2004: a realidade
Primeiro dia de trabalho do ano. Leio o jornal: diz que foi tudo passar o reveillon para o Brasil... Vejo a têvê: está tudo na neve a curtir a passagem de ano... Ouço a telefonia: parece que foi tudo passar a quadra para o estrangeiro (ou para o Algarve, que nesta contas vai dar ao mesmo)... Vejo os comentadores de serviço: a ponte vingou, Lisboa fechou, o país parou...
Mas olhando aqui para os Galarzas, parece que o Portugal do jornal, da têvê e da telefonia não é o nosso Portugal: os Galarzas passaram o ano em Lisboa (um deles a trabalhar); a minha família toda passou o ano em casa (tirando um primo, que também passou o ano a trabalhar); os meus amigos passaram o ano em casa uns dos outros (um deles, lá está, passou também o ano a trabalhar naquela casa fechada da televisão); os meus vizinhos passaram o ano em casa (aliás, acho que toda a gente na minha rua passou o ano em casa); as pessoas com quem me cruzei hoje no trabalho passaram o ano em casa ou com a família...
Mas que Portugal é esse dos jornais, das têvês, das telefonias (esse Portugal dos pequeninos que se tomam por grandes e que ocupam os jornais, a têvê e a telefonia que assumem a partezinha pelo todo)? Ou será que estou noutro país?
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