30.11.03

O meu Sonho .82

O meu Sonho é chegar aos .100.

Poema de Annaes do Reino (poesia sanitaria, parte III: o regresso)

Quadro das doenças que podem ser causa de morte (1º excerto)

1ª Classe
Doenças Gerais

Febre typhoide.
Typho petechial.
Meningite cerebro-spinal epidemica.
Febre remittente.
Febre intermitente.
Cachexia paludosa.
Cholera morbus.
Febre amarella.
Sarampo.
Escarlatina.
Bexigas.
Tosse convulsa.
Infecção purulenta.
Infecção purulenta depois de operação.
Infecção putrida.
Diphteria.
Diphteria depois de operação.
Tuberculose.
Tumores fibro-plasticos.
Tumores fibro-plasticos depois de operação.
Cancro.
Cancro depois de operação.
Syphilis.
Escrophulas.
Rheumatismo muscular.
.................. articular.
Gota.
Diabetes insipida.
............ glicosurica.
Carbunculo.
Pustula maligna.
Pustula maligna depois de operação.
Raiva.
Mormo.
Mordedura de reptis ou de insectos venenosos.
Alcoolismo.
Intoxicação profissional.
Anemia.
Leucocythemia.
Escorbuto de mar.
............. de terra.
Hemophilia.
Doença de Addisson.
Outras doenças.

(continua)

Annaes de Saude Publica do Reino foi um dos mais brilhantes poetas portugueses, embora só recentemente a nação, via The Galarzas, tenha descoberto a sua verdadeira aura poética. Este poema pode ser encontrado na sua antologia «Legislaçao Sanitaria», editada em 1901.

Minutos de Sabedoria: o regresso

«É com a nossa alma transbordante de satisfação» que damos graças pelo fabuloso regresso a este belógue dos «Minutos de Sabedoria», de C. Torres Pastorino - três meses passados desde a sua introdução ao blogoverso nacional. Saravá e aleluia, rejubilem connosco:

«279

Procure viver mais sua vida interior.

A agitação da vida não deve atingir nosso eu verdadeiro, nossa alma.

Não deve fazer esquecer a coisa mais importante.

A Centelha Divina é que é nosso eu real, do qual nosso corpo é apenas um reflexo.

Portanto. procure viver mais intensamente sua vida interior, a vida do seu eu verdadeiro, de sua alma.
»

(PS: Em breve, os The Galarzas irão promover uma série de colóquios, debates, conferências e mesas-redondas sobre a imensa obra de Carlos Torres Pastorino, onde, além de um estudo aprofundado dos «Minutos de Sabedoria», se analisarão outras obras fundamentais do Professor: o clássico há muito perdido «Sugestões Oportunas e o eloquente e consagrado «Sabedoria do Evangelho». Atentem.)

29.11.03

Dois galarzas. Um cão. A GNR.

Depois de noite costumeira, onde se desdisse o poder, se provou Dão e se acabou com um velho maço de cigarros, um dos The Galarzas achou demasiada a mistura de víveres ingeridos nesse dia. O mal ataca-lhe a barrica, como se costuma dizer, e vai de evacuar.

Outro dos The Galarzas compromete-se então à também costumeira tarefa da boleia, dado que entre os dois evacuares, aquele The Galarza dizia a este que pouco aguentaria. Mas, qual agoiro, lança no princípio da viagem:

- O que faltava agora era um «Ó sô guarda, deixe-nos lá ir embora, que o meu amigo tem que defecar».

Eram 03h02.

Às 03h07, algures na EN10, o agoiro é virtude. De braço estendido, alto, verde, adejante, Guarda com laterna vermelha manda encostar.

- Boa noite senhor agente, adianta-se um The Galarza, não vá a autoridade tecê-las.
- Boa noite senhor condutor, responde a autoridade, dando dois sinais inequívocos:

1. reconhece a hora do dia;
2. reconhece o género da pessoa humana com quem dialoga.

Foi pedido o habitual, mas o diálogo dentro da viatura estabeleceu-se inter-galarzas, sem que o Guarda pudesse mais do que ver documentação. Nesse diálogo descobriu-se que:

1. Já não havia tabaco, embora três maços ornamentassem o tablier;
2. Um disco de Andrés Calamaro, dado como perdido, reapareceu;
3. O esfincter dava sinais de urgência;
4. As carteiras das lojas dos 300 escondem os documentos.

O diálogo final foi, aliás, a cereja:

- O senhor já bebeu alguma coisa hoje?

Aqui, o The Galarza condutor confunde-se. Hoje, como? Hoje, desde as 00h00? Hoje, desde que acordou ou hoje desde que o Guarda acordou?

Decide-se por uma vil mentira:

- Um copo de vinho, ao jantar.

O cão galárzico, figura sobre a qual um dia nos debruçaremos, continuava a ladrar furioso ao homem autoritário, que respondia «Calma, ninguém te faz mal». Este tratamento por tu ao cão galárzico deveria ser revisto, mas havia que decidir entre a discussão e a fuga. Estava em causa:

1. A ausência da Tena Lady para o The Galarza de intestino preenchido e em vias de explosão;
2. Ser detectado que o copo de vinho era daqueles de meio litro;
3. Não haver tabaco.

Partimos. Mas que sirva de exemplo: não agoireis, pois no dobrar a esquina pode estar o que vaticinasteis.

28.11.03

Poema em hã? de Mestre Nestor Alvito

Quem foi que disse hã?
Foi a nobre aldeã
ou a grandiosa anã?
Foi a cansada artesã
ou a sua viúva irmã?

Quem foi que disse hã?
Foi o gentil que num afã
se esqueceu da anciã?
Ou a triste cristã
que, deitada num divã,
se lembrava de um galã
de que ainda hoje era fã?

Quem foi que disse hã?
A ovelha que perdeu a lã
ou o pastor que ganhou a manhã?

Quem foi que disse hã?
Foi o papá ou a mamã?
Ou a minhoca na maçã?

(in Salada de Brutas, edição de autor, 1977)

Comunicado Galárzico

Por sugestan de uma leitora, toda e qualquer palavra que termine em «ão» deverá ter a sua terminaçan substituida por «an».

O objectivo desta substituiçan é, segundo a leitora, «ladrar menos e comunicar mais».

Assim, e apenas a título de exemplo, as palavras seguintes deveran ser alteradas:

sugestão - sugestan
terminação - terminaçan
substituição - substituiçan
tão - tan
mão - man
cabrão - cabran

E assim por diante.

Protesto Formal

Os The Galarzas vêm por este meio apresentar o seu mais formal protesto contra o fim do mês.

É sexta-feira, vésperas de final de semana grande, já toda a gente recebeu, as perspectivas apresentam-se boas, porque raio mudar de mês?!

Este final de Novembro está a ser tão bom que queremos que se estenda por mais tempo.

NÃO AO FINAL DO MÊS!

Os The Galarzas pretendem apresentar ao Ministério do Final do Mês as 25.000 assinaturas necessárias para que o mês não termine. Para tal contamos com a participação de todos os nossos 4 leitores: enviem-nos as vossas assinaturas em decatuplicado, para que as possamos alterar em Photoshop e enviar para o Ministério.

Obrigado a todos.

Gritem bem alto para se ouvir em Timor:

NÃO AO FINAL DO MÊS!

Por ser sexta-feira... diga lá, Mestre Nestor Alvito

Fecundação Divina em Dia de Semana

segunda-feira
deito-me sobre o teu corpo
e cheiro a tua rosa da vida

terça-feira
deitas-te sobre o meu peito
e choras por entre as pernas

quarta-feira
lambo
o teu ventre por dentro

quinta-feira
procuro
o teu âmago interno

sexta-feira
fico para sempre engolido
no teu corpo eterno

(in Cadernos Cheios de Coisas Cruas, Editorial Me Enerva, Brasil 1983)

É sexta-feira!


Ricardo Nixon numa sexta-feira, antes de partir para
fim-de-semana na bela quinta dos Portões de Água.

Aqui jazem duas hertezianas

A Voxx* e a Luna, rádios de excelência aqui da mouraria, foram compradas pelo senhor que se chama Luis Guedes e tem como alcunha «Nobre» que, como se sabe, é uma enchideira de chouriços.

O dito senhor, que poderia ser chamado de Luís «Sicasal» Guedes, já avisou que vai mudar radicalmente a programação destas estações.

Poizé. O futebol é que induca. O vinho é que enstrói.

*ver posta atrasada, do irmão cardinal Quarto

Duas, boas, de uns amigos aqui do lado

Pensamento do dia #01 [Galarza style]
Se eu fosse um pedófilo, gostaria de ser o Michael Jackson.

Pensamento da noite #01 [Galarza Style]
Nunca desistas de um sonho. Se não houver numa pastelaria, vai a outra.

por Jacinto Leite Capelo Rego, em Detesto Gajos Chatos

Epitáfio a Moreira Nunes

Aprendiz de causas
A meretriz de todas as ideias
Enleia-te na cama de dossel
Faz-te passar de anarca livre
A Marx de cordel
Bradas como trabalhador
Que afinal nada mais quer dizer

O caso continua

Aos que passam
Não há madrugadas a bradar
E um abril prometido
Está pronto a enterrar
Moderas as palavras
Vais deixando raivas

O caso prossegue

Nas avenidas querias ver
Renascer os tambores de Lavacolhos
As verdadeiras armas de carvão e giz
Nunca abandonas essa ideia
Igualdade
Mas perde-se o ânimo
Morres por dentro
A idade

O caso encerra-se

No epitáfio
Na lápide
Terás o texto final e merecido


Sonhador desejoso por orgasmo social, lutou a vida toda por big bands em todas as esquinas. Um dia, por paixão, atirou-se sobre Alice, pequena e bela, na festa do Hotel Avenida. E bastaram poemas de Natália e Fausto para que em minutos lhe tocasse os seios. Aos 40 parou a cânfora, deixou de fumar, preocupou-se com a saúde e deixou cair Proudhon. Tomava chá em casa de putas regeneradas. Os perfumes da botica chegavam-lhe para impressionar gaiteiras. Tinha a Bíblia e começou a desconfiar que os apóstolos o vigiavam enquanto dormia.

No monte, debaixo das oliveiras, foi ver a varada. Uma, erro drástico, abriu-lhe a cabeça em dois. O lado esquerdo sobreviveu meia hora mais. Partiu em paz, sem nada ter conseguido. Mas aqui está a bonita campa, como pediu.

de Eustáquio Pinho, Linguados em Contramão, entre as Pampas e Buenos Aires, 1977

27.11.03

I want my 007


Hoje foi um daqueles dias

Hoje foi um daqueles dias... Daqueles em que tudo acontece. Ainda ontem não havia assunto nenhum (a não ser aquele dos barcos que eram para vir para a docapesca de Lisboa mas afinal não vieram), e hoje aconteceu tudo...

Lá fora, o Bush Júnior foi visitar as tropas a Bagdad, o Beckham foi conhecer a Rainha... Por cá, a Manela Ferreira Deleite foi ao Perlamento, o Senhor 1 2 3 foi falar ao DIAP, o Braga Gonçalves foi para a prisão...

Isto sim, isto é um daqueles dias em que apetece estar vivo e dar graças a Deus por tantas boas notícias. Afinal, mais vale uma mão cheia de pequenas histórias do que um dia inteiro cheio de história nenhuma (pronto, a não ser aquela dos barcos que eram para vir para a docapesca de Lisboa mas afinal não vieram).

«Amantes de amor»?


Prenda de Natal

Foi a nossa caixa e-postal violada por este convite lamechas e, como diria o outro, altamente fanchono:

«Neste Natal, ofereça a mais bela

PRENDA DE NATAL

Um livro que pode ser o Livro do Encontro para a família, os amigos, os namorados, os amantes de amor.

Também várias Empresas, Câmaras, Instituições, já encomendaram este livro para oferecer como PRENDA DE NATAL
»

Que quererá isto dizer?

O Porco

O matutino A Capital oferece hoje a mais típica figura de Natal, para os presépios lusos: o Porco.

Pós-escrito

Há muito tempo que não via um deputado com um nome tão coerente. O Sr. Deputado Diogo Feyo é mesmo feio.

Isto vai mal

Perdoe-se-me a intimidade, mas até o meu avô (velho Cavaquista e ferrenho defensor deste Governo) anda, pela calada da noite, a chamar nomes ao Durão e à Manela. 'Tou contigo, avô!

Está visto

Somos cada vez mais o Portugal dos Pequeninos (contra a Alemanha dos Gigantones e a França dos Cabeçudos).

Só não vê quem não quer. E a culpa não pode ser toda de quem cá esteve antes... Senão, qualquer dia, vamos todos para a rua recuperar gritos antigos e dizer que a culpa é do Cavaco! Ou do Salazar... Ou daquele cabrão do Afonso Henriques!

Dicionário de Rimas

PEC (Pacto de Estabilidade e Crescimento) rima com
PEC (Pagamento Especial por Conta) rima com
Peque (cometa pecados) rima com
Pack (aos pacotes)...
...que é o que a Velha Senhora Ferreira Deleite anda a fazer.

Chili com carne

Ontem disse três patacoadas. E fiquei estúpido. Claro! Como é possível alguém dizer três patacoadas e não ficar estúpido? É a lei da vida. Agora, não sei o que dizer...

Podia falar de chili com carne, mas a ideia já não me parece tão sedutora... Deve ser da fome - ou como alguém muito sábio uma vez disse: «a fome, a fome, a fome, só a tem quem não come»! É bem verdade, pelo que sei... Mas também... o que é que eu sei? Nada. Não sei nada. Ou pelo menos, nada a mais que os outros. Nem sequer sei fazer chili com carne. Dizem que é so juntar feijões e mexer... Mas eu não acredito. Nada pode ser assim tão simples. Nada! Senão, não havia guerras: era só juntar feijões e mexer... Olha a pôrra!

Uma, mas curta

Tabaco

Outras poesias

Fomos nos últimos dias brutalmente vilipendiados nos órgãos de comunicacomsão social por darmos demasiado tempo de antena aos mesmos três ou quatro poetas. Horror! Pavor! Parvoíce!

Pois para provar a nossa humilde boa vontade e o nosso mais vasta abertura de espírito, aqui revelamos (com a ajuda de uma nossa atenta leitora) mais uma eloquente poetisa nacional:




Isaura dos Santos Ferreira, autora destes graciosos versos...

«Vila da Ponte é muito linda, por isso é invejada,
Tem cá de tudo o que é bom, pouco lhe falta ou nada.
Tem cá uma farmácia com gente boa e acolhedora,
Recebem muito bem as pessoas tanto as funcionárias como a senhora Doutora.
E toda a gente de cá louvam a Nosso Senhor
Por terem cá uma boa clínica e também um bom Doutor.
(...)
»

...e destes também...

«Alunas de Vila da Ponte são loucas, mas têm valor
Há casadas e viuvas mas aprendem com amor

Alunas de Sernancelhe vêm-nos fazer companhia
Jantamos todas no restaurante e vai ser uma alegria
»

Em breve, prometemos a postagem de um poema inteirinho de Isaura dos Santos Ferreira...

Verdade universal em SMS

«Andar de bicicleta é como andar de bicicleta: nunca se esquece!»
(enviado por uma mui estimada leitora dos The Galarzas.)

26.11.03

Faz a despedida alegre


Do Mestre Trovador Ruy de Vasconcellos

O nosso leitor identificado e anónimo José Pedro Vasconcellos voltou a enviar-nos um email com uma Trova do seu parente Ruy de Vasconcellos, que reproduzimos a pedido, e com muito gosto.

Cantiga

Pedroso está lixado
porque foi inspecionado
pra ver se é circuncidado
queriam ver-lhe a cicatriz
porque o pobre coitado
pode ter ferido um petiz

Paulo Pedro recusou
falar sobre quem o examinou
o que em nada ajudou
a jornalista que escreveu
uma peça que revelou
um abismo como breu

abismo de enormeza tal
que só vem provar que está mal
e que o que sai no jornal
às vezes é só pra encher
e as vitimas de abuso sexual
lá se continuam a foder

exames psicológicos à mão
cicatrizes retiradas por operação
porque abusar provoca lesão
enquanto aqui estiver o acusado
é toques rectais até mais não
Pedroso admite, estás lixado

Contemporâneo Testamento

Anjo não sabe porque não tem

Gabriel
Tenho-te por bom anjo
Por isso não te maço

Mas moço
Antecipa com divindade
Contrariedade

O Mundo espera-te
Desordeiro
Como da vez primeira

Magistral anjo anunciador
Faz o que mais há
Entre esses mortais

Coloca de Jesus a semente
No testículo de José
E não em Maria sem ventre.

de Eustáquio Pinho, Viela e Apaixonei-me, Alfena, 1985

Boletim de Saúde

Estou com gripe! O que me lembra que alguém disse isto:
«O amor é como a gripe: apanha-se na rua, resolve-se na cama...»

Governo avança medidas de urgência

Perante a derrota na Taça America, Durão vai organizar:

- Campeonato do Mundo do Défice
- Torneiro Internacional de Sopeiras Libidinosas
- Jogos Mundiais do Atentado à Bomba em Recinto Fechado
- Dupla Maratona de Lisboa
- Rali Paris Dá Cá

Ó minha cana verde

Razões adiantadas por um especialista, Fernando Amaral, na SIC Notícias, para termos perdido a Taça América:

1. As meninas de Bragança
2. Nem todos os portugueses estavam a puxar para o mesmo lado
3. O processo Casa Pia
4. O lóbi do Norte
5. Dor de cotovelo por causa do Euro 2004

Conclusão: Valência merecia

Valêêêência...


José Luís Arnaut, ao centro, e a equipa da candidatura de Lisboa à Americas's Cup, que acabam de perder.

Que desvelos a gente gastava em frente do amor



A BELA DO BAIRRO

Ela era muito bonita e benza-a Deus
muito puta que era sempre à espera
dos pagantes à janela do rés-do-chão
mas eu teso e pior que isso néscio desses amores
tenho o quê? quinze anos
tenho o quê uns olhos com que a vejo
que se debruçava mostrando os peitos
que a amei como se ama unicamente
uma vez um colo branco e até as jóias
que ela punha eram luzentes semelhando estrelas
eu bato o passeio à hora certa e amo-a
de cabelo solto e tudo não parece
senão o céu afinal um pechisbeque

ainda agora as minhas narinas fremem
turva-se o coração desmantelado
amando-a amei-a tanto e sem vergonha
oh pecar assim de jaquetão sport e um cigarro
nos queixos a admiração que eu fazia
entre a malta não é para esquecer nem lá ao fundo
como então puxo as abas da farpela
lentamente caminho para ela
a chuva cai miúda
e benza-a Deus que bonita e que puta
e que desvelos a gente
gastava em frente do amor

de Fernando Assis Pacheco, 1937-1995

Licenciado em Filologia Germânica, foi jornalista e crítico literário. Mandou à merda quem devia, mandou-nos estudar o povo, mandou a vida para o galheiro e foi-se. Em 1995 fizeram-se alaridos, esquerdistas pincharam, direitistas homenagearam a sais de fruto. Hoje, preferem o Big Brother ao Assis nos manuais escolares. Por aqui, continuas em casa. Não temos argentários. E só ao malte damos usuária

25.11.03

Vai de ronda quem quiser...


Fausto Bordalo Dias. Saiu o CD
A OPERA MÁGICA DO CANTOR MALDITO.



Este já anda a rodar há meses. É pérola. Abra a ostra, por favor.
TERRA DE ABRIGO.

A fraude, senhores, a fraude!

Vimos por este meio bradar aos sete ventos que, segundo boatos que os nossos ouvidos tiveram a infelicidade de bisbilhotar, o nosso homónimo Ramon Galarza não é merecedor do apelido que ostenta. Temos dito.

Mas, mas...

...e ninguém fala de Monsanto Guedes - esse artista completo, pioneiro do punk-prog, mestre de Shegundo Galarza, mentor dos The Galarzas?

Resultados do concurso público

São dados como admitidos Septeto Galarza e Octavio Galarza como novos membros.

P'lo Comité Lateral,

Optimus Galarza

Concurso Público Internacional para admissão de Galarzas

Foi aberto Concurso Público Internacional para admissão de Galarzas.
As regras são expostas:

1. É um concurso.
2. Público
3. Internacional.
4. Para admissão de Galarzas.

As duas candidaturas devem ser enviadas até 11 de Novembro de 1987 para o e-mail galárzico.

O Comité Lateral.
Optimus Galarza

O Trovador Luso Ruy de Vasconcellos

Recebemos no email galárzico uma missiva de um leitor devidamente identificado, mas que pediu sigilo, que nos dá conta de um seu remoto parente, chamado Ruy de Vasconcellos, que terá vivido algures entre os Séculos XII e XIII e terá sido camarada de Trovadorismo de Paio Soares de Taveirós, e com o qual muito aprendeu.

Diz-nos o nosso leitor João Pedro Vasconcellos:

"Acredito que este meu primo tenha sido à altura um dos expoentes máximos da Cantiga de Escárnio e Mal-Dizer, se bem que incompreendido, talvez pelo carácter premonitório que as suas Prosas tomavam muitas vezes."

Caro leitor, agradecemos-lhe o email enviado, e ficamos na expectativa de outros que se lhe sigam, pois poesia Trovadora é caso raro de se ver hoje em dia.

Abaixo, a Cantiga de Ruy de Vasconcellos, como verão, tremendamente premonitória.

Cantiga

estavas sentada no banco
e de Belém pensavas tanto
nesse pacto de estabilidade manco
que tanta volta dava
às tantas deste num pranto
que já ninguém te aturava

esse teu voto favorável
não deixou oposição afável
muito menos posição estável
para navegar na política
de argumento contraditável
deste ar de semítica

o PS diz derrotado
o PCP sente-se ameaçado
todos querem por de lado
o governo do país
entretanto ali ao lado
ninguém levanta o nariz

e agora todos vão dizer
o PEC ardeu e vai morrer
Durão demora a responder
o Bloco não vira a cara à luta
talvez te ponham a correr
ó Manuela filha da puta

Poema de Mestre Nestor Alvito

Que bonita é a vizinhança

o meu vizinho faz barulho lá embaixo
a minha vizinha azucrina-me as têmporas lá em cima
o meu vizinho festeja pela madrugada
a minha vizinha arrasta móveis pela noite

o meu vizinho põe a batida na lua
a minha vizinha deixa a torneira a pingar, a pingar
o meu vizinho dança ao som do ruído
a minha vizinha cria os seus próprios monstros

o meu vizinho cansa-me o juízo
a minha vizinha não conhece os meus limites
o meu vizinho é mais chato que a potassa
a minha vizinha deve ser mesmo a potassa

(in Cadernos Cheios de Coisas Cruas, Editorial Me Enerva, Brasil 1983)

24.11.03

Quanto custa, Sr. Bush?

As contas são fáceis de fazer:


W na WWW

Na busca por uma resposta à dúvida que nos atormenta desde a posta anterior, os The Galarzas fizeram assinaláveis descobertas: Eis o currículo do Senhor Residente.

Gay W Bush?

É a dúvida da semana... do mês... que digo? do ANO! quem sabe, da década...

Será George W Bush gay?


R.I.P.

Aqui jaz uma bela posta. Depois de curta vida galárzica, a ressurreição dá-se na Cibertúlia.

assim é

«Those are my principles. If you don't like them I have others».

«The trouble with practical jokes is that every now and then they get elected»

Groucho Marx

23.11.03

AVISO LEGAL

Por a isso não termos sido obrigados, aqui postamos o seguinte aviso legal, segundo o referido art.º:

THE GALARZAS PORTUGAL SHOW
CUSTODIAN OF RECORDS
U.S.C. TITLE 18, SECTION 2257 COMPLIANCE

In compliance with United States Code, Title 18, Section 2257, all models, actors, actresses and other persons who appear in any visual depiction of sexually explicit conduct appearing or otherwise contained in or at this site were over the age of eighteen years at the time of the creation of such depictions. Records required to be maintained pursuant to U.S.C. Title 18, Section 2257 are kept by the custodian of records.

(e já agora, um) Poema de Mestre Nestor Alvito

Chiça Abanico (fadinho corrido)

Caramba, ó pá
Que raios me partam a tola
De quando em vez
A gata rapa e esfola

Caraças, ó meu
Que pintas me arrombem a bufa
De quando em vez
A tropa corre na lufa

Cariocas, ó gingão
Que ganfias te mamem a chicha
De quando em vez
A lupa não cabe na ficha

(in Versos em Forma de Versos, Edições Jesus Em Teu Ventre, 1974)

E um poema de lui même

Amigos, amigos, Badajoz à vista

Há uma canção
Uma canção de amigo
Que nos empurra
Para fora do umbigo

Há um Talião
Que nos escreve o verso
Esse Idálio Juvino
Devia estar preso

A sua identidade
É insalubre, viperina
Já cá veio a casa
Partir-me uma terrina

Diz que não quer amigos
Que não valem para nada
Sinto logo nas costas
Valente e funda facada

Porque não escreves, Juvino
Sobre a madrugada atroz
Em que te dei fuga
De Elvas p'ra Badajoz?

Esqueces rápido, eu perdoo
Mas fica sabendo agora
De mim, nem mais um copo
Do vinho que a gente adora!

de Eustáquio Pinho, Veste Suína, Africana, Rabat, 1993

Memória de Eustáquio Pinho


Rara foto, tirada na base argentina na Antártica, em 1973

22.11.03

Morte ao Dálai Lama

Nota: O texto seguinte foi escrito por Rafael Dionísio na fanzine CanibalCriCa Ilustrada e é apresentado aqui na sua totalidade sem permissão do autor, pretendendo ser uma homenagem não só a ele como também a todos os Galarzas e amigos, em especial ao Paulo Correia que anda lá fora a lutar pela vida.

um lama lái-lái é um corpo de criança que é enchida com o espírito do lama anterior, no momento em que nasce.
quando o lama morre apanha-se um puto a nascer e diz-se-lhe TU ÉS DEUS.

e o lái-lái lama tem andado a dizer muitos e rubicundos disparates pelo mundo. para agradar e encantar toda a gente. é tão bonxinho não é? o lái-lái lama?! é tão kido!... é tão nhunhai... é tão amigo dos pobres e dos desafortunados. os seus bitaques éticos são tão acertadinhos...
-ABSTRUZA ABERRAÇÃO!!!

é tão humano e nosso amigo, é tão cutchicutchi, podia ser apenas adorado como um deus, sossegado porque nasceu deus, mas desce até nós para ser, como nós, um ser humano!, ele finge que é um ser humano, quando nasceu deus!
-ABSTRUZA ABERRAÇÃO!!!

particularmente interessante, no "pensamento" do dálai lama é o seu conceito de söpa. e passo a citar: "söpa é aquilo que nos dá força para resistirmos ao sofrimento e nos impede de perdermos a compaixão por aqueles que nos fazem mal".

eu por acaso pensava que a söpa era uma coisa com legumes cozidos, ou canjinha de galinha ou assim. que a söpa era um primeiro prato que era servido com uma percentagem bastante elevada de elemento aquático e que tinha, ou não, batata, cenoura, carne, e tantas outras coisas mais... e tantas outras coisas mais que pode ter uma söpa...

dr.camarate: no ribatejo a söpa é a SOPA DE PEDRA, que nos dá força e os tomates de um novilho.

e quem é este la¡la¡ lama que nos vem dar falinhas mansas sobre a vida? trata-se de um porco nazista, criado nas frondosas ventosas dos himalaias, que nasceu deus!!, e um porco nazi que nasceu DEUS nã£o tem direito a abrir a boca!, vem com falinhas mansas de bondade e tolerãncia, de pobreza e de humildade, ele!, que nasceu num paí­s onde alguns priveligiados nascem DEUSES! nenhum deus tem o direito a falar sobre a humanidade.

e felizmente os amigos do mao-tsé-tung foram lá dar uma palavrinha aos tibetanos, para eles se encaminharem no caminho do SOCIALISMO e do PROGRESSO . e disseram-lhes: la¡la¡i lamas e monges prá rua!, parasitas da sociedade!, burgueses dum raio!, não querem trabalhar e EXPLORAM o POVO INDEFESO!, cum camano!, isto não pode ser!, jáá parece uma casa de putas este paí­s de parasitas!

falas de calma interior, da felicidade budista, do perdão e da harmonia, mas não passas, lailai, de um menino RICO que com todas as mordomias foi adorado por todos, que foi o centro do universo durante toda a vida, durante toda a vida teve disposta a ouvir-te dizer coisinhas sobre como viver bem, toda a gente á  tua volta, a querer agradar ao PATRÃO, mas que betinho...

engels disse uma vez que o ponto de vista de quem nascia numa barraca ou num palácio era radicalmente diferente. e marx sempre sublinhou que a ideologia era sempre a ideologia das classes dominantes. e quem nasceu num palácio não tem o direito de OPINAR SOBRE A VIDA!, quem nasceu num palácio, num trono, e passou a vida toda a dar conferências para os RICOS, e para os OCIOSOS deste planeta, não tem o direito a falar!

o lailai lama?? com hotéis de luxo e recepções na embaixada?, enquanto as MASSAS PRODUTIVAS dão couro e cabelo para LUTAREM pelos direitos a que têm direito!
-ABSTRUZA ABERRAÇÃO!!!

SIM, abstruza aberração medieval, esta do dalai lama!!, apoiada pelo CAPITAL dos PAÍSES IMPERIALISTAS, apoiada pelo patronato mundial, porque é do interesse do patronato mundial haver deuses que OPIEM O POVO, o dalai lama? NÃO É INOCENTE esse senhor, ao domesticar o trabalhador com a sua ladainha fétida. o lai lai lama é um entrave á  consecução da REVOLUÇÃO.
VIVA O PARTIDO COMUNISTA CHINÊS!, VIVA O CAMARADA MAO TSÉ TUNG! VIVA A REVOLUÇÃO CULTURAL! VIVA A DITADURA DO PROLETARIADO!
o dalai lama...
o dalai lama!!!
-ABSTRUZA ABERRAÇÃO!!!

a arrotar postas de pescada sobre "pobreza", sobre "humildade". LADRÃO!!, enquanto os teus semelhantes estavam a arranhar os cotos na minha, enquanto os HERÓIS DO PROLETARIADO esforçavam-se por aguentar serem instrumentos dos meios de produção, expoliados pelos burgueses!, roubados e humilhados pelos porcos capitalistas, enquanto ocorriam estes crimes que fazia o dalai lama??: discursava teorias baratas de sermos amiguinhos uns dos outros!, e com parlapiés manhosos sobre ética e espiritualidade, sempre pago pelo BANCO MUNDIAL e pelo OURO NAZI da suiça!

Sr. Dalai Lama: o senhor é culpado de conspirar com o Grande Capital!! o sr. éum PARASITA da sociedade, é uma excrescência, e não há lugar para si quando surgir o Homem Novo, quando surgir a Sociedade sem Classes, quando o Estado fôr abolido e o Homem deixar de ser um lobo para o seu semelhante. nessa altura, sr. da¡lai lama, o senhor será FUZILADO pelos humilhados e ofendidos!!
e pergunta aos seus babados leitores se não tiveram problemas reais na sua vida!, se não tiveram filhas abortivas e filhos heroinómanos, se não presenciaram crimes, desavenças, exploração pelos patrões, injustiças sociais, desemprego, complexos de inferioridade criados pela IDEOLOGIA do estado, dificuldades de inserção social, humilhações, ofensas á  sua condição de trabalhadores e de homens!, e tu?!, e tu dalai lama?, que fizeste pelo povo que estava cá em baixo a lutar pelo seu pão?!, com um emprego que não gostavam, com uma famí­lia que não gostavam, que fizeste dalai lama,
sim, que fizeste, responde perante este TRIBUNAL REVOLUCIONÁRIO, responde perante os teus crimes perante o POVO!, que fizeste dalai lama, enquanto as crianças morriam de fome nos campos e nas fábricas?
ERAS ADORADO!, ERAS UM DEUS, enquanto o povo trabalhava com fome!

andavas a passear pelo mundo com os ricos e os opressores, em festas de um luxo indescrití­vel, saracoteando os teus trapos cor-de-laranja de HOTEL EM HOTEL, e os outros? os outros trabalhavam, morriam e sofriam, combatiam o IMPERIALISMO de enxada e de espingarda na mão. os outros sofriam dores reais, enquanto tu laiai, vivias uma vida de aparato e de meditaçãozinha transcendental!, simpatizavas com os pobres enquanto estalavas a língua com mais um acepipe e mais um lagostim com o embaixador!, enquanto vivias que nem uma puta os outros vivia na LUTA. enquanto na fábrica os operários reuniam forças no SINDICATO, tu pescavas codornizes com o reagan, percebes agora parvalhão?, porque é que as MASSAS PROLETÁRIAS te vão lançar a condenação e o opróbio??, poque és culpado de seres um deus!, nasceste labrego nos himalaias mas foste escolhido para ser deus!, SORTE DO CARAÇAS!,

assim também eu CHEFE!, nascer entre lacaios, nascer REI entre lacaios!, assim também eu vinha falar de tranquilidade, se não tivesse que lutar com a máquina e contra o patrão, e enquanto te serviam, milhões de seres humanos escravos ás tuas ordens de menino mimado, os outros lutavam!, chafurdando na vida, com a corda no pescoço, e lutavam chafurdando na vida, sendo muitas vezes MÁRTIRES DA REVOLUÇÃO, e enquanto uns eram devorados pela ESPECULAÇÃO CAPITALISTA tu sorrias como se nada fosse, sorrias de contente a dizer que estava tudo bem e que era preciso perdoar a todos - o que inclui os OPRESSORES, estando assim a contribuir para as forças REACCIONÁRIAS que oprimem e exploram o POVO TRABALHADOR, e assim sendo e incumbido pelo povo de ser o porta-voz deste tribunal revolucionário, e em NOME DA HISTÓRIA, te condeno Á MORTE!

VIVA O PARTIDO COMUNISTA CHINÊS!,

VIVA O CAMARADA MAO TSÉ TUNG!

VIVA A REVOLUÇÃO CULTURAL!

VIVA A DITADURA DO PROLETARIADO!

A surpresa nas pequenas coisas

Nunca pensei dizer isto, mas concordo em absoluto com o senhor P. Rolo Duarte, quando afirma (no DNA de hoje) que «(...) há coisas que nunca mudam. Como a negligência e o desrespeito pelo comum dos mortais.»

Claro que não partilho das preocupações que o levam a este pensamento (cada um tem as preocupações que as suas possibilidades lhe permitem) nem quero dar demasiada importância à constatação do óbvio, mas não deixa de ser uma agradável surpresa descobrir que há certas coisas que são iguais para todos. Como o desrespeito de quem tem por quem não tem ou não pode - infelizmente, um mal demasiado habitual neste nosso Portugal.

Adivinhação de Gastão:

E isto? Quem escreveu isto: «E depois tu sorriste .Sorriste e franziste o sobrolho naquela expressão que só eu identifico ( hà muito que desligaste da conversa, não fazes ideia do que se fala, mas sorri, numa breve cedência ao mundo do outros, que não é o nosso, mas que temos de alimentar) Nessa brecha de liberdade, (...) eu encontrei - te. (...) A dignidade mandou - nos fazer aquilo que era certo, mesmo que ninguém estivesse a ver . E então fizemos . Amámo -nos . (...) Na mesa, a conversa nem sequer, esmoreceu à passagem do amor.» Mais pistas...?

Adivinhação de Ferro:

Alguém sabe quem escreveu isto: «Essa expressão comove - me e move - me, para um universo muito melhor do que este em que vivemos, nestes estranhos dias.Por ti e de ti, espero herdar o despreendimento.»? Em breve, ainda mais pistas?

Adivinhação de Quinto:

E já agora... alguém sabe o que quer dizer «Amámo»? E «Estambul»? Em breve, mais pistas.

Adivinhação de Primo:

Alguém sabe o que quer dizer «despreendimento»? Em breve, pistas fortes para uma solução de ferro...

Tinta eventual

Os peixes só fazem amor à noite

Nenhuma gota de chuva que vemos nos cai em cima

A periferia começa depois da nossa casa

Um casal é a soma de duas inutilidades solteiras

Acasalar não é uma tarefa comum no casal

As balas defensivas têm airbag

A vida real é sempre qualquer coisa pior que só nos dizem para que nos animemos

Quanto mais pequena a terra, maior a obrigação do presidente de Junta estar presente nos funerais

A pedofilia é como os cuidados de higiene: começa em casa

A pedra filosofal vem agora em pastilhas com o Batman desenhado

Gorbachov está para o meu filho mais novo como Eisenhower está para mim

de Eustáquio Pinho, Pensamentos Pendulares, entre Lisboa e Coimbra B, 2002

Ana, ou o fim dos 16

Já vai de nylon malhado
Foges Combro abaixo
Não há incógnito
Tudo são espelhos

As montras, as vitrines
O baton está no canto do olho
A lágrima no canto da boca
Partes o salto
De um salto
Frouxa
Cega

Atropelas um taxi
Em frente
De frente
O teu corpo dá-se ao capot
Entrega-se ao símbolo
E entornas-te
Rubra
No chão

de Eustáquio Pinho, Os Berbequins de Mármore, 1995, Madorna

Princípio da não-revolução

«Quem é que vai dar pontapés no passado
Ou mandar pedras para o futuro ?»

Jorge Palma

21.11.03

Pedido a São Pedro

Caro santo, deixe de chover no molhado.

20.11.03

Um homem não é de Ferro!

Afinal o homem tinha razão: isto é mesmo uma cabala... Já o dizia o nosso Ferro, agora também o Michael Jackson o afirma. Começa a ganhar contornos de surrealismo, esta investigação - querem ver que o Preto Mais Branco é amigo da «Catherine Deneuve»?

PS: Diz o porta-voz do Sr. Jackson que «when the evidence is presented and the allegations proven to be malicious and wholly unfounded, Michael will be able to put this nightmare behind him». Confirma-se: ele gosta de pôr coisas behind...

PS2: o advogado de Michael Jackson é Johnnie Cochran, o mesmo de O.J. Simpson...

A cauda da Europa

Estamos mesmo atrasadinhos... Enquanto por cá, nos nossos muros ainda se lê «Reagan go home!», nos muros de Londres, mais avançados, já se pode ler «Bush go home!». Isto sim, é modernidade.

Aconteceu, sim

António Lobo Antunes, em entrevista ao DN:

«Como é que uma pessoa que não escreve consegue suportar o absurdo da vida?»

«Como ter o direito de exigir qualidade se se paga miseravelmente ou se paga pouco. (...) todos são mal pagos. Nós, portugueses, somos admiráveis, vivemos do vento.»

«Os portugueses mereciam melhores escritores.»

«O próprio do homem é viver livre numa prisão.»

«É evidente que o meu coração não está com este governo, mas o meu drama é que o meu coração também não está com nenhum dos partidos da oposição. Não me interessa este Partido Socialista, acho trágico este Partido Comunista. O drama para as pessoas verdadeiramente de esquerda é que são apátridas, a gente vai votar em quem? (...) Mas existe em mim uma grande desilusão porque ninguém gosta que lhe destruam os sonhos. Digamos que sou um órfão da esquerda.»

«A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.»


É por estas e por outras (vide posta anterior) que é com honra desmedida que entregamos a António Lobo Antunes o título de ALA Galarza! Saravá, senhor escritor.

(o regresso do) Poema de Mestre Nestor Alvito

O último percevejo que vejo

prevejo
que desejo
um percevejo

lambuzado
descaroçado
e avinagrado

para saborear
na sala de estar
onde vou perdurar

(in «Lotaria Popular», Edições Jesus Em Teu Ventre, 1977)

19.11.03

Grandes pensamentos anónimos da humanidade

A diferença entre o homem e a mulher é pequena, mas aumenta quando ela se aproxima.

A mulher está sempre ao lado do homem para o que der e vier. Já o homem, está sempre ao lado da mulher que vier e der.

Se o amor é cego, a solução é apalpar.

Se ainda não encontraste a pessoa certa, continua a comer a errada.

Nunca desistas do teu sonho. Se acabou numa pastelaria, procura noutra.

Se saíres de casa e notares que um pombo cagou na tua cabeça, relaxa e pensa na perfeição da Mãe Natureza, que deu asas aos pombos e não às vacas.

É fazendo muita merda que se aduba a vida.

A vida é como um rolo de papel-higiénico: quanto mais perto do fim, mais depressa passa.

Sê porreiro com os teus filhos. São eles que vão escolher o teu asilo.

Todos os cogumelos são comestíveis. Alguns só uma vez.

18.11.03

Os gregos e a sodomia (cont.)

Delta-te
Thetas
Lambida
Tau-tau
Omegay

Os gregos e a sodomia

Alpha rabista
Beta dine

17.11.03

Sado-ignorante

Por exemplo: estou de folga e doente. Logo, o meu chefe é um sado-ignorante.

Vai uma a postinha:

4 jornalistas na Síria:

RTP (uma TV, do Estado)
RDP (uma rádio, do Estado)
DN (um jornal, no estado Lima)
LUSA (uma agência, do Estado)

O erro é nosso

Os militares da GNR não deveriam estar no Iraque.
A ordem é que estivessem na Síria.
Daí os problemas que têm causado.

A Sanguessuga Gulosa contra o Mexilhão, parte II

Venho só acrescentar uma coisinha à posta abaixo, tudo porque enquanto a lia me lembrava d'Os Imortais, filme bem engraçado de António Pedro Vasconcelos, onde Rui Unas a páginas tantas conta a seguinte piada:

«(...) lá 'tava o gajo a ser enrabado e nisto mete-se o Mutombo por trás e começa a passar Vic Vapor Rub na bilha do outro; o outro mete o dedo no cu, leva-o ao nariz e cheira-o. Espantado, diz:

- Epá, qu'esta merda?! Vic Vapor Rub?!

Responde-lhe o Mutombo:

- Sim, que eu não te quero foder os pulmões.»

Quinto! Amigo, camarada, companheiro, pá!, não desanimes! Pelo menos tu tens bacalhau com natas para comer e continuar a engordar, ao contrário dos nossos camaradas GNR em Nassíria, que vão ser obrigados a comer todos os dias Cozido à Italiana, Carne de Porco à Carbonara e Iscas com todos.

E Deus disse...

Nota: baseado num mail verídico.

Deus disse: «Que cresça a erva, que a erva dê semente, que da semente cresçam árvores e dêem frutos.»
E Deus povoou a Terra com alfaces e couves-flor, espinafres, milho e vegetais verdes de todas as espécies, para que o Homem e a Mulher pudessem viver longas e saudáveis vidas.

E Satanás criou o McDonald's e a promoção dois BigMacs por cinco euros.
E Satanás disse ao Homem: «Queres as batatas fritas com quê?»
E o Homem disse: «Na promoção, com Coca-Cola, ketchup e mostarda.»
E o Homem engordou cinco quilos.

E Deus criou o iogurte saudável, para que a Mulher pudesse manter a forma esbelta de que o Homem tanto gostava.
E Satanás criou o chocolate.
E a Mulher engordou cinco quilos.

E Deus disse: «Experimentem a minha salada.»
E Satanás criou os pratos de bacalhau com natas e marisco.
E a mulher engordou 10kg.

E Deus disse: «Enviei-vos bons e saudáveis vegetais e o azeite para que possais cozinhar de forma saudável.»
E Satanás inventou a gordura saturada, a galinha frita e o peixe frito com muito óleo.
O Homem ganhou 10 quilos e os níveis de colesterol bateram no tecto.

Deus criou sapatos de corrida e o Homem perdeu os quilos extras.
E Satanás criou a televisão por cabo com controlo remoto para que o homem não tivesse de se levantar para mudar de canal.
E o Homem ganhou mais vinte quilos.

E Deus disse: «Estás a passar dos limites, Demónio.»
E o Homem teve um ataque cardíaco.
E Deus criou a intervenção cirúrgica cardíaca.
E Satanás criou o sistema de saúde português.

Mas Deus salvou o homem dando-lhe uma nova oportunidade.
Aí Satanás criou o PSD.
O Homem acabou por eleger o Durão Barroso.
E Deus disse: «Pronto, agora é que fodeste tudo...!»

Nota 2: Qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência. Segundo Roosevelt nada acontece por acaso, e se assim parece é porque foi planeado para acontecer.

Nota 3: Os The Galarzas voltam a lembrar que não têm qualquer cor clubística, mas que se fartam de rir quando estádio a Norte são inaugurados com relva tão má quanto os estádios a Sul. E viva o Nacional de Montevideu, que desta vez não partiu nada e até fez uma festa bonita.

A Sanguessuga Gulosa contra o Mexilhão

Hoje fui às Finanças. Erro grave e violento! Lá, soube que, por causa da incompetência natural do português bem encaixado na sua poltronazinha um centímetro acima dos outros, tenho que pagar de volta aquilo que dizem que nem sequer devia ter pedido, mas que só pedi porque os incompetentes do Estado me disseram que tinha que pedir...

Ora, depois de um ter dito que era de uma forma... outro ter dito que não, que era de outra maneira... de um terceiro ainda me ter dito que afinal era de outra forma ainda... e um quarto ter afirmado que sim senhor, mas tem que fazer mais isto... afinal não era nada disso, disse-me o trauliteiro das Finanças que me calhou hoje!

Mas será que eu tenho que levar com a incompetência gregária dos outros? Será que a sanguessuga que é o Estado acha que os contribuintes que lhes pagam a água de rosas com que os senhores do Governo e das Finanças e das putas das Direcções Gerais dos Chulos e dos Corruptos da Nação lavam a peida não têm mais nada que fazer do que pagar e calar e lavar com a língua a merda que fazem os senhores que têm a mania que tuda sabem?

A sanguessuga gulosa come, come, come e quem se fode é o mexilhão, não é? Eu digo-lhes! Eles que vão limpar o recto com o papel higiénico de seda importada da China paga com o meu dinheiro e debruar a peida a ouro. E se o dinheiro que me roubaram ainda der para isso, que se alimentem pelo ânús de um falo gigante, forrado a espinhos, que lhes atormente os intestinos e faça a merda que cagam sair-lhes pela boca!

Eles que continuem a roubar, porque o que interessa é o dinheiro e o importante é não dizer nada ao cidadão, que assim ele não sabe, deixa passar os prazos que não lhes dissemos que havia, tem que pagar o que deve, mais a puta da multa, mais a merda dos juros... e se fôr à falência, não interessa - a culpa é do cidadão, que não se informou! Não se informou, o caralho! Não o informaram! Não lhe souberam explicar! Não tiveram formação para isso! Disseram-lhe tanta coisa, tão diferente, que era como traduzir um filme russo para chinês para ver se o grego percebia. E o grego (o cidadão) viu-se ainda mais grego...

Fôda-se este país de chulos e corruptos e burocracias filhas-da-puta! Eles, por mim, que se fodam: nem mais um tostão para o Estado! Eu, por mim, vou emigrar.

Exclusivo The Galarzas


O novo aspecto de Saddam

«O ex-presidente iraquiano, Saddam Hussein, "mudou de aparência física" e encontra-se ainda em território iraquiano, onde dispõe de "numerosos lugares para se esconder", declarou este domingo o presidente do Conselho de Governo transitório iraquuiano, Jalal Talabani, em declarações à CNN.»

Foto de Maria João Ruela em campanha do Governo:

Já Reparou Que Não É Só Em Portugal Que As Estradas São Um Perigo?

José Mourinho pode substituir Rumsfeld

Pode. Ninguém está a dizer que vai. Mas pode.

Pauliteiros de Miranda vão para o Iraque

LISBOA (HOJE) - Um grupo de 344 pauliteiros de Miranda segue esta tarde para Nassíria, onde terá como tarefa proteger e acompanhar as missões da GNR, já no terreno.

Os pauliteiros de Miranda estiveram em treino secreto em Miranda do Douro e Miranda do Corvo, bem como alguns em Mirandela. Os pauliteiros irão armados com os ditos e descalços. «Tentamos assim evitar assaltos, pois não levam nada valioso», disse o ministro dos Assuntos.

O mesmo responsável admitiu que a partida dos 40 campinos e das 300 cabeças de gado para a região de Bassorá poderá ser adiada por mais um mês. Mesmo assim, frisou, «o seu papel será enquadrar as milícias nos rebanhos e leva-las aos curros».

De partida está também o General Ramalho Eanes, a bordo do navio-escola, que tentará subir o Tigre ou o Eufrates ou voltar para trás assim que lhe digam «Akilo Papa Kulo», como aconteceu na missão a Timor.

Donsdipassãu



Começou no Quarto
Que estava frio
Doiam-lhe as costas
Sentia arrepio

O Quinto assoava
Na sua pele macia
O nariz que pingava
Para uma sala vazia

O Primo, sem querer
Lá apanhou a maleita
O que há a fazer...
É chá quente e muita deita

E se o Cesto apanhar
Igual enfermidade
Peça ao Terceiro pra selar
Com ele bela amizade

Só assim a gripe firma,
Consquista o seu lugar.
Digam lá: não é poético
Escarrar e galarzar?

16.11.03

A outra face da Guerra

Dijei, pois.

Foi, como diz o nosso Cesto, um grande e osso plano kinkynal. A primeira sessão de DJing de DJ 5º (aka DJ Schizo) foi um sucesso, medido apenas pela lotação: das três pessoas presentes na pista, nem uma delas saiu a meio...

A todos, um valente saravá deste sempre vosso Dijei.

Pê-éSse: para replicar aos numerosos pedidos recebidos na nossa caixa e-postal depois da referência do meu mui querido Cesto, aqui deixo apenas um apanhado do primeiro alinhamento dijeico com a marca galárzica...

Lions Club - The Throne Room from Star Wars (Rocksteady Mix)
Eels - Flyswater (Polka Dots Remix)
Leonard Nimoy - The Ballad of Bilbo Baggins
Madalena Iglésias - Ele e Ela
Pizzicato Five - The Girl from Ipanema
Residents - Kaw-Liga (Housey Mix)
The Cast from South Park - Blame Canada
Conjunto Mistério - Alecrim
The Fools - Psycho Chicken
...e por aí fora.

15.11.03

Cherne e a queda da uva

Soubemos de fontes mal paradas que o Cherne não é mais servido com Uva. Agora, só em pratos separados. Se ela teve coragem, tenhamos nós também. Como se metem os papéis para o divórcio, mas com todo o Governo?

O Iraque

Visto de esquerda: ZNet
Visto de direita: National Review
Visto de cima: De cima
Visto por eles: Electronic Iraq

Obrigado T&Q, já cá canta a massa

The Galarzas declaram, para os devidos efeitos, que Rui Reininho entregou numa mala castanha esta noite a quantia de 450 mil escudos em moedas por ter saido a sua foto no jornal Tal&Qual, página 25 da edição desta sexta-feira, tal como prometido.

Há 20 anos que Rui Reininho não aparecia neste destacado semanário.

14.11.03

O meu Sonho .79

O meu sonho é aparecer no Correio da Manhã.

Mail verídico

Uma conhecida empresa de viagens, cujo nome os The Galarzas se escusam a divulgar (mas que começa por L, termina em R, e tem as letras ifcoole no meio) enviou hoje uma newsletter para os seus clientes (e amigos?) com o seguinte subject:

Descobrir Bragança e o Regresso da mini-saia.

Os The Galarzas duvidam que o mesmo subject esteja, de alguma maneira, relacionado com a revista Time, o Governo, ou o El Niño.

1949- Morre, em Coimbra, o poeta António Aleixo

Os meus versos o que são?
Devem ser, se os não confundo,
pedaços do coração
que deixo cá neste mundo.

in Este Livro Que Vos Deixo

(Biografia do poeta editada pela Âncora, de António de Sousa Duarte e outros)

13.11.03

Sim senhora!

As contas da Dra. Manuela quem as paga não é ela

«As contas da Dra. Manuela quem as paga somos nós», diz a deputada Leonor Coutinho no Público de hoje. Ora aí está o que é!

Eu Odeio Isto V

Anda por aí­ a correr um mail com um filme em flash a gozar com o The Matrix, chamado The Meatrix. Com a simpática analogia ao filme dos irmãos cujo nome é impronunciável, os senhores do The Meatrix exortam-nos a ter cuidado com o que comemos, pois pode ser carne vinda de «production farms», onde os animais estão acomodados em condições impróprias e mantidos a comprimidos e rações feitas de não sei quê e o diabo a 7.

Não enviem estes mails. Não é um pedido, é uma ordem.

Não enviem estes mails porque vocês não sabem de onde vem a carne que comem e não se preocupam. Da mesma maneira que não sabem de onde vem a carteira de couro, de que são feitos os sapatos que calçam, ou como é feito o vosso carro, o quanto polui e, já agora, como são feitas as bolas que vão ser usadas no Euro 2004.

Não sabem e não se preocupam.

Mas quando abrem os olhos, nem que seja só uma nesgazinha e só por 2 segundinhos, cai o carmo e a trindade.

Eu prefiro não saber de onde vem o que como, o que visto e o que calço, nem saber de onde nem como é feita a bola do Euro 2004.

Eu gosto do comodismo e tenho certeza que vocês também.

Caso contrário, damos todos uma de hippies e vamos viver para uma quinta biológica, ouvir Janis Joplin e viver sem DVD, CD, PS2, carro e casa nos arredores de Lisboa (tudo pago em suaves prestações mensais).

O Grande Titulador

Os The Galarzas gostavam de saber quem é o Sr. (ou Srs.) que inventa(m) os títulos e as manchetes do grande jornal da actualidade nacional. Era só para lhe dar os parabéns e um valente saravá por mais uma excelente mostra de enorme consciência política, social e mediática, que hoje enche a primeira página do brilhante pasquim. Eis a tonitroante manchete do 24Horas de hoje:

És Durão, mas ficas cá!

Grande, grande foi a viagem

E lá foram os GNR para esse país longínquo com nome semelhante a um fruto.
Chegaram bem ao Kiwi mas a jorna foi do melhor. A saber (e isto é verdade):

- O filme a bordo foi o «Missão Impossível»
- O comandante da Air Luxor, para animar a malta, disse qual tinha sido o resultado do Benfica. Nunca a moral tinha ido tão abaixo.
- Mas logo, depois de «Camacho cabrão» e «são uns coxos», um militar sacou da viola e começaram a cantar.

Ainda acham que os GNR estão tramados? Acho é que os iraquianos vão desertar.

Por ser verdade,

12.11.03

Mas, que vão eles fazer para o Iraque?

Quem falou em punk-prog?

Em breve, iremos debruçar-nos sobre um novo e emergente género/estilo/rótulo musical que muito agrada aos The Galarzas (embora não nos sintamos incluídos na prateleira [apesar das muitas referências em grande parte da nossa musicalidade]): o punk-prog. Atentem, que vale a pena!

Insultos pelo jornal?

No canto superior esquerdo da primeira página do Correio da Manhã de ontem:

Hoje: Vaca

Poema Trapalhão em Brasileiro

Mas qu'é qu'eu vejo,
qu'é qu'eu vejo?
Uma cobra, um jacaré
e um percevejo...

Resposta a Eustáquio Pinho

Quem?

Quem és e eu que sou?
Serás eu, serei tu?
Seremos ambos nós
ou apenas eu e tu?

Quem sou e tu que és?
Serei pintor, navegador?
Serás artista, marinheiro,
ou antes divagador?

Quem somos, que seremos?
Seremos ainda o que fomos?
Serei sempre eu e tu
ou serás tu e eu de novo?

Quem somos? E por quanto tempo
seremos esta incógnita?

de Mestre Nestor Alvito, in «Travessa do Ferragial», edição de autor, 1979

Elogio a Mestre Nestor Alvito

«És tu»

Sei que és tu
Quando a porta bate
E tu tens as mãos nos bolsos

Sei que entras
Pelas janelas, porque
És como o sol

Sei que saltas
Nas páginas dos livros
Porque descolas os cadernos

Sei que finges
Que de nada sabemos
Mas traimos-te

Se nos enganas, a nós te enganamos
Serás tu que não fosses
Ainda que o queiras ser

E o contrário é mentira
Se não fores tu, inspirador
A dizer

de Eustáquio Pinho, A Madura Tinha Poros, Almoçageme, 1975

Espera

«A espera»

Imagino um mundo imenso
de homossexuais
homens
uma bicha enorme
a que chamássemos,
de forma cordial,
e por todos estarem encostados e
nús,

filamento.


de Eustáquio Pinho, A Noventa Conta, 1967, Praga

(pôrra, outro) Poema de Mestre Nestor Alvito

Chama(mento)

Labaredas, ó labaredas
Saltem ávidas pela janela
Digam ao senhor da livraria
Que a noite já chegou e chama por ele
Entre os lençóis da senhora
Do senhor da livraria

Labaredas, ó labaredas
Cantem hinos de picar-o-ponto
Lembrem ao homem do talho
Que o dia já morreu e foi embora
Dormir com a mulher
Do homem do talho

Labaredas, ó labaredas
Soltem risos e gritos e ais
Avisem o mestre relojoeiro
Que o tempo já passou e pede sua presença
Entre os demais aprendizes
Do mestre relojoeiro

11.11.03

Uí tu (párt tu)

Aproveitando a deixa do meu irmão Primo, e a propósito da posta anterior, deixo eu também aqui o seguinte Pós Escrito: vide Tabaco Só Ao Balcão.

Uí tu



No i-meil, da noça leitoura Margarida, que nus manda inda a çeguint mençagem: "+ ls Beijinhos". Que quer diser ichto?

E prontos...

Chegou ao galárzico mail a seguinte missiva, que aqui replicamos - pois não só nos enche o ego de medidas pouco usuais na nossa modéstia, como nos permite aperceber na elogiosa estatura mental dos nossos três leitores.

(Antes ainda, contextualize-se o i-meile: esta é a segunda mensagem electrónica de hoje deste nosso aprazado leitor e vem na sequência de uma primeira, enviada com apenas alguns minutos de antecedência, em que sugeria uma posta para o nosso tabaco. Feito o reparo, dois pontos, abrir aspas)


desculpem incomodar de novo.
Desta vez a propósito do blog-mãe (ou pai?), gostava de dizer q descobri q a senhora da foto-mistério é a deputada Maria Cristina Vicente Pires Granada, eleita pelo círculo de Castelo Branco (só vocês me fariam andar a ver os retratos de todas as deputadas por ordem alfabética até ao M).

Gostava também de perguntar se no texto de hoje, intitulado Cráxy Vásnyvli, não faltará uma vírgula no 2º parágrafo, entre vint e quest - é q tira todo o sentido à frase, não acham?

renovando os cumprimentos e a admiração
RA

E prontos - com esta vos deixamos, nossos queridos. Boa noite e bons livros. E para o nosso vencedor, um saravá de prémio e uma valente palmada nas costas (para não dizer um «ó homem, mas você não tem mais nada que fazer senão andar a perder tempo nos linques ali à direita?»).

O Governador Implacável

Prescrito e Reatiçado por Arnaldo Schuárzenéguere.
Com interpretações (salvo seja) de Silvestre Estalão, Sáli Filde e Sandra Buldógue.

A história da ascenção sem queda de um modesto e ingénuo actor austríaco ao cargo mais importante da sua vida - não o de injustamente nunca oscarizado comediante, não o de marido fiel e pai extremoso, mas o de Governador do mais importante Estado norte-americano: o Kentucky! O filme relata ainda a dura batalha travada entre Schuárzenéguere e o jovem yuppie Jorge Dâblí­u Bushe no Campeonato Estadual Gramatical, com um desfecho imprevisível...

Encarado pela crítica como auto-biográfico - facto activamente negado pelo autor e realizador -, «O Governador Implacável» tem Silvestre Estalão no papel do pequeno Governador Arnaldo Schuárzenéguere e Sáli Fi­lde como a sua mulher Maria Chivas Kennedy. Sandra Buldóque é São Martinho, personagem que representa as várias vítimas («dizem elas, na altura não se queixaram!» diz o autor) dos avanços de Arnaldo.

Já se fala não em sequelas, mas em réplicas, tal o terramoto causado por esta obra única do cinema iraquiano!

Disse-o_nário

Os The Galarzas vêm por este meio anunciar que a palavra «fanchono» - termo usado bastas vezes pelo outro - passou a fazer parte do nosso lixo comum... perdão: lésbico comum... perdão: léxico comum.

O meu Sonho .77

O meu sonho é que haja uma casa-de-banho livre sempre que se queira cagar. Raispartam.

10.11.03

O Álvaro

O Álvaro era um tipo curioso. Talvez por isso, e por estar de cama há tanto tempo que até a cegueira física o ataca, é que os The Galarzas lhe prestaram três homenagens.
O Álvaro não é o modelo de nada. É o anti-herói, subiu ao politburo e as asas derreteram-se, mandou o Vasco fazer o que devia ter ele feito.
O Álvaro é cá da casa. Isto é, tem frases importantes, cometeu imbecilidades, o 25 de Novembro foi um deslize digno do Kissinger, mas aparte isso, que mal fez o Álvaro? Nada. Chegou ao topo do partido com umas sacanagens, mas quem não o fez?
Só que o Álvaro saiu disso ileso. Isto é, é uma espécie de Eusébio das estepes. Um herói nacional, com o «olhe que não» a fazer história.
O Álvaro faz falta. Não existe outro Álvaro assim.
O Álvaro misturou-se para nós com o Vasco Granja, com os desenhos animados.
Não havia renovadores no tempo do Álvaro, porque ele é que renovava.
Interessa lá agora se o PCP está como está. Isso é dos partidos e nós aos partidos dizemos o que queremos nas presidênciais e nas deputais.
Mas o Álvaro é como o vinho, que dele rouba o nome e se torna diminutivo. É alvarinho, único na região, em vias de extinção, tragá-lo dá prazer, não é imitável. Nunca, que se saiba, comeu criancinhas ao pequeno-almoço. Nunca, que se saiba, teve medo de ter medo.
Uma gaita, os putos de agora.
O Álvaro é um gajo sério. Um gajo artistico, um tipo que desenhou quando esteve preso. Crime: pensar.
O Álvaro, como diz o Quarto e bem, merecia uma sociedade mais justa.
O Álvaro, como mostra o Quinto e bem, puxava onde os outros só empurravam.
O Álvaro, como diz o Cesto e bem, não tinha batedores. Batia-se pelas coisas.
O Álvaro não se repete. Mas não se esquece.
Deu África à URSS? Terá dado. E depois? A América Latina era dos EUA, o médio-Oriente é da confusão corporativa. E depois? Fez mal? Moçambique, Angola? Foi o Álvaro que mandou os nossos mancebos para lá, de G3 em punho, estragar a tola?
O Álvaro apoiava o Otelo? Só se fosse maluco.
O Álvaro gostava do Salgueiro Maia? Talvez não.
O Álvaro tem um pensamento quadrado? Não. Tem um pensamento cúbico.
Ele aprendeu a pensar em três dimensões. E por não haver ninguém que atrás dele pense assim, é que isto chegou ao que isto chegou.
Se votávamos no Álvaro? Tanto quanto o Zé Mário Branco votaria no Pinheiro de Azevedo.
Isto cheira a abrilismo? É uma gaita, o abrilismo? É. Para os gajos que fecham empresas, para os tipos que metem os fundos ao bolso, para os rouxinois.
Haverá fado em Alfama?
Vamos ao fado, Álvaro?
Bebe uma água-pé com a gente.
Como se nunca tivesses tido tantas culpas e fosses apenas aquilo que a gente quer que tu sejas.
Para ti, não há novas amálias - ai, a Mariza é a nova Amália, a Bobone é a nova Amália, a Dulce Pontes é a nova Amália...
Puta que pariu a nova Amália!
Queremos o velho Álvaro de volta. Nem que seja para dizer mal dele. E combater.


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Epígrafe

De palavras não sei. Apenas tento
desvendar o seu lento movimento
quando passam ao longo do que invento
como pre-feitos blocos de cimento.

De palavras não sei. Apenas quero
retomar-lhes o peso a consistência
e com elas erguer a fogo e ferro
um palácio de força e resistência.

De palavras não sei. Por isso canto
em cada uma apenas outro tanto
do que sinto por dentro quando as digo.

Palavra que me lavra. Alfaia escrava.
De mim próprio matéria bruta e brava
--- expressão da multidão que está comigo.

Ary dos Santos


Boletim do Turismo

No jornaleco de hoje:

«O principal motivo de frustração dos súbditos da rainha Isabel II é pisar cocó de cão. Além desta contrariedade, os cerca de 2500 britânicos sondados referiram como principais motivos de frustração a má educação dos outros condutores e os barulhos no cinema

Pergunto eu: então porque é que os ingleses gostam tanto de vir a Portugal?

Contra a opressão, marchar, marchar!

Esta é uma triste notícia, que relata uma realidade contra a qual é necessário - e urgente! - lutar. Contra a extinção da jeropiga, contra o desaparecimento da água-pé, assine-se abaixo e beba-se mais um copo.

Que grande susto!

Hoje, os The Galarzas assustaram-se quando viram o título «Sete meses sem Marquês». Pensámos nós, incautos The Galarzas, que o pré-residente da cama de Lisboa Pedro Sem-tino Lopez ia tirar umas valentes férias... Mas realmente, ele não o faria sem avisar a malta, não é?

Mais uma bujarda de Mestre Nestor Alvito

Cantiga de Escárnio e Maldizer
(Olhe que não, Doutor! Olhe que não!)


Senhor, por favor
Não quero vituperá-lo
Mas a mim me parece
que há erros grosseiros
na sua forma de ver

deixe-me terminar
que a si não o interrompi
digo-lhe olhos nos olhos
o que nunca quis ouvir
nem soube antes perceber

é que a sua democracia
não é igual a minha
nem à de meus conterrâneos
que labutam noite e dia
para aqui o poder ter

a sua liberdade
canta hinos de mentira
que não são aceitáveis
neste nosso paíszinho
que a si o viu nascer

essas coisas que inventa
para ganhar apoios e votos
não são para aqui chamadas
o que interessa é que você
não sabe nem quer aprender

o seu lugar nessa mesa
só é válido por agora
e toda a sua carreira
só terá prosseguimento
enquanto a gente entender

senhor, muito obrigado
por me ter deixado expor
a minha e a verdade deles
os outros que aqui estão presos
à espera de o ver perder

9.11.03

Posta-Escrita

E também já temos um novo boiterista. É que isto de ficar sem baterista todos os meses é uma seca, mas, felizmente, este deve ser para ficar...!

Ei-lo: o disco dos The Galarzas

Finalmente, após aturada pesquisa, os The Galarzas descobriram a forma ideal de editar o seu primeiro álbum num formato inédito, inaudito e inovador. A obra primeira deste conjunto músico-poético chegará em breve às melhores lojas de discos (e às mais insuspeitas espingardarias nacionais) não em CD, não em vinil, não em cassete pirata, não em VHS, não em DVD, não em fita métrica, mas em formato Kalashnikov!

Pela manifesta e bombástica descoberta pessoal, não temos pejo em (modéstia em aparte) dedicar uma salva de tiros a nós próprios, sempre geniais The Galarzas.

Film Noir de Mestre Nestor Alvito

Mulheres fatais também choram

sobe o fumo perdido pela cortina vermelha
resta o cigarro encardido nos lábios carnudos
morre o olhar desviado na parede vazia
tomba a lágrima muda no chão pegajoso
caem os dedos pesados na mesa molhada
fica o copo cheio no balcão à espera
que o álcool bebido se perca no tempo
e o vento que sopra deixe de amotinar
o cabelo em queda que lembra o fumo
que sobe perdido pela cortina vermelha
como a chama do cigarro morto no cinzeiro
que acaba sozinho na mesa vazia

À Noite

há noites
em que a noite continua,
sozinha, insegura e nua,
até o dia chegar.

8.11.03

E mais um

Arquitonto, o nosso saravá pela referência.

O último segredo


Novo poeta: Leopoldo María Panero

O LAMENTO DE JOSÉ DE ARIMATEIA

Não suporto a voz humana,
mulher, tapa os gritos do
mercado e que não volte a nós
a memória do
filho que nasceu do teu ventre

Não há mais coroas
de espinho que as lembranças
que se cravam na carne
e fazem uivar como
uivavam
no Gólgota os dois ladrões.

Mulher, nem te ajoelhes mais perante
o teu filho morto.

Beija-me nos lábios
como nunca fizeste
e esquece o nome
maldito
de Jesus Cristo

De Poemas del Manicomio de Mondragón, 1987

7.11.03

(regressa o) Poema de Mestre Nestor Alvito

Lá longe cantam os rios

Lá longe cantam os rios
Cantigas de amor dormente
Lá, onde se põem os ovos
De uma galinha doente

Lá longe saltam as estrelas
Por muros de água e sal
Lá, onde nascem as cerdas
Entre as brumas do canavial

Lá longe ficam a sonhar
As poucas boas conquistas
De minhas curtas vistas

Lá longe ouvem-se as pistas
Mas não se ouvem repicar
As ondas do teu doce mar

The Galarzas na praia




Quarto, Cesto, Quinto e Terceiro (foto de Primo).

Carta anónima

«Eu sei onde você mora».

Jantar de homenagem a José Castello-Branco

Os The Galarzas foram surpreendidos com a notícia da detenção de José Castello-Branco. A surpresa deve-se aos seguintes factores:

1 - Faziamos apenas a mínima ideia de quem era a senhora;
2 - Nunca pensámos que a comunicação social fosse atrás da palhaçada;
3 - Um broche considerado como contrabando levanta dúvidas.

Por isso, sem que tenhamos nada a ver com o caso, ou não, eis que os The Galarzas farão brevemente um jantar de apoio e homenagem àquela senhora agora detida, por estas razões:

1 - Se o broche é contrabando, qual a posição da autoridade perante as acções das bragantinas brasileiras?
2 - A zona de filigrana pode ser considerada Zona Nacional de Broche Demarcado?
3 - O último encontro de homenagem já foi há perto de uma semana e não se homenageou ninguém.

6.11.03

Já cá canta

5.11.03

Boletim (matinal) das postas parlamentares

NESTA EDIÇÃO:

Ferro corta-se -- Carrilho goza -- Motoristas sabem demais

FERRO CORTA-SE

Ferro Rodrigues apareceu esta manhã no parlamento com um pedaço de papel higiénico a cobrir-lhe a face. Com uma das mãos segurava o papelinho, já manchado de sangue.

CARRILHO GOZA

Na sua direcção caminhava Manuel Maria Carrilho, vindos ambos de lados contrários. O diálogo:

- Então - diz Carrilho - que foi isso?
- Epá, cortei-me a fazer a barba.

Com um pouco de saliva, Ferro lá tirou o papel higiénico da cara antes de entrar no Parlamento.

Nota do Ministério das Postas Parlamentares: se fosse ao contrário, seria de temer que Carrilho dissesse «Epá, cortei-me a fazer a Bárbara».

MOTORISTAS SABEM DEMAIS

Em ajuntamento, vários motoristas ministriais estão à entrada da Assembleia da República. Sai da boca de um deles, a alta voz:

- Então o Artur Pereira chegou ao pé do director-geral e disse-lhe: «tenho de renovar a carta, mas esta porcaria querem que faça testes e não sei o quê por causa da idade». O gajo, o director, chamou logo um dos outros e disse-lhe: «ó não-sei-quantos, passa aqui uma carta nova ao Artur Pereira».

(claro! é um) Poema de Mestre Nestor Alvito

Modo de Usar

Aperte com força entre o polegar e o indicador.
Sente ardor?
Uma picada agreste?
Uma leve vergastada entre a virilha e a nalga?

Pois é errado o remoque com que tenta tal cura.
Saiba agora que a lisura
não é remédio para a doença
de que padece o amigo.

É apenas retardador –
Que como bem vê quer dizer
Que retarda a dor que sente
Ao apertar com força a mais onde mais dói.

Nem mas doutor nem meio mas,
Há que seguir o conselho e aviar a receita
Se não quer que a enfermeira
Lhe aflija na maleita

É assim que o queremos e gostamos de ver.
Sossegado e quieto
Ligado à máquina e vegetando
sem interromper a novela do doutor.

4.11.03

Rejubila no Sol

Filme: Alforreca no Espaço
Escrito por Terceiro Galarza
Interpretado ao telefone por Primo Galarza

Calcanhares de crianças correndo selvagens no Sol
Como uma floresta está a tua criança crescendo selvagem no Sol
Amaldiçoada a sua inocência no Sol

Apanha as tuas crianças ao teu lado no Sol
Diz-lhes que todo o seu amor irá morrer, diz-lhes porquê, no Sol
Diz-lhes que não é tarde para hoje um por um
Diz-lhes para colher e rejubilar - no Sol.

(e hoje há mais um) Poema de Mestre Nestor Alvito

Un-dó-li-tá

Aponta o dedo,
Pequenina.

Este ou aquele,
Pequenina?

Não tenhas medo,
Pequenina.

És tu ou ele,
Pequenina!

3.11.03

Hoje há teste

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Madalena, espera um pouco, abre-te


Mais um livro The Galarzas

(já cá faltava mais um) Poema de Mestre Nestor Alvito

Pim Pam Pum

Ó saltimbanco
Que saltas e ris
Passa por ela e diz...
PIM!

Ó donzela
Bonita e incauta
De lábios na flauta (de)
PAM!

Ó caçador
De arma veloz
Não a apontes para nós (...)
PUM!

Tan linda a lingua tuga

filoxera

do Gr. phýllon, folha + xer, r. de xeraino, seco

s. f., Agric., Zool.,
género de insectos hemípteros, uma espécie dos quais ataca a videira;
a doença causada na vinha por esse insecto.

Liberdade na avenida

Passagem meteórica por uma banca de livros espalhados no chão, velho incluído a plastificar. Processamento da mensagem, seguido de travagem brusca. Volta atrás. Procura nos bolsos. Encontra níquel necessário. Entrega 100 paus (50 cents). Ei-lo:


Mais um livro The Galarzas

O meu Sonho .73

O meu sonho é ser pobre um dia (porque ser todos os dias é lixado).
(baseado num mail verídico)

A beterraba do espaço




Na mais recente sessão musico-poética de The Galarzas foi visitado, ou revisitado, esse marco da história do cinema, único pelo seu aspecto visual e pela arrojada interpretação, que dá pelo nome de «O Cosmonauta Perdido» (ver posta anterior).

Na verdade, este épico do cinema charral, só foi possível depois de terem sido distribuidos vários sabonetes de pólen por toda a equipa de produção, escribas e actores. O realizador, doente à época da rodagem, permitiu o mais livre de todos os esquemas, reinventado o cinema, como o fez Orson Wells, John Huston ou mesmo, porque não dizê-lo, António de Macedo - aliás, este último responsável também por duas películas que merecerão referência futura.

«O Cosmonauta Perdido» conta com duas magníficas melodias de Joan Baez, essa grande diva, que nos canta sobre temas tão importantes como o bicho na maça de esmolfe ou mesmo o perigo do míldio galáctico. Aliás, esta película, datada de 1972 mas que poderia ter sido rodada ontem mesmo, versa sobre o mais profundo dos enigmas da humanidade, já debatidos pelos filósofos gregos e, mais tarde, por Karel Capek, ou não.

Na verdade, The Galarzas lançaram olhar profundo (alguns mesmo em estado meditativo) sobre o que aconteceria a uma plantação rural lançada para a órbita de Saturno e depois, dada a avidez neo-liberal, ter fim triste.

Pleno de acção e mensagem, foi este o filme que inspirou mentes como Engels, Nietzsche ou mesmo Popper, apesar de só mais tarde se ter dado a estreia para o grande público.

E mais não dizemos, o que só nos faz ficar mais próximos desta obra que consideramos incompleta e que, urgentemente, necessita de uma sequela, cujo nome adiantamos: «O Cosmonauta Perdido II: Filoxera de Alfa Centauro».

2.11.03

(ainda outro) Poema de Mestre Nestor Alvito

Aleluia

Se as flores nascessem na lapela
O teu olhar seria, pois, mais profundo
Ó senhora feita de mar e raízes

Se as cores caíssem do céu
O teu cabelo seria, então, mais hercúleo
Ó amante feita de lágrimas e segredos

Se os amores soubessem de Deus
O teu pecado seria, assim, mais minguante
Ó meretriz feita de sebo e de sémen

O meu Sonho .72

O meu sonho era ter um diálogo como Só Crates sabia.
(baseado num diálogo entre Primo e Terceiro Galarzas)

1.11.03

The Galarzas

The Galarzas

Entremeadas à brasileira

«Os atores cacetudos de filmes pornô estão para a maioria dos homens como as modelos de capa de revista estão para a maioria das mulheres.»

«Fantasias são como um sol que não deixa o juizo da gente apodrecer.»

«Sexo sempre existiu. Mas quem inventou a putaria foi Freud.»

(mais um) Poema de Mestre Nestor Alvito

Simpática Devoção de Leonor

O meu nicho de amor
Foi achado
Pelos olhos de um ser
Meu amado

O meu segredo, só meu,
Foi furtado
Pelas mãos de um ladrão
Tão safado

O meu amor, ó tão grande,
Foi perdido
Pela espera tão longa
De um sentido

E hoje, que não há quem me queira,
Choram ribanceiras de aflitos
Para que sempre se ouçam as lágrimas
Dos meus gritos

I'll See You In My Dreams

Os The Galarzas já viram o primeiro filme de zombies à portuguesa - o muito aguardado «I'll See You In My Dreams», curta-metragem realizada pelo espanhol Miguel Angél Vivas, escrita e produzida por Filipe Melo e com Adelino Tavares, São José Correia, Sofia Aparício, Manuel João Vieira, João Didelet e Rui Unas no elenco.

O filme é um bom filme, como diria o Diácono, mas o melhor do filme é mesmo o making of «A Curta Mais Longa»: um documento com o dobro da duração do filme, com óbvias referências a Ed Wood, aos filmes de série B dos anos de ouro de Hollywood, às reportagens de João Alves da Costa, aos Jogos Sem Fronteiras e até ao «Zelig» de Woody Allen.

A antestreia está marcada para o Fantas 2004. Os The Galarzas recomendam...