Há, na bela
«Impressionam-me os chatos. Parecem-me sempre os mais ensimesmados de todos os pulguídeos, com os focinhos altivos e aqueles olhos de quem espera algo que não sugará tão cedo. Em criança, experiência partilhada por multidões incontáveis por esse mundo fora, tive um chato. Na verdade, tive muito mais, mas àquele, em particular, chamei-lhe Leonardo. Na altura não achei explicação para o nome, pareceu-me apropriado e pouco mais. Hoje, à luz de uma maturidade entretanto adquirida à custa de algumas coçadelas, as do costume, percebo que era uma homenagem a priori ao grande génio da Renascença que foi Leonardo da Vinci. E o Leonardo, o meu, mais modesto de barbas do que o seu homónimo famoso, não deixava de exalar aquela aura de encantamento quase místico pelo saber do meu pequeno mundo púbico.»
(Obrigado a quem de direito pela possibilidade de o sentir.)
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