Poema de Mestre Nestor Alvito
Que bonita é a vizinhança
o meu vizinho faz barulho lá embaixo
a minha vizinha azucrina-me as têmporas lá em cima
o meu vizinho festeja pela madrugada
a minha vizinha arrasta móveis pela noite
o meu vizinho põe a batida na lua
a minha vizinha deixa a torneira a pingar, a pingar
o meu vizinho dança ao som do ruído
a minha vizinha cria os seus próprios monstros
o meu vizinho cansa-me o juízo
a minha vizinha não conhece os meus limites
o meu vizinho é mais chato que a potassa
a minha vizinha deve ser mesmo a potassa
(in Cadernos Cheios de Coisas Cruas, Editorial Me Enerva, Brasil 1983)
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