tertúlia oficial do conjunto azorrague músico-poético The Galarzas (remasterizado)
31.8.04
Sexo, Drogas e Rock N'Roll:
1. «Dualidade: É uma ex não nos sair do pensamento e outra não nos sair das fantasias.»
2. «(...) the greatest harm associated with marijuana is prison.»
3. «(...) a particularly offensive ditty sung by Whitney Houston was playing in the background. This tune started (...) with what surely must be the most insipid lyric in the history of what Little Richard calls “Rock-n-Roll” and Tom Lehrer more reasonably refers to as “children’s music”. Whitney warbled: “I believe that children are the future…”»
Crónica de Lobo Antunes sobre Zé Maria
Os gatos lá estavam, à janela, um deles ainda constipado com o que fizeste, do dia em que me apercebi que o teu telefone não tocava, eu na casa de Benfica a ver as pessoas passar, a dobrar a esquina, e tu vertiginoso pela calçada abaixo, ao gritos, como se em Agosto alguém ligasse a isso, como se procurasses algo mais do que uma vida simples como tinhamos em África
o teu pai telefonou-me, tem o microondas avariado, o general continua a poder comer sopas, não sei o que te diga
e quarta-feira vou buscar a tua toalha amarela, aquela com que escondias vergonha mas que deitaste fora, quando os bofes já não aguentavam mais, e o sol era uma bola amarela, um peso enorme que estava em pêndulo sobre ti, os teus sentidos a cederem e os gatos em protesto não ronronavam
eu em Benfica, na velha casa, onde o reboco se começava a ver por debaixo desse castanho claro que inventaram nos anos oitenta, tu ainda novo, sem saberes que um dia estarias cá em casa, que eu cuidaria de ti e, em troca, tu me fazias o avançado, tratavas das galinhas no quintal, fechavas a marquise e sem calor, ficávamos ali a bebericar uma torpe tarde de Agosto, igual àquela em que apareceste na clínica,
o coronel com as sopinhas, em África, e tu longe, a carregar o fardo, até que te despiste, até que correste para o rio, até que por um segundo te transformavas no desespero voador, vindo da casa fechada, pior que a PIDE, mil olhos sobre ti, a loira com quarenta anos a cismar que tu namorarias com a loira gorda
o coronel molhava o pão na sopa, em Benfica, a imaginar África nas ruas, os carros eram pacaças e impalas
Stupid Season
Manchete do prestigiadíssimo jornal 24Horas de hoje:
ESCRITOR FAMOSO CONTROLA ZÉ MARIA
António Lobo Antunes é psiquiatra e manda na clínica
onde o vencedor do Big Brother está internado
Alguém faz o favor de dizer a este jornal o que é que se passa neste país? Alguém me faz o favor de dizer o que é que se passa neste país?
Lisboa é o quê?
Não, não me apetece falar sobre aparelhos que flutuam na água. Apetece-me mais voltar atrás e recordar a obra lisboeta do agora primeiro de alguns portugueses (o que nem sequer inclui todos os membros do seu partido).
Passava eu esta tarde pelo Marquês de Pombal (ou o que dele resta), quando começo a ler os dizeres dos tapumes que disfarçam (mal!) o buracão acompanhado de um monte de entulho também conhecido pela "oitava colina de Lisboa". E não é que estes têm inscrições do tipo «Lisboa é boa para se morar», «Lisboa bonita para visitar» e outras frases inócuas e semelhantes ali deixadas como única herança visível pelo "iluminado" Pedrito não só da Figueira da Foz como de Lisboa e agora também de Portugal.
Perante este cenário, alguém acredita no que lê ou, pior ainda, que este não é um país terceiro-mundista?
No i-mail, a mensagem seguinte:
«caros senhores,
há uns anos, num bairro histórico da nossa capital podia ler-se uma frase
bombástica e enigmática:
viva hilter!
assim mesmo, sem mais. sempre me perguntei quem teria sido o seu autor.
se o conhecerem, digam qualquer coisa.
parabéns pelo berloque e viva a república, qualquer república menos a nossa.
changuito»
The Galarzas contactaram Goebbels, mas este negou a autoria.
30.8.04
Cacilheiro médico
Seguindo o exemplo do Barco do Aborto, o ministério da Saúde vai disponibilizar, já a partir de amanhã, as seguintes embarcações:
O Cacilheiro da Desvitalização Molar
O Catamarã da Neurocirurgia
O Rabelo da Lavagem ao Estômago
O Moliceiro do Enfarte
O Poveiro da Apendicite
A Escuna do Pé de Atleta
A Fragata da Sinusite
O Carocho da Overdose
O Varino da Catalepsia
O Barrel da Ejaculação Precoce
A Traineira da Calvice
A Bateira da Frigidez
Ex Citador
Ainda a aborto a navegar num blogoceano nem sempre pacífico:
«Há um outro barco que me lembro de ter sido barrado com terra à vista: o Lusitânia Express, nas costas de Timor, pelo regime ditatorial de Suharto.»
«A puta da realidade não há maneira de se conformar às nossas convicções.»
29.8.04
Senhoras e Senhores...
...é com desmedida honra e desproporcional prazer que os The Galarzas apresentam o seu novo melhor amigo: um saravá do tamanho de uma ervilha para o Baney!
It's alive! It's aliiive...
Ao fim de três dias e três noites de duro, pesado e metálico labor, este Galarza regressou à sua humilde e nova casa, vivo, de saúde e, sobretudo e muito importante, bem alimentado (apesar ter andado três dias a almoçar vitela, mais vitela e muita vitela).
Desde já e desde aqui, os devidos engrandecimentos a quem se sinta a haver, pela solidariedade e apoio demonstrados.
E na chegada, uma má e uma boa notícia. A má: o Santana ainda não caiu da cadeira. A boa: o Beleneses ganhou! Valha-nos isso...
27.8.04
O off do Octávio
As cassetes do Octávio
Gravadas em dolby digital
No auto-rádio pela manhã
São um prazer fundamental.
Sem segredo nem justiça,
Quem se segue ao Adelino?
Coitado, ninguém o salvou
De falar muito com pouco tino.
A culpa foi do off do Octávio
Qual machado impiedoso, frio
Sobre a cabeça desamparada
Já fora do judiciário corropio.
Apreenda-se o mais possível
Foram as ordens do tribunal
E ninguém escreva uma linha
Até esquecermos o principal.
Godofredo Freire
[in "(In)justiças lusitanas", Alfarrabistas Anónimos, 2004]
O meu sonho .150
O meu sonho era acordar com vista para um campo de papoilas e berrar a plenos pulmões «se isto não é a solução perfeita para o stress, que me caia uma maçã em cima da cabeça».
Põe-te bom, homem!
The Galarzas não querem ficar sem ídolos
Não querem ficar sozinhos
Não querem viver no país do sr. Lopes
Sem o Zambujal, o Letria, o Fialho,
O Listopad, o Cesariny, o Eládio,
O Sousa Veloso, o Júlio Isidro,
e já se foram mais do que
queriamos, por isso, ó Fialho,
Aguenta até, pelo menos,
O Juri de Castelo Branco,
Reunido na sede da
Gazeta Albicastrense,
Dar uns doze pontos ao
Carlos Rafael
Por causa de um baile mandado.
Combinado?
DVD, já!
A cidade é para fazer dinheiro
E se tu és um tipo inteiro
Vais passar um mau bocado
Vais ver o que custa
Não ser ouvido
No meio de tanto homem vendido
Em silêncio comprado
Quem és tu, zé gato?
O que é que te faz correr
Pelos cantos mais sujos desta terra
Tu já deves saber
Que mesmo quando vences batalhas
Estás longe de acabar com a guerra
Quem és tu, zé gato?
Mas tu és teimoso como um burro
Vai na luva ou vem a murro
Nada te faz desistir
A luta é de vida ou de morte
Mas a consciência é mais forte
E não te deixa fugir
Quem és tu, zé gato?
O que é que te faz correr
Pelos cantos mais sujos desta terra
Tu já deves saber
Que mesmo quando vences batalhas
Estás longe de acabar com a guerra
Quem és tu, zé gato?
És mais um caso de solidão
Porque afinal poucos são
Os que se entendem contigo
E às vezes é num marginal
Que vais encontrar, encontrar a tal
Compreensão de amigo
Quem és tu, zé gato?
O que é que te faz correr
Pelos cantos mais sujos desta terra
Tu já deves saber
Que mesmo quando vences batalhas
Estás longe de acabar com a guerra
Quem és tu, zé gato?
(e um saravá a estes senhores)
26.8.04
Português suave (com filtro)
Ligar a televisão e levar com um programa do Malato em directo da Ribeira do Porto já é suficientemente mau. As perguntas à populaça sobre o seu contentamento por estar ali são um must nestas ocasiões e revelam bem o nível (mais propriamente a falta dele) a que chegou o pequeno ecrã.
Mas então que dizer de um final com direito a hino português interpretado por esse ícone lusitano chamado Roberto Leal? O homem trouxe uma bandeira para se embrulhar e tudo, apesar de mal disfarçar o sotaque brasileiro que muito jeito lhe deu para que do outro lado do Atlântico se esquecessem da sua origem "tuga" e de um destino certo como padeiro.
No entanto, a cereja no topo do bolo ficou por conta do solo de guitarra heavy metal como introdução a A Portuguesa tocado pelo filho do artista - e se isto não é atentado aos símbolos da nação, então não sei o que o será. Já agora, convém recordar que por muito menos foi o João Grosso "crucificado" ainda há não muitos anos.
Volta lá para a terra da Maria, rapaz - sobretudo se esta ficar bem longe daqui.
Afinal havia outra
A Terra, afinal, não está sozinha. A descoberta foi de um português e, como não podia deixar de ser, por acaso. O tuga, astrónomo, encontrou um novo planeta-tipo-calhau a rondar uma estrela a coisa de 50 anos luz. Isto não é o blogue do Pacheco, mas que uma notícias destas deixa a malta contente, lá isso deixa. Senão, vejamos:
1) Se deus cricou a terra em sete dias... E este planeta? Em quanto tempo?
2) Terão também Narcisos Mirandas e Luís Filipe Menezes?
3) Até que ponto as rochas podem ser escaladas por João Garcia?
4) Já que foi um tuga a descobrir o planeta, pode chamar-se "Zé Manel" ao planeta?
5) Haverá morangueiro?
6) Haverá uma mina que se chame "da panasqueira" para praticar actividades sexuais alternativas?
7) Como é rochoso - e deve ser vermelho - é de lá que vem o dr. Spock?
Viva o planeta "Zé Manel"! Viva a libertação da Terra! Viva o barco do aborto em viagem até ao planeta "Zé Manel"!
25.8.04
Prémio Nobel do quê?
Não sei se esta é para rir, mas dá mais vontade de chorar. E para piorar as coisas, a página em questão até tem uma fotografia do Luís Delgado.
Solidariedade
Venho por este meio prestar os singelos sentiments ao Quinto e desejar um rápido restabelecimento após a jornada de luta que vai efectuar, bem como um regresso nas melhores condições possíveis. Aconselha-se ainda o uso exaustivo de tampões de ouvidos combinados com a ausência de higiene otorrínica durante os próximos dias.
24.8.04
A coisa 'tá preta
Este Galarza vai entrar em modo buraco negro: nos próximos dias, este alegre plumitivo vai para norte, para reportar sobre belas melodias, líricas sensíveis, enfim... lenitivos feitos música. É triste a vida assim mas trabalho é trabalho, como diz o chefe. Se sobreviver a esta verdadeira prova de fogo, regressarei um homem novo. Espero eu...
Pesadelo de uma noite de Verão
Marcianos a comerem tremoços numa esplanada do Ginjal com a Avril Lavigne a cantar em som de fundo.
23.8.04
The Abort Boat
Abort, exciting and new
Come Aboard. We're expecting you.
Abort, life's poorest reward.
Let it go, it floats away from you.
The Abort Boat soon will be making another run
The Abort Boat promises a nail for everyone
Set a course for placenta,
Your mind on a new paycheck.
Oh! Abort, won't hurt anymore
It's an open belly on a friendly shore.
Yes ABOOOORT! It's ABOOOORT! (hey-ah!)
Welcome, abort, is
Looooove!
Negócios
Depois de tanto livro, DVD, CD, azulejos de Nossa Senhora e afins, é de admirar como é que os nossos patrões da imprensa ainda não se lembraram desta...
Zé
Duas letras, um nome
Simplesmente Zé
Regressa ao povo
Olvida formal José
Dois homens, mas um destino
Unidos pelo nome e a televisão
O primeiro já conhece a tragédia
O outro quer mostrá-la à nação
De além Tejo ao Miguel Bombarda
Dista o passo do mais pequeno anão
Armado de bombas-gato na noite
Nu e famoso como um grande irmão
E nas Beiras, nasceu filósofo hábil
Que ao largo espreita o Rato órfão
Partido, à força de ferro e fogo,
Em casa pia mas sem direcção
Godofredo Freire
(in "Desconexões", Edições Alquimista, 2004)
E não querem também um primeiro-ministro?
Os dois quadros mais famosos do pintor norueguês Edvard Munch, "O Grito" e "Madonna", foram roubados do Museu Munch, em Oslo, por um grupo de homens armados que irrompeu pelas salas de exposição, noticiou a rádio estatal norueguesa NRK."Dois ou três homens armados ameaçaram um funcionário com um revólver", declarou a porta-voz da polícia Hilde Walsoe, acrescentando que ninguém ficou ferido e que os suspeitos fugiram num automóvel Audi A6.
22.8.04
Poema de Mestre Nestor Alvito
Canto V
Viriato cantou alto
à dona do seu peito
(nada mais, era um facto,
o dito estava feito):
Xilofones encantados
passeiam lado a lado
numa noite estrelada
com óleo avinagrado
Hipopótamos brilhantes
rinocerontes cantantes
e uma girafa doente
numa orgia decadente
(in As Luzidias [Poemas Épicos Para O Futuro], Edições Cátevia, 1989)
O Código d'Avintes
Em breve, conheça o livro que está a mudar a forma como se olha para o quadro «A Última Ceia», de Leonardo DaVinci.
Em O Código d'Avintes é, pela primeira vez, explicado que o pão pita não foi aquele repartido entre os apóstolos. Numa intriga internacional, de Nova Iorque a Sidnei, com passagem em lugares tão paradisíacos como Paris, Kuala Lumpur ou São João da Madeira, um jovem polícia desmonta finalmente o mistério da famosa pintura do mestre italiano.
O jovem investigador da C&A descobre que, no quadro, a paisagem não corresponde nem ao monte das Oliveiras, nem mesmo ao Sinai. É sim o Vale do Rio Sousa. Num desenvolvimento único, com lutas sangrentas entre duas poderosas organizações secretas, a Opus Dei e a Panificadora de Avintes Lda, leia a verdadeira história sobre o pão que Judas Iscariotes molhou no vinho.
Um verdadeiro page-turner, cujo volume atingiu a página do Top do New York Times!
Leonor Beleza
És tesa,
Uma dama na mesa,
És a nossa fortaleza,
Contaminado na pureza,
Do sangue a represa,
Teu filho cheira clareza,
Agora está na maltesa,
Já tiveste uma surpresa,
Quando penavas com frieza,
C'o Marcelo na moleza,
Tua família não é coesa,
Valha-nos tua irmã Teresa,
E nunca foste presa,
Ó Leonor Beleza!
de Eustáquio Pinho, Figuras de Estilo, Horta, 1999
Poema da manhã
Do injustamente desconhecido poeta Godofredo Freire, publica-se o seguinte escrito:
A flor singela baloiça ao vento matinal
Sob um céu de Agosto a ameaçar chuva
Ninguém vai fazer-lhe bem (ou até mal)
Nas flores não se bate nem com uma luva!
Para acabar de vez com a abstenção
A melhor forma de acabar com a abstenção é convocar eleições para um dia de trabalho. Assim, quem fosse à urna teria direito a uma justificação oficial e devidamente assinada para faltar ao emprego.
Comunicado do Comité Lateral
Inaugurou-se esta jorna nova sede dos The Galarzas na cidade. Regada a um bom tinto, acompanhado de melhor mexicano com patatas elaborado pela Quinta, salpicado depois com aromas de um licor de medronho com mel, que deixou as galarzianas em favo e, como hábito, o destilado liquido do filho do senhor Tiago, eis que está assim com sinal OPEN Olivais B.
Neste momento nada solene, em que a poesia deambulou sem nunca se sentar à mesa, foi também admitido à confraria
X Galarza,
que participará, regularmente, neste palco de coisas telúricas. A galarcha está paga.
Por ser verdade e por ter estado a dormir,
Optimus Galarza
coordenador do Comité Lateral
21.8.04
O meu desporto olímpico...
...é ouvir os comentadores da RTP, que parece que só trabalham de quatro em quatro anos e criam momentos de televisão únicos. Como este brilhante diálogo, protagonizado pelo casal de comentadores da prova de trampolim:
- O trampolim não é feito para quem não tem calma...
- Ou para quem não gosta de voar...
...ou como esta genial elocução sobre o atleta português Nuno Merino:
- (...) Ele é estudante de engenharia no Instituto Superior Técnico... Vamos ver se a engenharia consegue colocar uma medalha ao seu pescoço...
...ou como este curioso aparte sobre um atleta mais velho:
- A provar que a idade faz muito bem...
...ou como esta fabulosa introdução da jornalista em estúdio depois do intervalo:
- E como estamos no trampolim, pode dizer-se que vamos voltar aos saltos para Atenas...
Medalha de Ouro, já!
28
E agora, o jogador de esparregata mista em arco deambulante, categoria mais de 50 quilos, ainda em expansão, com mais títulos conquistados em todo o mundo: 28 (entre manchetes [no saco amarelo] e chamadas de primeira página [às costas]).
Desmedido capitalismo
Lista de casamento de The Galarzas
Conjunto de Chá em Porcelana
Conjunto Café 6
Aspirador de pó
Batedeira
Cafeteira
Centrífuga/mixer
Circulador de ar
Espremedor de frutas
Ferro de passar
Forno de microondas
Liquidificador
Máquina de café expresso
Miniforno elétrico
Multiprocessador
Torradeira/tostador
Ventilador
(continua...)
19.8.04
Santa Macacada, parte 3: a prova do burrié
Depois de procurarem atentamente, os The Galarzas descubriram as provas que Sua Sanidade não foi capaz de esconder: por baixo do seu assento papal, lá estavam eles - discretos, imóveis, escondidos... TRÊS BURRIÉS: um macaco mascarado, um filhote de macaco e... uma cabeça de galinha?!
Santa Macacada, parte 2: in search of the Pope
Um gajo vai, inocentemente, ao Yahoo! fazer uma pesquisa. No rectângulozinho escreve o objecto a pesquisar - «Pope» -, esperando, na volta do correio, obter um mundo de fotos, notícias e histórias sobre o Papa. Mas afinal, o que aparece é... isto:
É impressionante...
Santa Macacada
Os The Galarzas estão chocados com um seu primo... É esta a imagem que Sua Sanidade O Papa João Paulo Segundo (olha, é da família do nosso mestre!) quer transmitir da igualdade entre os povos, da salvação da humanidade, da vida para além da morte? Então e os pobres dos MACAQUINHOS?
O que é que Sua Sanidade vai fazer com os coitados dos burriés...? Vai esmagá-los implacavelmente contra a parte de baixo do trono? Vai atirá-los discretamente para longe? Ou vai entregá-los a uma associação de protecção dos animais? Isso é que era bonito, não era? Pois... mas em casa de ferreiro, espeto de pau, não é?
18.8.04
O fim do mundo em cuecas
Percebe-se que o fim do mundo está perto quando:
- o Primeiro-Ministro de um país europeu contrata a ex-«relações públicas» de uma revista côr-de-rosa para sua «assessora de imagem»...
- um respeitado jornal diário dedica as páginas centrais aos mistérios do croissant...
- a capital do capitalismo abre um café para gatos...
Assim, não há silly season que nos valha.
O que é que tem o cu a ver com as calças?
Depois de uma notícia destas...
Componente da "cannabis" poderá ser usada para tratar tumores cerebrais
...não se percebe uma coisa destas:
Detido aos 71 anos por cultivar droga!
17.8.04
COMUNICADO MUITO SÉRIO (a sério!)
Depois de olharem atentamente para a esquerda e para a direita... depois de lerem jornais e verem televisões e ouvirem rádios... depois de conversarem com as pessoas... os The Galarzas decidiram que o país e os tempos não estão para facilidades nem brincadeiras. Vai daí, após necessária consulta ao Conselho Lateral e a Optimus Galarza, os The Galarzas decidiram mudar de ares e optaram pela solução mais viável: VOLUNTARIÁMO-NOS PARA SERMOS ABDUZIDOS! É verdade, preenchemos o formulário, inscrevêmo-nos e agora só estamos à espera da chamada. Estamos ansiosos...
Mas será que ninguém tem nada melhor para fazer...?
Pelos vistos não! Agora, até um canal de TV norte-americano inventou um programa sobre Jennifers. Isso mesmo, Jennifers - esse importante e valiosíssimo contributo divino para a salvação da humanidade, para o fim da guerra, para o paz no mundo, para a estabilidade política, para o cumprimento orçamental que são as Lopez, as Capriatis, as Jamesons... Não é que a gente não goste delas, mas também gostamos de Angelinas e Camerons e Etelvinas e Felisbertas e não há séries de TV sobre elas. Olha que isto...
Os filmes da nossa vida I
- Subitamente no Verão Assado
- Engenheiro Jivago
- Contra os Canhões de Navarone, Marchar, Marchar
Os filmes em Cartaz
Explicação pedagógica aos cinéfilos
Agente Triplo
Drama sobre a vida de uma vacina que cura a febre tifóide, asiática e da carraça
No Nimas
As Leis da Atracção
Monólogo de uma maçã em queda
No Amoreiras, UCI Cinemas
Baran
Uma aventura de um barão da Madeira: «Olhó Baran, júlgâ quié ipourtânt»
No Quarteto
De Repente, Já Nos 30!
Filme sobre o número de sócios que aderiram ao Benfica em 2003
No Colombo, Millenium Alvaláxia
Dirty Dancing 2 - Noites de Havana
Um par de bailarinos de tango vai a Havana demonstrar a dança argetina quando é surpreendido por uma luta de lama
No Millenium Alvaláxia
Duplex
A história de um aleijado de guerra, em cadeira de rodas, que tenta alcançar a casa de banho
No Colombo, UCI Cinemas
Fahrenheit 9/11
Monólogo intimista de Fahrenheit com as nove virgens e os 11 filhos, no paraíso
No Alvaláxia
Falsas Aparências 2
Comédia musical, onde o protagonista descobre no fim que todas as notas que recebe são falsas
No Amoreiras, Fonte Nova, Millenium Alvaláxia, OlivaiShopping, UCI Cinemas
Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban
Documentário sobre a prisão de Guantânamo, conhecida como Azkaban pelos árabes, contado na primeira pessoa por um guarda prisional
No Amoreiras, Colombo, Fonte Nova, Millenium Alvaláxia, Monumental Saldanha Residence, OlivaiShopping, Turim, Twin Towers, UCI Cinemas, Vasco da Gama
Homem-Aranha
História de um homem com as unhas muito compridas que ficou preso na torre dos Clérigos e sofre com as bocas da populaça
No Amoreiras, Colombo, Millenium Alvaláxia, Twin Towers, UCI Cinemas, Vasco da Gama
Homicídios Ocultos
Um corpo é encontrado no quarto escuro do Trumps
No Amoreiras
16.8.04
15.8.04
Olímpicos
Eis as modalidades e os participantes nacionais nos Olímpicos de 2004:
Modalidade
Participante
100 metros prosa
José Saramago
Lobo Antunes
100 metros barreiras
Ricardo Chibanga
Pedrito de Portugal
300 metros estafetas
José Sócrates
Manuel Alegre
João Soares
Salto para a frente
Jorge Sampaio
Salto para o túnel
Santana Lopes
Salto do túnel
Carmona Rodrigues
Levantamento do capachinho
José Cid
Carlos do Carmo
Marcha para a derrota
Adelino Salvado
Sara Pina
Souto Moura
Celeste Cardona
Ginástica rítmica com fitas
Otávio Lopes
Trampolim
Paulo Portas
14.8.04
13.8.04
Hepá! Olha um blogue dum gajo gordo
Fomos avisados de que há um novo blogue. Diz que se chama Kissama. Cá para nós, é coisa de um ex-Galarza ribatejano. Mas isso...
Um, dois, um, dois, teste
A nação abençoada, no ano da graça de 2004, mês de César Augusto, sexta-feira 13, diabos a levem, vê um jornal fundado por um ministro, dirigido por uma familiar de um advogado do processo Casa Pia, publicar excertos que, asseguram, são retirados das famosas gravações que um certo jornalista terá feito com a malta aí das polícias.
O serviço público dos The Galarzas, agora activado à cata de subsídio estatal, aí está: eis as conversas que O INDEPENDENTE transcreve, dizendo que são entre Adelino Salvado, Sara Pina (assessora de imprensa do Procurador Geral da República) e Octávio Lopes.
Os The Galarzas têm em sua posse bobines de conversas entre John Reed e Alves dos Reis. Essas sim, de intenso interesse e que publicaremos em breve.
Como o país está tipo cenário de Monty Python, eis as conversas:
Ferro Rodrigues II
Octávio Lopes – Isto tem fundo?
Adelino Salvado – Tem, tem fundo, o quê?
OL – Ele está a mandar tiros para o ar ou o nome dele apareceu mesmo no depoimento das testemunhas.
AS – Claro. É um facto. Ele está a falar com conhecimento.
OL – Mas é uma, duas...
AS – (risos)
OL – Nós, até agora, sabemos que há pelo menos uma. E, já agora, contamos tudo o que sabemos. Há, pelo menos, uma que o situa num sítio onde terá ocorrido isto, mas que não terá feito nada, terá só visto. O que é que nos aconselha, sr. Dr., paranão errarmos?
AS – O que é que quer saber? Um ou mais?
OL – Sim.
AS – Mais.
OL – Foram mais? Mas...
AS – Agora, como sabe não tem consequências criminais.
OL – Porquê?
AS – Por falta de legitimidade, porque o MP não deduziu a acusação, uma vez que já atingiram a maioridade e não foi deduzida oportunamente queixa.
OL – Então, foram factos que já se passaram há mais de 5 anos.
AS – Não, não, não.
OL – Não?
AS – São factos em que os intervenientes atingiram entretanto a maioridade e não apresentaram queixa. Como o crime é semipúblico, o MP não tem legitimidade.
OL – Ah, então, o Ferro só não estará detido porque não houve queixa formal das crian...
AS – O MP, sem queixa, não pode deduzir a acusação.
OL – Portanto, estes indivíduos atingiram a maioridade.
AS – (...) já não me recordo, já passou muito tempo, são pessoas com essa possibilidade de já não poderem exercer a acção penal, porque já passou o prazo.
OL – Sr. Dr, uma das coisas que se dizem por aqui é que já foram tiradas mais certidões ao mega processo.
AS – Isso acredito, porque o MP, já tinha dito isso anteriormente, não tem tempo para pegar nas pontas todas que tem no processo. Tem de haver processos paralelos depois.
OL – De acordo com aquilo que se pode saber, e que nós sabemos também, o Ferro estará safo disto, não haverá nenhuma maneira de ser constituído arguido?
AS – Nesta investigação principal do processo, não, se surgir mais alguma coisa, entretanto, não sei. Sinceramente não sei.
OL – Ele diz também que poderá haver mais dirigentes do PS envolvidos nisto.
AS – Ah, ele diz isso?
OL – Deixe cá ver onde é que diz isso. Ah, não, não, essa parte não diz, isso sabemos nós. Depois, há aqui uma frase dele muito estranha que diz o seguinte “aqueles que coordenaram estas calúnias foram os mesmos que fizeram a divulgação das escutas”.
AS – Isso não acredito!
OL – Ó sr. dr, por aquilo que nós sabemos, isso caía-lhe em cima [do Ferro Rodrigues] que era uma coisa doida.
AS – Eu acredito é que alguém no caminho do processo para a Relação tirou fotocópias das contra-alegações do MP. Penso eu que foi isso que sucedeu. Agora, que o homem sabia, quando foi ouvido, sabia, dessas fantochadas todas, acho que sim. Aquele diálogo todo...
OL – O que se diz por aí é que, quando ele foi ouvido, foi apenas na história do segredo de justiça. Portanto isso não é verdade?
AS – Sim, mas foi informado. Ele sabe o que existe no processo. Já me disseram que o Nabais [advogado João Nabais], não sei se é verdade ou mentira, tem o processo todo fotocopiado no escritório.
OL – O processo da Casa Pia?
AS – Sim.
OL – Aah!
AS – Admito como plausível tudo.
OL – No fundo, isto é que é preciso saber, em princípio, não poderá suceder nada ao Ferro, uma vez que as queixas...
AS – Não são queixas.
OL – Perdão?
AS – Os factos apurados pelas testemunhas em relação a ele não podem ser levados à acusação uma vez que a pessoa que os relata não deduziu queixa nos 6 meses subsequentes a atingir a maioridade.
OL – Ah, mas é só uma pessoa ou várias?
AS – Não sei, penso que são, pelo menos, umas três. O que eu acho engraçado no Ferro e, nessa perspectiva, no PS, e estou a falar sempre como cidadão, é que basta ter acesso ao processo, porque ele deixa de estar em segredo, e se relatar aí, no seu jornal, os depoimentos, isso é a morte física e moral de qualquer pessoa. Como é que se subsiste a isso? Como é que se subsiste a isso? Vai dizer que é uma calúnia, que não é verdade? É uma coisa que aparece logo no princípio do processo, logo ali em Janeiro. Vai dizer que é uma cabala, isto, aquilo e aqueloutro...?
OL – No fundo, o sr. dr. está-me a dizer aquilo que já sabíamos.
AS – Os factos, quando aparecerem, são factos com tal poder de destruição que ele não resiste. O que é que ele vai dizer, diga-me lá? Que é uma cabala?
OL – Não pode dizer.
AS – Como é que prova uma coisa destas?
OL – Tá bom dr, mais uma vez, obrigadíssimo.
AS – Portanto, acho que basicamente ele está num beco sem saída, está a ganhar mais 6 meses, tá bem, mas para quê?
OL – Não se percebe bem, talvez para minimizar os estragos em relação ao próprio PS, digo eu.
AS – Tá bem, talvez, mas de qualquer das formas é a crónica de uma morte anunciada (...)
Sara Pina I
Sara Pina - ...os poderes...Ah!Ah!Ah!
Octávio Lopes – No exercício, depois entre parêntesis, gargalhadas.
SP – Ah! Ah! No exercício dos poderes hierárquicos que a lei atribui ao Procurador-Geral isto não é uma colisão com o Código do Processo Penal nem nada disso. O Procurador-Geral de uma instrução que na prática se dirige a duas magistradas e que são duas magistradas que não têm nada a ver com a equipa de magistrados que investigam o caso Casa Pia. Isto não é uma circular, é uma instrução concreta para um caso concreto que é legalmente e legitimamente dada pelo Procurador-Geral porque o Ministério Público (MP) é uma estrutura hierárquica e que, na prática, é dirigida apenas por dois magistrados que trabalham na Casal Ribeiro, aliás, não têm nada a ver com a equipa que trabalha na Gomes Freire, não é?
OL – Qual foi a instrução?
SP – Hã?
OL – Qual foi a instrução?
SP – A instrução foi a seguinte: nos processos por denúncia caluniosa relativos a factos conectados com a Casa Pia, os processos seguem normalmente com os seus trâmites, com excepção das queixas feitas por arguidos.
OL – Sim.
SP – (...) as queixas feitas por arguidos têm de ser suspensas até ao julgamento (...). Se os magistrados do MP acreditam nas testemunhas e deram como provados os factos que as testemunhas relataram, tanto que acusam os arguidos, o processo vai para instrução. Se a juíza os pronunciar (...) então estava tudo a fazer denúncias caluniosas, todos os magistrados envolvidos neste processo (...) Porque só quando houver julgamento, se não houver condenação, é que se pode pôr a hipótese de ter havido uma denúncia caluniosa (...)
OL – E em relação a Ferro Rodrigues?
SP – Continua
OL – Continua o quê?
SP – O processo continua normal e está a decorrer a investigação.
OL – Contra o Ferro Rodrigues está a decorrer uma investigação?
SP – Em relação à queixa.
OL – Mas o Ferro Rodrigues não é arguido.
SP – Por isso mesmo. (...)
OL – Quem foram os arguidos que apresentaram queixa?
SP – Não sei.
OL – Ó Sara, isso é que é preciso saber, fogo.
SP – Não sei ao certo.
OL – Não sabe ao certo?!
SP - Vou-lhe dizer alguns nomes que eu tenho, mas não sei se são todos. Mas primeiro que tudo só põe fonte da Procuradoria na primeira parte da conversa, o resto não põe.
OL – Está bem, está bem.
SP – Está bem?
OL – Está bem. Depois eu leio-lhe a peça.
SP – Pronto, esta parte posso-lhe dizer em “off”. Que eu saiba, os arguidos que apresentaram queixa foi o Cruz, o Abrantes, o Pedroso e o Ferreira Diniz.
OL – Só estes? São estas queixas que só vão prosseguir após o julgamento, independentemente das outras queixas dos não arguidos versarem sobre a mesma pessoa. Isto é ridículo, mas enfim (...) Eu vou escrever e depois digo-lhe alguma coisa ainda.
Os The Galarzas agradecem à D. Serra Lopes o servicinho e num se esquecem que as revistas do Taveira foram apreendidas.
Fliegender Zirkus, parte 2
Para meter inveja ao irmão que nos quis meter inveja...
ó o que eu achei cá em casa:
Monty Python's Flying Circus DVD Megaset!
e ó o que eu achei cá em casa também:
The Life of Python!
e ó o que mais eu achei cá em casa:
Pack Conan!
11.8.04
ÚLTIMA HORA: Nick Cave plagia Pacheco Pereira
Agência GaLUrZA: Segundo fontes aproximadas, o poeta australiano Nicholas (vulgo Nick) Cave escreveu uma nova música a partir dos escritos de José (vulgo Zé) Pacheco Pereira no seu blog Abrupto.
O tema There She Goes, My Beautiful World - incluído no próximo disco do cantor (a editar em Setembro, de acordo com fontes ouvidas em cassetes encontradas numa gaveta) - baseia-se nos vários posts da série «Pobre país, o nosso» do conhecido opinion faker português.
Os The Galarzas souberam ainda, de fonte gravada sem conhecimento, que Pacheco Pereira não deu autorização a Nick Cave para se basear nas suas declarações, até porque o poeta austral não pediu autorização ao comentador da SIC para se basear nas suas declarações.
A prova do plágio/tributo de Nick Cave a Zé Pereira pode perceber-se facilmente através de uma rápida leitura do poema:
THERE SHE GOES, MY BEAUTIFUL WORLD
The wintergreen, the juniper
The cornflower and the chicory
All the words you said to me
Still vibrating in the air
The elm, the ash and the linden tree
The dark and deep, enchanted sea
The trembling moon and the stars unfurled
There she goes, my beautiful world
There she goes again
John Willmot, penned his poetry riddled with the pox
Nabakov wrote on index cards, at a lectern, in his socks
St. John of the Cross did his best stuff imprisoned in a box
And Johnny Thunders was half alive when he wrote Chinese Rocks
Well, me, I’m lying here, with nothing in my ears
Me, I’m lying here, for what seems years
I’m just lying on my bed with nothing in my head
Send that stuff on down to me
There she goes, my beautiful world
There she goes again
Karl Marx squeezed his carbuncles while writing Das Kapital
And Gaugin, he buggered off, man, and went all tropical
While Philip Larkin stuck it out in a library in Hull
And Dylan Thomas died drunk in St Vincent's hospital
I will kneel at your feet
I will lie at your door
I will rock you to sleep
I will roll on the floor
And I’ll ask for nothing
Nothing in this life
Give me ever-lasting life
I just want to move the world
I just want to move
There she goes, my beautiful world
There she goes again
So if you got a trumpet, get on your feet, brother, and blow it
If you’ve got a field, that don't yield, well get up and hoe it
I look at you and you look at me and deep in our hearts know it
That you weren’t much of a muse, but then I weren’t much of a poet
I will be your slave
I will peel you grapes
Up on your pedestal
With your ivory and apes
With your book of ideas
With your alchemy
O Come on
Send that stuff on down to me
Send it all around the world
Cause here she comes my beautiful girl
There she goes my beautiful world
There she goes again
Solidariedade Galárzica
Por solidariedade com o revista FOCUS, os The Galarzas publicam, em exclusivo nacional, o polémico conteúdo das famigeradas cassetes do Octávio. Ei-lo:
PROIBIDO
Agora sim, percebe-se o porquê de tanta azáfama. Esperamos nós, optimistas The Galarzas, que os nossos esclarecidos leitores compreendam a relevância desta informação e a necessidade de desrespeitar a providêncial cautela. A partir daqui, lavamos as nossas mãos.
10.8.04
País Del'Arte
Cite-se o nosso marinheiro preferido, pois que o tempo (e a falta de ânimo) para isso nos empura. Ora façamos rewind:
«O país tem um primeiro-ministro preocupado com cassetes. O país tem jornalistas que são detectives e ex-detectives que se armam em romancistas. O país tem romancistas que escrevem light agora que só interessa o light. O país espeta-se na estrada com chuva e a chuva cai no país quando se está a banhos. O país é um gajo estranho.»
Poema de Mestre Nestor Alvito
Sem cura
A censura
nunca é pura
quem a atura
é quem dura
Como a dita,
que sempre
dura
Bem mais
que quem
a atura
(in Édito)
Dizia ela, há anos...
Queixa das almas jovens censuradas
«Dão-nos um lírio e um canivete
e uma alma para ir à escola
mais um letreiro que promete
raízes, hastes e corola
Dão-nos um mapa imaginário
que tem a forma de uma cidade
mais um relógio e um calendário
onde não vem a nossa idade
Dão-nos a honra de manequim
para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos um prémio de ser assim
sem pecado e sem inocência
Dão-nos um barco e um chapéu
para tirarmos o retrato
Dão-nos bilhetes para o céu
levado à cena num teatro
Penteiam-nos os crâneos ermos
com as cabeleiras das avós
para jamais nos parecermos
connosco quando estamos sós
Dão-nos um bolo que é a história
da nossa historia sem enredo
e não nos soa na memória
outra palavra que o medo
Temos fantasmas tão educados
que adormecemos no seu ombro
somos vazios despovoados
de personagens de assombro
Dão-nos a capa do evangelho
e um pacote de tabaco
dão-nos um pente e um espelho
pra pentearmos um macaco
Dão-nos um cravo preso à cabeça
e uma cabeça presa à cintura
para que o corpo não pareça
a forma da alma que o procura
Dão-nos um esquife feito de ferro
com embutidos de diamante
para organizar já o enterro
do nosso corpo mais adiante
Dão-nos um nome e um jornal
um avião e um violino
mas não nos dão o animal
que espeta os cornos no destino
Dão-nos marujos de papelão
com carimbo no passaporte
por isso a nossa dimensão
não é a vida, nem é a morte»
Natália Correia
P.S.: Os tribunais impediram a revista FOCUS de publicar qualquer frase que fosse sobre o escândalo das cassetes roubadas a um jornalista do Correio da Manhã onde o senhor fala, pelos vistos muito e mal, com "fontes".
Nem uma palavra
A SIC brada que a revista FOCUS recebeu uma providência cautelar, oriunda de um zeloso tribunal, que impede a publicação de sequer falar no caso das cassetes roubadas. Isto porque, diz a estação, a FOCUS se estaria a preparar, ou não, para publicar, ou não, as mais apetecidas conversas telefónicas dos últimos dias. Uma espécie de 0670 à moderna, com pessoas importantes a falar. Mas, citando o Pacheco Pereira, há que reconhecer a verdade do «Pobre país, o nosso».
A ver se a gente se entende:
1. Um jornalista gravou conversas sem que os gajos que estavam a falar com ele soubessem.
2. Vai dai, guardava as cassetes num armário, numa gaveta, no jornal dele.
3. Alguém lhe gamou as cassetes - diz o jornalista.
4. Ninguém ainda sabe QUANDO é que lhe palmaram as ditas. O que se sabe é que na sexta-feira passada foi apresentar queixa à polícia. Ora, das duas uma:
4a. Ou lhe gamaram aquilo na quinta ou sexta e o homem assustou-se e foi a correr à polícia;
4b. Ou não abre a gaveta há muito tempo e as cassetes esfumaram-se (o que é estranho, pois anda aí muita cassete do ZX Spectrum ainda a funcionar);
4c. Já lhe tinham palmado as cassetes há meses mas só agora, perante a macacada das notícias, fez queixa.
5. Entre a chuva, demitiu-se o director da PJ, Adelino Salvado. Porquê?
6. E, para fechar, ainda ninguém sabe que raio há nas cassetes, mas a revista FOCUS já levou uma palmada. De facto, é publicidade à borla. E um sinal estranhíssimo do que é justo num País preso à legalidade.
Noutros tempos, havia páginas em branco ou um aviso: «Revisto pela Censura». Ou «Censurado».
9.8.04
Para que não nos acusem...
...de desleixo ou falta de comparência, aqui fica esta posta, até que algo aconteça por aqui. Só porque sim.
8.8.04
O coronel VII (comportamentos tipo passe)
- Já Viu?
- Olá Coronel.
- Já viu?
- Já vi o quê?
- O Del Neri.
- Quem é esse?
- O do Porto, caramba. Você não gosta de futebol?
- Sim.
- Foi despedido.
- Essa agora, porquê?
- Atrasou-se para um treino.
- E isso dá despedimento?
- Pois é. Ninguém ainda pensou, mas a Lei Laboral do Bagão fez a primeira vítima.
7.8.04
Crónica de um Metrossexual
Termo "metrossexual" - designação fashion-mercadológica para um homem das grandes cidades que gasta mais de 30% de seu salário com cosméticos e roupas, frequenta manicures, aprecia um bom vinho, adora um shopping, é (para resumir) mais que simpatizante da cultura gay. Mas não se engane: é um sujeito bem macho. (in Folha de São Paulo)
Crónica 1
Quando acordei senti que os lençóis de algodão não éram os mesmos. Estavam agora na pele como pequenas velas desfraldadas, uma sensação de ar e conforto, mas estranha às pernas. Os lençóis alvos, trazidos de uma das melhores lojas da cidade - Deus, que canseira é encontrar bons lençóis de algodão, quanto mais de sêda - estavam agora como as bandeiras que, de um só pano, se desfraldam em pequenas tiras, a lembrar a subtileza artística das romenas nos jogos olímpicos, em exercícios no solo, com aquelas pequenas fitas a baloiçar no ar.
Perante este desfiar, olhei para o meu corpo. Precisava de cuidados, claro. Os calos éram tais que rasgaram os lençóis. Arranquei um com uma unha, mas o outro teve de ser com uma navalhita. A vida de metrossexual é muito exigente...
As cassetes
Gamaram umas cassetes ao jornalista do Correio da Manhã. Gamaram umas cassetes que tinham gravações com gente importante. Gamaram as cassetes onde fontes importantes falam com o jornalista sobre coisas da Casa Pia.
(hehehe)
6.8.04
Exclamativo às portas do FM
Não há Musa para tanta Lusa.*
Às segundas. Às 15.30h. Há ressonância no FM:
Monday, 16 August 2004
15.30 Musa Lusa Miguel Santos
Contemporary fado to experimental electronica, alternative pop to ethno\folk, jazz, modern composition, upfront club music and many other genres you would never dream come from Portugal.
(* adaptação livre de um poema do grande Fernando Grade)
5.8.04
4.8.04
O coronel VI (comportamentos tipo passe)
O Coronel mandou-me um e-mail.
«Meu caro
Eis a minha primeira medida do novo e-government: vou deslocalizar-me para o Alentejo durante 15 dias. Bom trabalho.»
PSicadelismo
É verdade que as coisas não andam lá muito bem na tasquinha do Rato... Mas isto assim também é demais, não? Ou será que alguém na secção de Benfica do PS anda a fumar charros e a ouvir discos de rock psicadélico a mais?
Bestiais Amigos II: a resposta que faltava
Caros Animais Amigos,
sou vosso leitor atento e gostaria de partilhar convosco a foto de um animal de pouca estimação que, tal como vocês dizem, se distinguiu pela invulgaridade do seu acto, ao tornar-se, de-repentemente, marquês do seu pombal. Se me permitem, aqui vai:
Bestiais Amigos
O Correio da Manhã não consegue parar de surpreender. O matutino inaugurou recentemente o fabuloso espaço Animais Amigos onde se pede:
«CONTE A SUA HISTÓRIA
Se o leitor conhece a história de um animal que se distinguiu pela invulgaridade do seu acto, não hesite em escrever-nos. Envie-nos a sua história acompanhada, se possível, de uma foto do animal de estimação (...)
»
E lá estão, pois, as histórias e as desventuras da Nelinha, do Velhote, dos irmãos Cacau e Chocolate, da Leonor, da Nina e de tantos outros.
Tudo isto e muito mais no jornal que, ainda há uns dias, se queixava que «Estamos a ser estupidificados»...