25.11.03

Poema de Mestre Nestor Alvito

Que bonita é a vizinhança

o meu vizinho faz barulho lá embaixo
a minha vizinha azucrina-me as têmporas lá em cima
o meu vizinho festeja pela madrugada
a minha vizinha arrasta móveis pela noite

o meu vizinho põe a batida na lua
a minha vizinha deixa a torneira a pingar, a pingar
o meu vizinho dança ao som do ruído
a minha vizinha cria os seus próprios monstros

o meu vizinho cansa-me o juízo
a minha vizinha não conhece os meus limites
o meu vizinho é mais chato que a potassa
a minha vizinha deve ser mesmo a potassa

(in Cadernos Cheios de Coisas Cruas, Editorial Me Enerva, Brasil 1983)