

Cardona não rima com impostos

Parece que uma ministra não pagou a segurança social de uns trabalhadores do seu ministério para poupar uns trocos e que isso é ilegal.

Os The Galarzas, a ser verdade a notícia, enviam daqui um abraço a esse país onde tal aconteceu, que deve ser a Guatemala, a Bolívia ou a República Centro-Africana. E dispõem-se a enviar desde já altos governantes nacionais para ensinar a fazer estas coisas com melhor estilo e maior tranquilidade.

27.1.04

E o burro?

Diz a Lusa: «A PSP de Santarém anunciou hoje a detenção de um homem de 50 anos que conduzia uma carroça alcoolizado e que embateu numa viatura.

Segundo fonte da PSP, o homem, que apresentava uma taxa de alcoolemia de 2,20 gramas por litro, foi constituído arguido e presente a tribunal, aguardando a decisão judicial.

A detenção ocorreu cerca das 17:00 de segunda-feira na estrada que liga a Ribeira de Santarém a Alcanhões, na sequência da queixa apresentada por uma condutora, em cuja viatura o homem embateu com a carroça, pondo-se em fuga.

O homem vive num acampamento na Ribeira de Santarém e a carroça, puxada por um burro, foi entregue à família.»

Perguntamos: E o burro?

Pr'ós carros que levei à revisão na vida

O mesmo colega deste Galarza que um dia recebeu este SMS, recebeu hoje este:

«O mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmeu carro vai na 5ª à revisão».

Cai Cai



Está mau para este gajo. Ora, o homem estava convencido que o MI6 não mentia. O MI6 estava convencido que a CIA e a NSA não mentiam. E a CIA e a NSA estavam convincidos que a oposição iraquiana nãomentia (rir).

Agora, a 24 horas de sair o relatório sobre as armas de destruição em pasta, o PM do Reino Unido já admite que está feito.

The Galarzas esperam que o primeiro-ministro português, que só «entrou na guerra porque prefere estar ao lado dos aliados», tome semelhante atitude à que se veja em Blair. E que mande desinfestar os Açores.

A coisa 'tá preta

Os bilhetes para o concerto do Nick Cave no CCB custam 50€. Dez contos! Como é possível? E como é possível que já estejam esgotadas as duas datas?

EU QUERO UM BILHETE PARA O NICK CAVE! Aceitam-se propostas para o sítio do costume...

O meu tio Óscar



Hoje, o tio Óscar está de volta! As apostas começam às 13.30h.

O Fascínio

Este não é um bom filme - este é um grande filme: «Lost In Translation», de Sofia Coppola, com o inesperado Bill Murray e a surpreendente Scarlett Johansson...


Acontece

Eu hoje vou ao cinema.

Ao Pedro Roseta


Ora estes

Felizmente, ainda há gente que leva isto a sério. Vá e volte!

Siemens Masoq A50



in Livro de Instruções, Siemens A50

26.1.04

Afonso, praça!

Corda de Boa Hora

O magala
Escreve à família
À coca da precária
Com traça de traço
Esgalha pessegueiro
Embotijado

Rachada,
Detesta maçaroca,
Vence parnau
Na quina
Onde usa a papadeira
Anda na rebaixolice
Com calaceiro do bairro

Por calhoada
E por estarem ambos
A pôr-se a fancos
Perderam a pitorra
E vai de pitocar
Antes de emborcar
O quartilho do roxo

Ela teme a tanoa
Mas crê que o Chico,
Tinegra de timbales duros
Não fique cona de unto
E que ela coma linguiça
Sempre que tenha gana

de Eustáquio Pinho, Burundanga e Prosa, Barcelos, 1996

Magiar


Who said what?

«Agora que sou famosa não vejo brilho», disse a actriz Inês Castel-Branco à revista Lux (citada pela cada vez mais pequena Grande Reportagem).

A Inês (qualquer laço familiar com José será pura coincidência?)

Pergunta este Galarza: quem é a Inês Castel-Branco?

25.1.04

Do fundo do baú 2

A redescoberta da pré-história dos The Galarzas prosseguiu por outros caminhos, quando na gaveta ao lado, encontrei outros dois pedaços do passado. O primeiro foi o grande êxito musical de Mestre Nestor Alvito, autor do poema-canção que ofereceu à primeira teen-blonde-girls-band portuguesa, As 3 Marias:



Com «Alto! Deixa passar o Amor...», As 3 Marias tiveram um sucesso estrondoso em 1986. As suas actuações na Casa Pia e na Prisão de Caxias são ainda hoje recordadas com saudade.

Mas o conto de fadas acabou bruscamente, com a saída (ainda hoje mal explicada) de uma das Marias, a dez minutos da actuação no Natal dos Hospitais, que prometia fazer d'As 3 as maiores estrelas da pop nacional. As duas que ficaram ainda tentaram manter a banda, mas, nas várias audições que fizeram, o melhor que conseguiram foi uma Marta. Era o fim das Marias...

O fim? Não. Em 1989, três anos depois de abandonar as outras duas, Maria Bico voltou:



«Guarda Corassões» foi o primeiro CD-Single português e um relativo sucesso... lá em casa. Nas discotecas, o fiasco foi tão brutal, que Maria Bico voltou a desaparecer. Mestre Nestor Alvito - mentor d'As 3 Marias e presumível cérebro do falhado regresso de Maria Bico - também. Até 2003, ano em que escolheu os The Galarzas para o seu regresso póstumo à ribalta. A ver vamos, Mestre. A ver vamos...

Do fundo do baú 1

Remexendo em velhas gavetas cheias de memórias do antigamente e traços do passado, dei de caras com a pré-história do conjunto musico-poético The Galarzas. Foi com espanto, um largo sorriso e uma lágrima subtil que redescobri o primeiríssimo single editado por um dos actuais The Galarzas, na altura conhecido por Quim Abbaricoque:



Nos idos de 70, «Bom De Girls» foi um êxito contagiante nas discotecas de Sacavém, Bobadela, São João da Talha e arredores. Mais tarde, Vítor Espadinha viria a plagiar o tema no clássico «Recordar É Viver», o que deixou Abbaricoque à beira de uma terrível depressão. Até 2003, ano em que criou os The Galarzas, para experimentar um triunfal comeback. A coisa está a demorar, mas, como diria o outro, «mais tarde ou mais cedo, vou ser Primeiro Ministro»!

Marte, ataca, ataca!


Eis a triste realidade sobre o discurso que o residente da casa branca fez há semanas, quando prometeu o «regresso ao espaço».

Afinal havia outra...

Andava aqui este Galarza a remoer as mais recentes declarações da suposta AMR (sobretudo aquele fascizóide «Para quando uma separação absoluta dos públicos?»), quando me cruzei com esta posta do homem da conspiração:

«URGENTE - Anabela desmente autoria do blogue!

Acabei de telefonar para a própria Anabela Mota Ribeiro que me confirmou: Não é ela a autora do Possibilidade do Sentir.

Anabela disse-me que soube que havia um blogue com o seu nome, com referências à "A Dois", no início da semana, através de um programa da Antena 2, onde, aliás, negou desde logo a autoria do mesmo.

Face à situação, porém, disse-me que não pretende tomar qualquer medida judicial e não pretende "dar qualquer importância" àquele blogue nem apurar quem são os autores que assinam os "posts" com o nome "Anabela" e têm na identificação do blogue o nome "AMRibeiro", que poderia significar Anabela Mota Ribeiro.
»

Verdade ou conspiração?

24.1.04

Dabliu dabliu dabliu

Esclarecimento

Vimos por este meio aclarar as dúvidas de alguns leitores (ok, foi só um, mas assim soa melhor): o URL (u-érre-éle), a morada, o address dos The Galarzas é http://galarzas.blogspot.com. Assim mesmo, sem www entre as barras e os galarzas.

É mesmo só paneleirice, mas é melhor para as contas e faz bem ao ego. A Internet é um país maravilhoso.

Hopper, em azul


E agora, Luis Fernando Verissimo


Lixo

«Encontram-se na área de serviço. Cada um com seu pacote de lixo. É a primeira vez que se falam.

- Bom dia...
- Bom dia.
- A senhora é do 610.
- E o senhor do 612
- É.
- Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente...
- Pois é...
- Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo...
- O meu quê?
- O seu lixo.
- Ah...
- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena...
- Na verdade sou só eu.
- Mmmm. Notei também que o senhor usa muito comida em lata.
- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar...
- Entendo.
- A senhora também...
- Me chame de você.
- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignons, coisas assim...
- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas, como moro sozinha, às vezes sobra...
- A senhora... Você não tem família?
- Tenho, mas não aqui.
- No Espírito Santo.
- Como é que você sabe?
- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo.
- É. Mamãe escreve todas as semanas.
- Ela é professora?
- Isso é incrível! Como foi que você adivinhou?
- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.
- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo.
- Pois é...
- No outro dia tinha um envelope de telegrama amassado.
- É.
- Más notícias?
- Meu pai. Morreu.
- Sinto muito.
- Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há tempos não nos víamos.
- Foi por isso que você recomeçou a fumar?
- Como é que você sabe?
- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo.
- É verdade. Mas consegui parar outra vez.
- Eu, graças a Deus, nunca fumei.
- Eu sei. Mas tenho visto uns vidrinhos de comprimido no seu lixo...
- Tranqüilizantes. Foi uma fase. Já passou.
- Você brigou com o namorado, certo?
- Isso você também descobriu no lixo?
- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois, muito lenço de papel.
- É, chorei bastante, mas já passou.
- Mas hoje ainda tem uns lencinhos...
- É que eu estou com um pouco de coriza.
- Ah.
- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo.
- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.
- Namorada?
- Não.
- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha.
- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.
- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte.
- Você já está analisando o meu lixo!
- Não posso negar que o seu lixo me interessou.
- Engraçado. Quando examinei o seu lixo, decidi que gostaria de conhecê-la. Acho que foi a poesia.
- Não! Você viu meus poemas?
- Vi e gostei muito.
- Mas são muito ruins!
- Se você achasse eles ruins mesmo, teria rasgado. Eles só estavam dobrados.
- Se eu soubesse que você ia ler...
- Só não fiquei com eles porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela?
- Acho que não. Lixo é domínio público.
- Você tem razão. Através do lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos outros. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso?
- Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que...
- Ontem, no seu lixo...
- O quê?
- Me enganei, ou eram cascas de camarão?
- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.
- Eu adoro camarão.
- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode...
- Jantar juntos?
- É.
- Não quero dar trabalho.
- Trabalho nenhum.
- Vai sujar a sua cozinha?
- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.
- No seu lixo ou no meu?»

Este texto está no livro O analista de Bagé

23.1.04

Direito de Rés Posta

Foi aqui escrita há dias a frase «os The Galarzas e a sua editora (a afamada Coentron Records)». Nunca suspeitámos nós, podres de espírito The Galarzas, que tal sentença pudesse ser portadora de tantas maleitas e tão desagradáveis mal-entendidos.

Pois hoje - aliás, há apenas alguns minutos - importantes órgãos máximos da excelentíssima editora Coentron Records fizeram chegar aos pudibundos ouvidos deste Galarza o seu desagrado por tal possessividade. Foi a seguinte a declaração tunitroante de Miguel Cunha (ou terá sido Júlio Fontes?), fundador da editora:

«Ó meu cabrão! Ó meu grande cabrão!»

Aqui fica, portanto, o necessário e acordado esclarecimento: quando dizemos «a sua editora», não queremos dizer que a Coentron Records seja pertença dos The Galarzas, mas apenas que é a editora que edita (editará) os discos dos The Galarzas. A Coentron é uma editora séria, vistosa e amiga do seu amigo.

Para que não restem dúvidas e para que se sarem as feridas, propomos um jantar. Os The Galarzas escolhem o repasto; os Coentrões pagam. Assim seja.

Eanes anacrónico

A situação em Portugal é greve.

Oops... I did it again!

Eu disse que os The Galarzas não falavam mais dela. Eu tentei. Eu juro que tentei. Mas por amor de Deus, ó menina, você tente também... Faça um esforço. É que assim não dá:

«23.1.04

Bárbara Guimarães partilha a sua beleza maternal com o mundo nas páginas da revista Vogue de Fevereiro. A não perder um exemplo comovente de evocação da figura primordial da deusa-mãe transposta para os dias de hoje.
- posted by Anabela @ 2:20 PM
»

A gente já só cita...

Terras do Sempre 2

Ainda o olhar (e o ouvido) atento do JMF:

«Anda aí uma nova campanha da Vodafone cuja banda sonora é a canção Sexed Up, de Robbie Williams. Eis o refrão que se ouve durante o anúncio: "Why don’t we break up, there’s nothing left to say". Para anúncio de telemóvel... parece-me muito apropriado.»

Siga mais um copo para a mesa do JMF!

Terras do Sempre 1

Nas Terras do Nunca, o JMF disserta sobre a nova táctica do Governo PPD-PSD/CDS-PP. Diz ele:

«A fuga para a frente costuma ser uma das saídas dos políticos em apuros. Há um problema? Inventa-se um facto novo para desviar as atenções. Esta passagem do bloco PSD/CDS pelo poder em Portugal veio introduzir uma profunda ruptura na acção política. Agora, o que está a dar é a fuga para trás. Tudo, rigorosamente tudo, o que possa ter impacto negativo junto da opinião pública é justificado com os erros do governo anterior.»

Como já aqui disse, a gente só cita. Mas «que las hay, las hay»...

Eu não queria, mas...

Eu prometi que não voltava ao assunto, mas perante tamanha reacção do blogoverso, este Galarza não pode deixar de aconselhar que se siga este trajecto: comece-se por aqui, veja-se a resposta aqui, a devida reacção aqui e, finalmente, o natural comentário aqui de novo.

Para ter a perfeita noção da abrupta (no pun intended) escalada do tema, passeie-se por aqui, por aqui, por aqui, por aqui, por aqui, por aqui e por aqui. Mas o primeiro a dar por ela foi o senhor que mora aqui.

Pronto, agora acabou. Digo eu...

Agora não tem nada a ver com ela...

Escreveu já hoje o mui estimado L&O:

«O magnífico Quinto Galarza escreve que nós dissemos isto acerca desta senhora. Ora, com todo o respeito caro Galarza, tal não é verdade. Nós nunca o dissemos, apenas o escrevemos. Lamentamos no entanto, não o ter feito em grego. Daria que pensar.»

Ora, disto, só há uma palavra a reter: «magnífico». O rapaz chamou-me «magnífico»! Vem a meus braços, meu filho...

Ah pois!

Já lá vão

O Museu dos Mortos

Eis Gunther Von Hagens e um Galarza com ar ameaçador: já não pode um gajo ficar morto em paz...

Será um cemitério? Uma morgue? Não... é a exposição de cadáveres de Günther von Hagens, diz o Público!

Era uma vez um país

Ferreira Leite diz que a reforma vai demorar o tempo que fôr preciso. Marques Mendes oferece mais de 3700 euros à sua nova assessora. Câmara de Lisboa recusa-se a realojar casal de lésbicas despejadas, aconselhando-as a «noivar como os casais normais». Dono de sapataria sequestra duas empregadas, depois de terem defendido em tribunal uma colega despedida...

Também findo, palavra de Homero

Anabela Mota Ribeiro faz plástica


A nova imagem da apresentadora.
Tentativa de se assemelhar a Catarina Portas falha,
mas apresentadora consegue parecer mais inteligente.

22.1.04

Só mais uma e depois acabou, prometo...

Antes da pequena e risível polémica que tem acontecido por estes lados, já dizia o L&O, sem qualquer tipo de abruptidade:

«O canastrão Carlos Pinto Coelho foi substituido pela apetitosa Anabela Mota Ribeiro. Nós não somos insensíveis à beleza feminina, mas sempre preferimos a cultura, inteligência e sensibilidade de um canastrão à futilidade estenuante de uma fêmea que parece estar em permanente cio. Para apreciarmos estes espécimes sintonizamos o Fashion.»

Antes que se diga por aí o que quer que seja, desta vez não fomos nós - a gente só cita...

Mudemos de assunto, sim?

Anda no deserto
E gosta de armar em bom
Pensa que é esperto
E que tem ar de bom tom

E tem a mania
De que é muito elegante
Diz que não nenhum elefante
Arma-se em valente

E lança logo um grunhido
Tem as patas altas
E um andar muito mexido
Já andou na guerra
E nunca foi vencido
Mas é muito muito convencido

E diz com ar superior
Que só lhe falta ser doutor
E acha que é
De entre todos o mais belo

O Areias é um camelo
Tem duas bossas e muito pelo
É muito alto e refilão
É engraçado e espertalhão
E agora está como ele quer
Está no jardim p'rá gente ver

O Areias é um camelo
Tem duas bossas e muito pelo
É muito alto e refilão
É engraçado e espertalhão
O Areias virou canção!

(«O Areias», by Jean-Jacques Deboul/Mário Contumélias)

Anabela também é pessoa

«Ribeirinho, ribeirinho,
Que vais a correr ao léu
Tu vais a correr sozinho,
Ribeirinho, como eu.»

Fernando Pessoa, in Quadras ao Gosto Popular

Cada um faz o que quer da sua noite

Passei a noite a ler o Salmo 24 na versão original em aramaico. Apesar de ser uma língua que desconheço de todo, foi uma experiência comovente. Os traços gregários deste alfabeto retorcido são testemunho de milénios de história de uma das civilizações que nos pariu. Podia dar que pensar, não fosse eu ter mais que fazer com o meu tempo...

21.1.04

Editorial

Que boa notícia! Os The Galarzas e a sua editora (a afamada Coentron Records) já têm editora para distribuição internacional do novo disco dos The Galarzas: é uma subsidiária da Luaka Bop, de David Byrne, criada em parceria com a banda murguista Cloaca Pop, chamada Cloaca Bop. O disco não vai ser prematuro nem deve precisar de cesariana, mas sai em breve. Julgamos nós...

E onde anda a contenção, senhor Ministro?

TRADUÇÃO: a pobre licenciada vai ganhar mais de 750 contos por mês com todas as mordomias para dizer Sim, Senhor Ministro!

Já dizia o outro, «arranja-me um emprego, pode ser na tua empresa, com certeza, que eu dava conta do recado e para ti era um sossego». Sim senhor, senhor Ministro...

20.1.04

Foi um Ary que se lhe deu...

«Serei tudo o que disserem
Por inveja ou negação:
Cabeçudo dromedário
Fogueira de exibição
Teorema corolário
Poema de mão em mão
Lãzudo publicitário
Malabarista cabrão.
Serei tudo o que quiserem:
Poeta castrado, não!
(...)»

A D. Anabela Mota Ribeiro

Para quem a desconhece, eis a D. Mota Ribeiro assentando a receita de perú recheado.

Bárbara Guimarães tem seis ovários

Ainda do Belogue da D. Anabela Mota Ribeiro, que nos tem acalentado a tarde:

«19.11.03

Encontrei-me com a Bárbara Guimarães que, como é sabido, está grávida. Pelo meio da conversa costumeira, discutimos a maternidade como materialização da essência do "ser-se mulher" traduzida de forma tão sublime num par de ovários, em alguns centímetros de trompa e num útero sempre tão ensimesmado. A natureza arranja sempre maneira de nos deslumbrar com os mais ínfimos pormenores


Ora bem:

- Um par de ovários dá 4 ovários;
- Mais dois ovários que a Bárbara carrega na barriga e são da sua futura filha, dá seis ovários.

Obrigado, Anabela. Escreve mais que a gente, assim, só te cita.

Ela é que substituiu o Carlos Pinto Coelho

Posta integral da D.Anabela Mota Ribeiro, no seu belogue.

«25.11.03

Passei a noite a ler a "Odisseia" de Homero na versão original em grego. Apesar de ser uma língua que desconheço de todo, foi uma experiência emocionante. Os traços retorcidos do alfabeto helénico são testemunho de milénios de história da civilização de que somos filhos. Dá que pensar.
- posted by Anabela @ 12:44 PM
»

The Galarzas concluem:

1- Que, de facto, isto Acontece;

2- Que já tentámos ler Margarida Rebelo Pinto, mas apesar de ser uma língua que desconhecemos de todo, foi uma experiência emocionante;

3- Que Deus, ao menos, foi generoso no corpinho da menina;

4- Que o grego dá tusa (ninguém aguentava a noite inteira acordado se não fosse isto);

5- Que temos concorrente à altura, depois desse grande belógue de Rita Ferro Rodrigues. Agora, este. Viva a imbecilidade. Viva o surrealismo. Nunca nos faltará!

Caixa Postal 2

À velhinha caixa do correio deste mesmo Galarza chegou um convite de um Casino do norte, onde, por baixo de uns grandes lábios côr-de-rosa, se podia ler:

«CONVITE

O Casino da Póvoa tem a honra de o convidar para o jantar, dia 22 de Janeiro, pelas 20h30, da antestreia do seu novo espectáculo
Feelings.

Apostando na qualidade ímpar do corpo de bailado e na diversidade musical,
Feelings retrata na perfeição o esplendor habitual dos grandes espectáculos de casino. Este espectáculo transporta-nos para a sensualidade do tango, para os boémios anos 20, para o imaginário das gueixas ou ainda para o erotismo do strip-tease.

Este é um espectáculo de sensações e de brilho, uma hora de divertimento e
glamour que ninguém deve perder.

Na impossibilidade de comparecer no dia acima indicado, fica em aberto este convite para uma data que lhe seja mais oportuna.

Nº de pessoas: 2
Traje: fato escuro

R.S.F.F.
Confirmação de reserva dependente do número de lugares disponíveis
»

Sendo assim, vamos lá...

Caixa Postal 1

Caiu há dias no mail deste Galarza o seguinte manifesto, que tornamos hoje público, em homenagem ao grande Gimba. No subject, apenas o enigmático «Beethoven recupera audição!»:

Gimba: o artista surdo-nu

«Olá!

Serve esta mensagem para avisar todos os (des)interessados para o facto de "o músico anteriormente conhecido por Gimba" ir ser operado na próxima terça-feira - dia 20/01/2004 - à sua hereditária "oto-esclerose" (acumulação esclerótica nos ossículos do ouvido médio, que lhe rouba mais de metade da audição...) e portanto, com alguma nostalgia, e no prazo de duas semanas, deixar de ser o "Beethoven português"...

Graças às técnicas modernas e às "mãos de ouro" do cirurgião António Nobre Leitão - filho do lendário otorroino (laringologista) do mesmo nome -, espera-se que a recuperação seja rápida e que as tonturas motivadas pelo "toque ligeiro" no labirinto do ouvido interno do artista durem o menos tempo tempo possível, para que o paciente possa retornar a "vida normal", vulgo "ó terrim-tim-tim, passear na rua"...

Segundo os planos estabelecidos pelo médico, a débil audição do ex-artista (motivada por uma herança genética e não, como muitas pessoas pensam, "devido à exposição persistente a ambientes de decibelagem titânica, vulgo
rock'n roll life") vai acabar para sempre, dando lugar a uma escuta limpa, clara e pura, que vai causar uma revolução na vida do artista e das sociedades que o rodeiam, contribuindo assim para definitivos e seguros passos rumo à pureza e, portanto, à divulgação da cultura portuguesa!

"No bairro do amor, o sol parece maior".

Até breve!

Gimba
»

Um saravá, ó Gimba, pá! E que os ouvidos te tilintem de júbilo daqui para frente.

O sonho dele XIII

O Sonho de Gil Eanes é que deixassem de lhe pedir peças de teatro.

O sonho dele XII

O sonho de Eanes era não ficar feie.

Nota Interna II

Til faz hoje. Óptimos amanhã. Só órbitas, na verdade. Mas escorre dele nas nossas goelas. Ao Travassos e à meia-de-leite!

Ultimamente...

Ok, tá seguro, daqui fala a Marta!

...tenho passado o tempo a olhar para o 1Bigo.

19.1.04

O xadrez de Homem Basco: 6ª jogada

«A semântica da musicalidade é como ovos mexidos: abre-se cuidadosamente, despeja-se para o lume e mexe-se até ficar corada.»

(Homem Basco, chef d'ouvre)

O xadrez de Homem Basco: 5ª jogada

«A semântica da musicalidade tem reflexos bruscos e urgentes.»

(Homem Basco, gigolo da cultura)

O Sonho dele IX

O Sonho de Colombo era uma imperial a seguir ao ovo

18.1.04

E já vão 20, ó Ary!

«Versos? Paguei-os. Alegria e raiva.»

Nota interna

O gatinho está de volta:

let's all sing together

Senhor Primeiro-Ministro, se não fôr muito incómodo, vá para o raio que o parta mais o seu Governo!

«É mais correcto investir nas capacidades do país para fazer face à competição e à concorrência» in Público.

E investir nas pessoas e nos trabalhadores do Estado? E investir na modernização das empresas do Estado e na qualidade de vida e de trabalho dos seus empregados? E investir nos cidadãos e na melhoria das condições de vida dos portugueses que andam há dois anos sem aumentos e sem emprego? E investir nos serviços públicos e numa educação com pés e cabeça? E investir na fiscalização das empresas em vez de andar a perseguir os pequenos contribuintes? E investir numa economia que faça realmente alguma coisa pelo país em vez de nos obrigar a levar com uma economia que a única coisa que faz é vender o país como se fosse uma meretriz feia e gasta em fim de carreira?

Ah pois, esquecia-me... a culpa é do Governo anterior...

Onde está o Terceiro?

Onde está o Terceiro Galarza? Onde anda o verme Aquilo? Ele já não telefona, já não escreve, já não manda postais, já não convida para ir ao cinema ou às bifanas ao sábado de manhã... Será que trocou os Galarzas pelo Gangue?

Da esquerda para a direita: Terceiro Galarza com o Gangue do Zé (e vice-versa)

Terceiro, we miss you, pá!

O Porta Aviões

Ah! Pensámos que seria melhor para as pessoas...

«Aumentar Salários Seria "Populista", Afirma Durão», título do Público.

17.1.04

O estranho caso do Chico Zé

«Chico Zé! Ó Chico Zé!», gritou uma última vez a Etelvina, a da canção - «a do Godinho, aquele moço que esteve preso no Brasil», lembrava a Etelvina, do alto da autoridade que tal estatuto lhe concedia. Foi a gota de água na aldeia. «Fascista!», gritou o Ti Vicente. «Degenerado», replicou a Dona Maria das Dores. «Parvalhão», desabafou o Manecas. «Segismundo!», gritou a Vó Perpétua pelo seu netinho surdo-mudo, alheia ao estranho caso da rebeldia do seu compadre Chico Zé.

Mas o Chico Zé não respondia. Até o presidente da junta, o respeitável Senhor Presidente, mandou a sua directora-geral e secretária, a Doutora, marcar uma consulta no médico da aldeia (já só deviam faltar 15 dias), suspeitando de um problema agudo de respiração mal distribuída. O João «Zito» do café é que dizia sempre que o Chico Zé não respondia para não incomodar a Etelvina, que passava as manhãs a escrever cartas ao Godinho, para lhe agradecer a canção. Dizia-se na aldeia que a Etelvina até estava a pensar pedir ao Godinho para escrever uma canção para o Chico Zé, para ver se ele respondia.

Mas o Chico Zé não respondia. E os dias foram passando. E os meses, e os anos... E a aldeia foi esquecendo a rebeldia do Chico Zé. O Ti Vicente continuava a jogar dominó com o João «Zito» no café. A Dona Maria das Dores continuva a facer tricô. O Manecas continuava a jogar à bola no pátio da junta de freguesia. O Senhor Presidente continuava a mandar a Doutora fazer-lhe recados na mesa de reuniões. E a Etelvina continuava a escrever cartas ao Godinho. Até ao dia em que se ouviu...

«Segismundo! Ó Segismundo!», gritou a Etelvina, a da canção.

Rai's parta' o passarinho!

Às quatro da madrugada ouvi um passarinho cantar. Coisa estranha, nas ruas de Lisboa antiga, em noite nublada e carregada de chuva, que, a rodos, me impedia o sono. Às quatro da madrugada, ouvi um passarinho cantar cantigas de escárnio e maldizer, coitadito do povo que lhe atormenta as glândulas nasais com a força de mil tormentas. Avé Cícero, louco e bajulado, nas coimas da multidão, que só se separam de vez à noitinha, quando o relógio bate as quatro da madrugada. O cantar do passarinho (devia ser, pois com certeza, cor de laranja) sabia a jactos de mel e a laivos de demagogia barata. Era afinal o cantar rouco de um político demente, para quem a culpa do seu mal cantar era, pois com certeza, do passarinho anterior.

16.1.04

Salve-se quem puder!

O Capitão está de volta... e vem a cantar!

Captain's log... Don't I look so darn good in this suit?

Segundo o Público, o grande Bill Shatner ameaça editar um novo álbum. 44 anos depois de «The Transformed Man», o Capitão «quer ser levado a sério no que toca à música»: recrutou Ben Folds, Henry Rollins e Joe Jackson para lhe darem uma mãozinha e, se não fôr pedir muito, para lhe ensinarem a cantar! E a nós... quem é que nos ensina a levá-lo a sério?

Sneak Preview

Shiuu...!

É hoje. É hoje que se vai ouvir o silêncio na BBC: a mais imponente rádio da Europa vai transmitir a obra-prima de John Cage, «4'33''», de acordo com as instruções do autor. Os The Galarzas, verdadeiros fãs e ídolos de John Cage (que durante anos confundiram com John Cale), vão também fazer 4 minutos e 33 segundos de silêncio para tributar o mestre. E um saravá à BBC por tal ousadia, merecedora de um pagode na galeria galárzica.

Poema de Mestre Nestor Alvito

Família Feliz

Cavalão
monta de ponta
em riste pela calada

Esferofina
mediana hipotenusa
vaca lusa merecida

Bzidróglio
filho de amor indecente
em banco de trás concebido
em pecado recebido
em maleitas tido
tão querido

(in Édito)

Cavalão, Esferofina e Bzidróglio

«Amamenta-me o Bzidróglio, pá!», disse Esferofina ao seu Cavalão, rapaz alado, meio parvo mas bom de testa - servia bem para os cornos de Sua Senhoria. «Vai-te afonso, ó Esferofina!», gritou, de imediato, Cavalão, feito desentendido pelo repasto fervoroso de meias-latas da sua velhaca amada - despachada mas pouco perceptora.

Nada disto se teria passado se Cavalão e Esferofina se tivessem preparado convenientemente para o nascinemto de Bzidróglio, primogénito e obra-prima do casal. É que tudo não passou de uma dor de costas num carro mal estacionado. Vai na volta, vêm-se os meses a eito e... pumbas!... nasce-lhes um gaiato, que nem sequer pediu licença nem foi a referendo.

«Arre pôrra, que se me foram os períodos...», lamentou Esferofina, ao dar a notícia ao seu Cavalão. «Arre puta, que te pões em qualquer um!» contrapôs Cavalão, lamentando os cornos que lhe pesavam na testa larga. Mas lá diz o povo e di-lo bem, cada um tem o que merece na cama que faz para se deitar.

Hoje, Cavalão, Esferofina e Bzidróglio vivem dias felizes, num programa de televisão, sozinhos de costas para a bundona louca que lhes paga a renda, feita num oito vicentino. «Largas vivas», gritam em trio alegremente, dia sim, dia não, às ruas que lhes passam em frente e sorriem para as câmaras municipais.

Mas até hoje, ninguém sabe que é feito de Sua Senhoria e respectivos. Ninguém... ninguém...

Lobo Antunes reescreve Margarida Rebelo Pinto (pré-pubicação)

das sextas feiras que não sabia o que fazer com o aspirador, atirado da loja para a mala do Fiat Uno, com as estradas cheias e tu a mangares que tinhas na sport tv um jogo importante e eu a ver-te mandar mensagens do telemóvel e na quarta feira passada dormi nua e nem notaste porque já não notas nada, já tens a paralaxe errada e a Rita ligou às três da manhã e tu
de boxers
foste atender o telefone e só disseste que o general estava melhor, eram só notícias

por isso, ontem à tarde, saí de casa e no salão perguntaram-me se era barba e cabelo e eu a gracejar com a Odete que traz sempre uma revista onde a filha trabalha, diz que trabalha, e eu a achar-te um canalha, merda, parti a unha, a achar-te um desconchavo, mas a pensar nos meus 43 anos e a saber que já não há ricos que me sustentem

e o general estava melhor, eram só notícias
só notícias
e adormeceste como se fosse normal a puta da Rita telefonar às três da manhã para dizer que o general está melhor, disse-te outra coisa, eu sei, que te amava, que queria foder contigo, mas não penses que não sei que foste no alfa pendular com ela até Aveiro a 3 de dezembro
e o general a sonhar sozinho no São Francisco Xavier, uma overdose qualquer de nitroglicerina que o coração só recebe quadrilhos de sangue, os braços não são veias nem artérias, são calhas, calhas, são leitos de bagaceira que a África lhe trouxe

Lembras-te da Guiné? O teu pai a dar-me a mão, a dar-te a minha mão, e tu escanhoado, agora a atenderes a putéfia da Rita e eu ali, em Bissau, apaixonada, tínhamos dois criados pretos que ainda estão vivos e a...

O Sonho dele III

O sonho do Marques de Pombal era ser de Coimbra B

15.1.04

Gatão!

Os The Galarzas já escolheram o teledisco do ano: pertence aos White Stripes e está aqui. Ah, o kitsch...!

Pr'ás Sílvias que encontrei na vida

Singelo SMS enviado a um colega de um dos The Galarzas e por esse colega relatado ao mesmo Galarza:

«Sílvia, a caixa boazona, vai ficar toda excitada e vai-te mostrar as mamas quando passar a linguiça pelo laser.»

Patrícia, a primeira cantor transexual

Impressionados bela beleza atípica desta cançonetista, The Galarzas revelam um pouco mais sobre a notícia do semanário o Crime:

«Patrícia, que já foi Nuno dos "Onda Choc" e depois Ricky, vai lançar o seu novo CD na gala dos "Reis da Canção"».

E ainda, citando a primeira cantor portuguesa: «Faço espectáculos de transformismo em discotecas e bares. Mas sempre contei com o apoio e ajuda financeira da minha avó».

Matinais II

Desse jornal a que ninguém liga, mas devia, a manchete:

As Maminhas de Pedroso, manchete de o Crime.

E acrescenta: «Características femininas, entre as quais hipertrofia das glândulas mamárias e pilosidade reduzida, mas não há relação causa-efeito entre o aspecto ginóide do deputado e a sua orientação sexual».

Nota galárzica - Ginóide: gordurinha incómoda.

No suplemento o Crime Magazine:

«Patrícia, o primeiro cantor que mudou de sexo: "Sempre sonhei ser mulher"».

O Sonho dele I

O sonho de Bach era dar uma na ferradura.

14.1.04

Para a Amadora, por favor?

Matinais

Diálogo na TVI:

Repórter - Então o que é que a senhora faz?
Senhora - Sou estomatologista.
Repórter - Ah! Deve ser horrível ver o estêmago das pessoas todos os dias.


Frase eufemistica sobre um chefe:

«Tenho um recado daquela pessoa pouco inteligente que decidiu hoje abrilhantar-nos o dia com a sua presença.»

O nome dele é Skylab, Rogério Skylab

Lavamos daqui as nossas mãos: faltava nesta beluga uma referência ao mais poiético cantautor brasileiro, o inesgotável Rogério Skylab. Não mais! Saravá! Viva Skylab! Viva a moto-serra de Skylab:

Cuidado com a Moto-Serra de Rogério Skylab

Tinha 25 anos de amores e sonhos,
Você era pra mim o meu drops de anis, alecrim,
Era meu rabo de saia,
minha doce amada, linda, linda,
era tudo que eu queria, rosa e jasmim.
Mas o tempo foi passando,
o tempo é louco, o tempo é todo tempo,
o tempo come o tempo, chegamos ao fim.
Te vi nos braços de um outro,
revirei na cama, passei a noite em claro,
mas no fim das contas, eu descobri:
Moto-serra, moto-serra,
Era a peça que faltava
no meu quarto de dormir,
Moto-serra, moto-serra,
Hoje entendo porque tu olhavas
tanto pro jardim.

Fui serrando os seus pezinhos
que eram para mim a coisa mais bonita
que eu nunca esqueci, prossegui.
Serrei suas duas mãos que eram diamantes
E quando rezavam
pareciam conchas de marfim.
Serrei suas duas pernas,
os seus dois bracinhos,
Você ficou sendo a Vênus de Millus do meu jardim.
Te serrei por dentro e fora,
te serrei no meio,
Restou um toquinho que eu serrei também,
Serrei feliz.
Moto-serra, moto-serra,
Os pedaços manchados de sangue
plantei no jardim,
Moto-serra, moto-serra,
Germinaram daqueles pedaços
rosas e jasmins.

(in «Skylab», de Rogério Skylab)

13.1.04

Problema 2

Notícia: Monica Bellucci joins Terry Gilliam's «BROTHERS GRIMM».
Previsão: Terry Gilliam never finishes the film.
Conclusão: Monica Bellucci moves on to Mel Gibson's «PASSION» as Virgin Mary.

Problema

Citação de Raúl Solnado: «Quando nasci e ouvi falar português disse: estou lixado!» in 24horas.

Boa notícia 2

Ele já chegou:

Songs in the Key of Z: The Curious Universe of Outsider Music

algumas das piores canções de sempre, redescobertas por Irwin Chusid, num dos melhores livros dos últimos tempos.

Boa notícia 1

Ele está de volta:

depois dos Python, Palin fez a travessia do deserto

Michael Palin esta noite na 2:, com o seu passeio pelo Sahara.

Efeito P.D.I.

Hoje os Xutos & Pontapés fazem 25 anos. Este ano, alguns dos The Galarzas atingem a barreira psico-ilógica dos 30 anos. Raisparta mais à Puta Da Idade!

Pós Escrito: mas apesar disso, siga lá daqui um valente saravá de parabenização aos moços que se estrearam em palco a 13 de Janeiro de 1979, nos Alunos de Apolo, e que, durante uns anitos, ainda ensaiaram numa garagam ao pé d'A Minha Casinha, nos Olivais...

O Senhor dos DVDs

Este Galarza já tem...

Sim, é a edição especialíssima de O Senhor dos Anéis: As Duas Torres, com Sméagol incluído!.

Às vezes...

...descobrem-se os mais singelos prazeres nos lugares mais recônditos:

Mad World

All around me are familiar faces
Worn out places – worn out faces
Bright and early for their daily races
Going nowhere – going nowhere
Their tears are filling up their glasses
No expression – no expression
Hide my head I want to drown my sorrow
No tomorrow – no tomorrow

And I find it kinda funny, I find it kinda sad
The dreams in which I'm dying are the best I've ever had
I find it hard to tell you, I find it hard to take
When people run in circles its a very very
Mad world mad world

Children waiting for the day they feel good
Happy birthday – happy birthday
Made to feel the way that every child should
Sit and listen – sit and listen
Went to school and I was very nervous
No one knew me – no one new me
Hello teacher tell me what's my lesson
Look right through me – look right through me

And I find it kinda funny, I find it kinda sad
The dreams in which I'm dying are the best I've ever had
I find it hard to tell you, I find it hard to take
When people run in circles its a very very
Mad world… world
Enlarge your world
Mad world

(original dos Tears For Fears, revisto e aumentado por Gary Jules e Michael Andrews para a banda-sonora de Donnie Darko - o melhor filme de 2002 - e agora incluído à força no muito banal novo álbum de Gary Jules)

12.1.04

(rir)

Até no blogoplano (porque ainda ninguém circumnavegou este espaço) andam às turras. Agora, uns loucos criaram a «Organização Interblogacional Contra o Perigo Totalitário Marxista na Blogosfera».

Rock In Rio

Amarga Amarela Atingível

Amarga Amarela Atingível

António,
antes a amora
a altivez
a alimária

antes a abertura
a acácia
a amêndoa

antes a avaria
a apasmafórica
alegria.

Antes a atingível
Agustina?

antes
arrotar!

de Eustáquio Pinho, Camões Retorce-se Todo, Turiaçú, 1992

Sempre que o amor me quiser

Os senhores do cabo avisam que o sinal está fraco e por isso não há inter nete. Vão lá terça-feira. Aos leitores, o aviso do costume: se conduzir não, beba!

10.1.04

What's up, doc?

Como é que ainda ninguém se tinha lembrado disto: um reality show do tipo Big Brother Famosos só com estrelas animadas? Pois os The Galarzas souberam de fontes bem seguras que vem aí «Drawn Together» - o primeiro «reality show animado» (mais que o último Big fiasco Brother?), criado pela malta dos Simpsons para a Comedy Central.

Os moradores vão ser: Captain Hero (a not so moral do-gooder reminiscent of the Saturday morning TV superheroes of the ‘70s); Clara (a 20-year-old sweet and naive fairytale princess), Toot (a black-and-white pudgy heartthrob from the ‘20s), Foxxy Love (a sexy mystery solving musician), Spanky Ham (a foul-mouthed internet download pig), Ling-Ling (an adorable Asian trading card cubby creature), Wooldoor-Sockbat (a wacky Saturday morning whatchamacallit) e Xandir (a strong young adventurer, similar to the great videogame warriors).

Por nós, gostaríamos de ver um Big Brother com o Durão, o Ferro, o Santana, o Manel Maria, o Souto Moura, o Rui Teixeira, o Carlos Cruz, o Bibi e o Pipi... Mas enquanto esse não chega...

Estão todos convidados!


9.1.04

Velhos do Restelo são os pastéis!

Ora aqui está o que é: um verdadeiro velho blog do Restelo!

PS: Mais uma vez, os The Galarzas se sentem na obrigação de recordar que não têm qualquer côr clubística. Mas o Belém não é um clube - é uma instituição que se come com açúcar e canela!

ÚLTIMA HORA!

GEORGE W. BUSH NÃO É UM FANTOCHE! É um «Action Man»:


Bush: para Marte, já!

O Jorginho Bucha quer mandar os americanos para a Lua e para a Marte a passo de corrida! Mas, perguntamos nós, ingénuos The Galarzas: não poderá ser ele o primeiro e dar o exemplo à Nação?

8.1.04

Ó João, que pedra de pais!

Dos lados do Gang, recebemos a seguinte Carta Aberta (eloquentemente intitulada «jonh peter parents é, sem sombra de duvida, um poeta injustiçado. para quando a internacionalização deste lutador de wrestling português? qual taborda, qual quê!»), que reproduzimos na íntegra. A vossa atenção, por favor:

«João Pedro Pais é, para alguns, o melhor músico da sua geração. Para outros é o "Robbie Williams português". Para mim é um dicionário de rimas ambulante. Um dicionário de sinónimos Porto Editora, uma Enciclopédia e o CD "Falar por Sinais" são o necessário para uma tarde bem passada a fazer Palavras-Cruzadas.

Mas não nos fiquemos só pelo riso sufocado enquanto desligamos rapidamente a RFM. Numa primeira tentativa de encontrar o real significado de cada verso por detrás do elevado estado alcoolizado do autor, tenho o prazer de apresentar uma análise cuidada do hit "Um Resto de Tudo".

Um Resto De Tudo

Desce pela avenida a lua nua
(Estou a descer uma avenida à noite)
Divagando à sorte, dormita nas ruas
(Estou desorientado e com sono. Ao usar "ruas" em vez de "avenidas" já consigo quase rimar com "lua nua")
Faz-se de esquecida, a minha e tua
(Não sei o que acabei de escrever mas pelo menos "tua" também rima com "lua nua")
Deixando um rasto, que nos apazigua
(Lua, nua, ruas, tua, apazigua. Boa! Vem aí o refrão.)

Refrão:
Sou um ser que odeias mas que gostas de amar
(Uma contradição fica sempre bem)
Como um barco perdido à deriva no mar
(Grandiosa comparação: "Um ser que odeias mas gostas de amar como um barco perdido à deriva no mar". As outras hipóteses eram "como um pássaro ferido a tentar voar" e "como um bife vendido, num talho do Lumiar")

A vida que levas de novo outra vez
("De novo outra vez", espero que seja suficiente para passar a ideia de repetição)
O mundo que gira sempre a teus pés
(A Terra gira sobre si própria. É um facto. Já Copérnico o afirmava, mas nunca foi Disco de Platina)

Sou a palavra amiga que gostas de ouvir
(Tu e mais 120 mil que compraram a merda do cd)
A sombra esquecida que te viu partir
(Pá, fica mesmo giro isto de meter sempre um adjectivo estranho à frente dos nomes: palavra amiga, sombra esquecida, noite vadia...)

A noite vadia que queres conhecer
(Abordagem a problemas sociais como a vadiagem e a prostituição)
Sou mais um dos homens que te nega e dá prazer
(Mais uma contradição, estou imparável!)

A voz da tua alma que te faz levitar
(Um certo exotismo oriental)
O átrio da escada para tu te sentares
(Não rima muito bem com levitar, damn it!)
Sou as cartas rasgadas que tu não lês
(Não entendo pá, será que ela não gosta dos meus poemas?)
A tua verdade, mostrando quem és
(O que é a Verdade? Quem somos? Para onde vamos?)

Entra pela vitrina surrealista
(Eu optava pela porta, mas isso sou eu)
Faz malabarismo a ilusionista
(Ou "faz contorcionismo a trapezista")
Ilumina o céu que nos devora
(Estou completamente pedrado)
Já se sente o frio, está na hora de irmos embora
(Devora, hora, embora...)

Sou um ser que odeias mas que gostas de amar
Como um barco perdido à deriva no mar...
(gostava mais do bife no talho do Lumiar, mas o que fazer...)»

(assinatura do Primace ilegível)

O xadrez de Homem Basco: 4ª jogada

«A semântica da musicalidade não é musical nem significante. É pitagórica.»

(Homem Basco, saltimbanco funestado)

O xadrez de Homem Basco: 3ª jogada

«A semântica da musicalidade não cheira a mofo: cheira a folhas caídas no Outono.»

(Homem Basco, poeta ambulante)

Poema de Mestre Nestor Alvito

Ui

Foi uma triste artimanha
A que me fez sonhar com Espanha
Tudo se deve a uma lasanha
Que comi um dia em Espanha

Foi uma antiga façanha
A que me fez voltar a Espanha
A noite já estava estranha
Desde que o Rei chegou a Espanha

Foi forte a dor da piranha
Que me mordeu ainda em Espanha
Mais forte que a fresca picanha
Que ceei dessa vez em Espanha

Mas a proeza tamanha
Que conto, já vem de Espanha
Foi uma triste campanha
Contra a amada tacanha
Que um dia deixei em Espanha

(in Travessa do Ferragial, edição de autor, 1979)

E você?

Já viu Jesus hoje?


E você?

Já brincou com Jesus hoje?


E você?

Já encontrou Jesus hoje?


E você?

Já abraçou Jesus hoje?


7.1.04

Tertúlia de Reis

Ontem, noite de Reis, reuniram-se os The Galarzas em tertúlia, no sítio do costume. A dita correu benzinho: comeram-se pizzas, pão de ló e salame... bebeu-se whisky e chá... fumaram-se cigarros de mentol... ouviu-se Andrés Calamaro, Júlio Miguel, Paulo de Carvalho e Bach... realizou-se um teledisco de Carlos Bastos à lá Tommy Scott... viveu-se a 2: em corpo e alma... contaram-se estórias e a história dos Galarzas... descobriu-se que a distância entre Braga e Lisboa é de seis dias...

Enfim, foi mais uma tertúlia dos The Galarzas. Por essa razão é que este belóguer tem estado hoje em versão relax...

ADENDA:
Eis a única foto conhecida da última tertúlia dos The Galarzas. Uma foto que se julgava desaparecida, mas que foi agora reencontrada, circulando alegremente pela net (atente-se como tão facilmente se descobre qual dos convivas não é um Galarza mas um convidado do 1º Esq.):


6.1.04

Ponto G

Esta tarde, alguém me passou um endereço de e-mail sui generis suíno geris», como dizia o grande Chefe Silva). Qualquer coisa como: carolina.g@netqualquercoisa.pt (o nome próprio foi alterado para manter a privacidade do sujeito)! Repito: carolina PONTO GÊ arroba net qualquer coisa ponto pêtê...

Portanto, caros machos do meu país, se um dia andarem perdidos e quiserem saber onde ele fica, mandem-lhe um mail...

Decisão superior

A sacanice da notícia à última da hora, a vinha e a camisa onda Seattle.

Arrancou a A2

Aqui fica a imagem que marca o arranque do canal do PSD, que substituiu a antiga RTP2:


Quem é?
Cem paus a quem acertar,
só a olhar para este sicrano.

Ainda têm os óculos RTP do Monstro da Lagoa Negra?

Se sim, ide, ide buscar. Depois, clicai ali onde diz 3D e olhai os líricos do campo...

Três Dê

Se não, perguntai nos empregos, nas escolas, nas paróquias, o que eram os óculos e como se podem arranjar.

Intimidade

Ele e o cão gostavam da nudez. Então, antes de o sodomizar, tirou-lhe a coleira.

The Galarzas apanhados no controlo anti-doping da política

Revista de Imprensa

Gosto de ler jornais pela manhã. Claro que cada vez há menos para ler, o que me leva a olhar de outra forma para os textos mais pequenos, as curtas croniquetas regulares que dizem por escrito aquilo que eu penso. Hoje, mais uma vez, um jornal cá da terra me levou, por três vezes, a dizer «é isso mesmo, pá!» ou «tu 'tás lá, pá!» ou «ó pá, este gajo tem olho, pá!».

Refiro-me a dois espaços do DN: a coluna diária «Notícias da TV» (onde um jornalista da casa comenta os principais telejornais da noite anterior) e a coluna semanal «Kalkitos» (integrada na página de opinião das terças-feiras, a «Geração de 70», onde três infames colunistas dissertam sobre a vida, o amor e, às vezes, as vacas).

Sugiro uma deitadela regular de olhos a estes espaços, curtos, breves e, por isso, extremamente eloquentes.

Como é o caso das 17 linhas onde se avisa que «quem tem dívidas ao fisco pode ser penhorado (...) e quem não tem dívidas também» (culpa da desinformatização do Estado)... ou das outras tantas onde um senhor doutor de bata branca comenta que alguns adeptos sportinguistas foram hospitalizados depois de terem sido «esfaqueados, mas muito bem esfaqueados, passe a palavra» e que um deles terá mesmo estado «mais para o lado de lá do que para o lado de cá» (já não se percebia o que os médicos escrevem, agora também ninguém percebe o que eles dizem)...

Umas linhas mais à frente, o nosso já citado JMT volta à carga. Diz ele, num primeiro «kalkito», a propósito do Benfica-Sporting: «no futebol, como no país, confunde-se a inteligência com a esperteza mais reles». Mais abaixo, repete a gracinha, noutro «kalkito», agora sobre o escândalo Pio e as já habituais violações do segredo de justiça (repararam que escrevi o S e J em letras pequenas?) que «parecem querer transformar em pedófilos todas as pessoas que aparecem na televisão»: «nunca Portugal foi tão transparente. Antes, cheirava um bocado mal. Agora, pelo menos, a lixeira está a céu aberto».

Gosto mesmo de ler jornais pela manhã.

5.1.04

Tempo de Antena (encore)

Comentário ouvido da janela: «o tempo de antena do PSD?! O TEMPO DE ANTENA DO PSD?! O TEMPO DE ANTENA?!»

Outro comentário ouvido da janela: «é bonito! Realmente, é bonito o senhor usar o tempo de antena do PSD...»

Será porque o dito senhor prefere ocupar os noticiários a dar outras notícias - as dos aumentos? as das perseguições aos contribuintes? as dos despedimentos? as da crise? Ou será porque o senhor acha que, se não for assim, ninguém lhe liga?

Como diz o povo: arre, porra, bardamerda, chiça!

Tempo de Antena

Uma noite em cheio. O Presidente da República falou à Nação. O Primeiro Ministro falou à Nação. O Presidente da República marcou a hora e chamou a comunicação social. O Primeiro Ministro usou o tempo de antena do PSD.

Facto: foi o Dr. Jorge Sampaio, Presidente da República, que falou à Nação.

Dúvida: foi o Dr. Durão Barroso, Primeiro Ministro, ou o Dr. Durão Barroso, Presidente do PSD, que falou à Nação?

Para bom entendedor...

شايد اصلا درست نباشه كه بعد از يه جروبحث با مامانه، بياي بشيني وبلاگ
بنويسي ولي چيزي كه جلب توجه مي‌كنه، اينه‌كه دست راستم گرمه و دست
چپم، به غايت سرد.

...Basta? A tradução não está aqui.

Poema de Mestre Nestor Alvito

Chinfrim de Meia-Lua

Aponte-se o dedo que é feio
lixar a vida a contragosto
Nem desta vez me alivio
dos meus estômagos áridos
Sobra a pobreza latente
de uma rica retaguarda
prostrada em posters de vidro
num noite cabisbaixa.

Arre vilarejo solarengo
Arrebita aldeia campina
Hoje sabem a vesgos
papagaios de lamparina.

(in Édito)

Simbioticamente falando

Soltem-se as amarras, camaradas. Hoje é dia de blogar! Pois blogue-se por aqui, porque quem posta uma posta, acrescenta-lhe uma bosta, ou uma saliência verbal, de preferência em tons moderados de azul a cartel.

Beba-se também ao facto de não haver mais carros agora do que havia há três segundos atrás. Pelo menos no meu bairro - comprado ontem, em plena segunda mão. Foi um anão cabisbaixo que me vendeu a Lua e me inscreveu na Sociedade Portuguesa de Histerismo.

Gostei. Mas amanhã, quero isso lavado!

4.1.04

E no fim o Prognóstico já era...

Há cerca de nove horas, os The Galarzas - ao contrário do que fazem os comentadores da bola profissionais - lançaram uma série de prognósticos sobre o dérbi lisboeta entre os simpáticos grupos desportivos dos bairros da Luz e do Lumiar. E surpreendentemente, os nosso prognósticos revelaram-se inteiramente certos:

- Iniciaram o jogo 11 jogadores de cada clube, embora só tenham terminado 10 para cada lado.

- Não houve prolongamento nem golo de prata (embora o último golo dos Lumiarenses, de penalti, tenha tido sabor a golo de ouro).

- Foram consumidos hamburgueres, pizzas e outros produtos alimentícios das marcas pagantes.

- O jogo terminou (embora os comentários ameacem prolongar-se por toda a semana).

- Houve, há e continuará a haver (durante toda a semana) queixas, por parte de dirigentes, dos comentadores da televisão e da rádio, dos jornalistas dos jornais desportivos e dos adeptos, sobre a arbitragem do Senhor Proença - houve mesmo quem, no final da jogatina, pusesse em causa as virtudes morais da senhora sua mãe, a Dona Proença, que, coitada, nada teve a ver com isto.

- Houve quem ficasse satisfeito com o resultado cá no prédio.

The Galarzas na tenretnI?

Não vale a pena procurar mais... Estamos iuqa!

Andamos desconfiados que (II)

...o Caso Casa Pia é uma Caca Fonia.

Sem homens verdes


3.1.04

Novel blogue de elevada qualidade

Grande peça de jornalismo

O texto a seguir foi redigido pela Agência Lusa. Sem querer usurpar direitos, The Galarzas consideram que seria um grave erro privar os nossos dois leitores (o terceiro folga ao fim-de-semana) desta que é, talvez, das melhores peças sobre futebol. Aqui vai ela (os negritos são nossos):

«O desafio de futebol disputado hoje, em Bissau, entre o Flamengo de Pefine e "Os Balantas" de Mansoa, referente a segunda jornada do campeonato da primeira divisão da Guiné-Bissau, terminou empatado a uma bola.

A partida disputada no estádio "Lino Correia", em Bissau, foi pobre em espectáculo, ao contrário da expectativa que a rodeou, mas contou com uma assistência de cerca de duas mil pessoas, entre as quais o ex-secretário de Estado da Juventude, Cultura e Desportos, Isidoro Afonso Rodrigues "Nuno Grilo".

"Os Balantas" de Mansoa, equipa do interior norte da Guiné-Bissau e filial do Clube Futebol "Os Belenenses" de Portugal, foi a primeira a marcar aos 14 minutos da etapa complementar, já que os primeiros 45 minutos terminaram com um nulo.

O médio Quedelé Keia foi o marcador do golo da equipa de Mansoa, num pontapé de canto em directo.

O Flamengo de Pefine, formação representativa do bairro do mesmo nome situado nos subúrbios da capital guineense, reagiu e perto do final da partida empatou por intermédio do seu avançado Tatna, numa "confusão" na pequena área de Mansoa.

Outra partida também disputada hoje, mas desta feita no estádio nacional "24 de Setembro", em Bissau, ditou a vitória do Sporting de Bissau diante do Estrela Negra de Bissau por uma bola a zero.

O desafio Sporting Clube de Bafatá - Tubarões de Bubaque, das ilhas Bijagós, não se realizou devido a falta de comparência dos ilhéus.

Na cidade de Bula, também do interior norte da Guiné-Bissau, a equipa local, o Bula Futebol Clube empatou a zero bolas com o seu "rival" e vizinho Futebol Clube de Canchungo.

A ronda número dois do campeonato de futebol da primeira divisão da Guiné-Bissau será encerrada domingo quando forem realizadas as partidas Benfica de Bissau - União Desportiva Internacional de Bissau (UDIB), no estádio "Lino Correia", e Mavegro Futebol Clube - Atlético Clube de Bissorã, no estádio "24 de Setembro", ambos em Bissau.»

É ou não é lindo?

Andamos desconfiados que (I)

Tal como na saúde, o Sistema Solar passará a ter Planetas S.A.

Depois do Senhor dos Anéis...

...Peter Jackson prepara-se para filmar

- «O Óbito», uma prequela;
- «Sim, Marillion», colecção de videoclips.

Poema de Mestre Nestor Alvito

Mas… todonte?

elefantes
são os sírios do campo
que mandam as ovelhas
pastar nas neblinas

são os maços de filtro
que rompem por entre as louças
e penduram as orelhas
em canivetes de luxo

são os carros de gema
sobre o sol da meia de leite
que lançam as gosmas
na lanzeira da rocha

são as mesmas vitrines
cansadas e malhas
de tretas ilesas
e podres coitadas

(in Fêmeas de Todas as Cores, Edição do Missionário, 1973)

Ah pois...

Hoje ainda não saí à rua. Se calhar por isso é que ainda não vi nenhum elefante cor~de~rosa...

Garrafeira 1974

Hoje

O tojo foi de gravata
O nojo de cavalaria
De rojo o povo
Ocupa mata
Sorve o polvo
Serve em duplo
Gole de salvação
Erotiza o cravo
Fecunda-o
Macera-o
Osma idílicas palavras

Hoje
Memórias
São facas
Abrem sulcos
E sangram quarenta anos
Venais,

Nunca
Veniais

de Eustáquio Pinho, Moradias e Morameses, Líbano, 1991

2.1.04

2004: a realidade

Primeiro dia de trabalho do ano. Leio o jornal: diz que foi tudo passar o reveillon para o Brasil... Vejo a têvê: está tudo na neve a curtir a passagem de ano... Ouço a telefonia: parece que foi tudo passar a quadra para o estrangeiro (ou para o Algarve, que nesta contas vai dar ao mesmo)... Vejo os comentadores de serviço: a ponte vingou, Lisboa fechou, o país parou...

Mas olhando aqui para os Galarzas, parece que o Portugal do jornal, da têvê e da telefonia não é o nosso Portugal: os Galarzas passaram o ano em Lisboa (um deles a trabalhar); a minha família toda passou o ano em casa (tirando um primo, que também passou o ano a trabalhar); os meus amigos passaram o ano em casa uns dos outros (um deles, lá está, passou também o ano a trabalhar naquela casa fechada da televisão); os meus vizinhos passaram o ano em casa (aliás, acho que toda a gente na minha rua passou o ano em casa); as pessoas com quem me cruzei hoje no trabalho passaram o ano em casa ou com a família...

Mas que Portugal é esse dos jornais, das têvês, das telefonias (esse Portugal dos pequeninos que se tomam por grandes e que ocupam os jornais, a têvê e a telefonia que assumem a partezinha pelo todo)? Ou será que estou noutro país?

Pergunta Pertinente

Porque é que as gajas das revistas femininas são sempre mais boas que as das revistas masculinas?

1.1.04

Poema de Nuno Alhazred Middenheim

Cine Paraíso

sempre foste uma puta
prostituto de letras públicas
odeio-te pelo teu séquito e pelo teu reino

constróis a tua vida como um filme,
cheio de actores que se curvam à tua visão
e que te rodeiam e te apaparicam o ego

sem palavras, sem sons, a preto e branco:
uma cópia já gasta de outras vidas

fartei-me e limpei a sombra do meu melhor amigo,
tornei-me no que não quero ser

  volto-me para o espelho
     com o garfo na boca
        como a podridão
             e engulo

Nuno Alhazred Middenheim, in «Unaussprechlichen Kulten», Editora Anda Cá Que Já Te Conto, Celorico da Beira, 1912

Escândalo CASA PIA: Última Hora

Os The Galarzas, sempre atentos e bem informados, conseguiram estar no momento certo à hora certa. Foi um trabalho duro mas, como mais ninguém o queria fazer, conseguimos nós, em primeira mão e num exclusivo nacional para todo o país, a surpreendente revelação sobre o escândalo Casa Pia que agora, enfim, revelamos.

Ainda antes de se conhecer o teor das cartas anónimas do JN, já os The Galarzas estavam na posse de uma gravação inédita, na qual se ouvem as últimas palavras proferidas em 2003 pelo procurador João Guerra. São essas palavras que passamos agora a transcrever:

- «Nove. Oito. Sete. Seis. Cinco. Quatro. Três. Dois. Um...»

É pois verdadeiramente, como disse Sua Excelência Sampaio, um «momento de viragem»!

Não podia o ano arrancar sem...

um poema de Mestre Nestor Alvito:

Fadas Negras

Russos folclores de cordas atadas
Ao pescoço de doces virgem aladas
Morrem na noite de horas passadas
Na vibração de terras terramoteadas

Esta é a hora de vidas mudadas
Em torno de tornos, torneiras pingadas
E olhos que vêem belas fisgadas
Para as tornar donzelas castradas

Carnes humanas, carnes esventradas
Nas ruas de cidades mal alcatroadas
Armas escondidas mas pouco caladas
Revelam a morte à sombra das fadas

(in Versos em Forma de Versos, Edições Jesus Em Teu Ventre, 1974)

Lisboa 2004

Lixo nas ruas, lixo nos passeios, lixo nos largos, lixo nas fontes, lixo, lixo, lixo... E tudo fechado! Viva Lisboa 2004. Viva tudo na mesma!

(Adenda
Depois de um ano de crise, a imagem parece a mais apropriada: 2004 começa de portas fechadas e rodeado de lixo...)

O Comité Lateral adverte que, apesar de ser Janeiro:

- Ainda ontem era Dezembro.
- Durão mantém-se.
- A «casa» dos trinta não permite noitadas.
- O Euro não pode ser trocado por miúdos, mas não há certeza que não tenha acontecido.
- O ano está em branco, dada a ausência de Zandinga em parte limbosa.
- Michel Vaillant não particípa, este ano, no Dakar.
- Tentará evitar que os The Galarzas não aumentem de peso, pois seria lamentável que numa travagem a 50km/h, um só galarza, sem cinto, pesasse, inerte, as referidas 30 toneladas.
- O Natal é quando um homem quiser e, por decisão do Comité Lateral, está marcada nova noite de consoada para 21 de Janeiro.

Com considerass, conçiderass, conssidraç, com cumprimentos,

Óptimus Galarza, SG

Feliz Ano Novo

Este ano recebi pelo Natal um livro de auto-ajuda.

Não sei porque é que os meus amigos acham que eu preciso de livros de auto-ajuda.

Mas a minha resolução de Ano Novo (todos devíamos ter pelo menos uma) é ler esse livro, algures em 2012.

Terceiro Galarza deseja um Feliz Ano Novo a todos os Galarzas, pseudo-Galarzas, anti-Galarzas, leitores-dos-Galarzas, fans-dos-Galarzas, imitadores-dos-Galarzas, e amigos.

E se não tivesse ressacado teria certamente escrito algo com piada.