8.11.03

Novo poeta: Leopoldo María Panero

O LAMENTO DE JOSÉ DE ARIMATEIA

Não suporto a voz humana,
mulher, tapa os gritos do
mercado e que não volte a nós
a memória do
filho que nasceu do teu ventre

Não há mais coroas
de espinho que as lembranças
que se cravam na carne
e fazem uivar como
uivavam
no Gólgota os dois ladrões.

Mulher, nem te ajoelhes mais perante
o teu filho morto.

Beija-me nos lábios
como nunca fizeste
e esquece o nome
maldito
de Jesus Cristo

De Poemas del Manicomio de Mondragón, 1987