Poema de Nuno Alhazred Middenheim
Cine Paraíso
sempre foste uma puta
prostituto de letras públicas
odeio-te pelo teu séquito e pelo teu reino
constróis a tua vida como um filme,
cheio de actores que se curvam à tua visão
e que te rodeiam e te apaparicam o ego
sem palavras, sem sons, a preto e branco:
uma cópia já gasta de outras vidas
fartei-me e limpei a sombra do meu melhor amigo,
tornei-me no que não quero ser
volto-me para o espelho
com o garfo na boca
como a podridão
e engulo
Nuno Alhazred Middenheim, in «Unaussprechlichen Kulten», Editora Anda Cá Que Já Te Conto, Celorico da Beira, 1912
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