Nem uma palavra
A SIC brada que a revista FOCUS recebeu uma providência cautelar, oriunda de um zeloso tribunal, que impede a publicação de sequer falar no caso das cassetes roubadas. Isto porque, diz a estação, a FOCUS se estaria a preparar, ou não, para publicar, ou não, as mais apetecidas conversas telefónicas dos últimos dias. Uma espécie de 0670 à moderna, com pessoas importantes a falar. Mas, citando o Pacheco Pereira, há que reconhecer a verdade do «Pobre país, o nosso».
A ver se a gente se entende:
1. Um jornalista gravou conversas sem que os gajos que estavam a falar com ele soubessem.
2. Vai dai, guardava as cassetes num armário, numa gaveta, no jornal dele.
3. Alguém lhe gamou as cassetes - diz o jornalista.
4. Ninguém ainda sabe QUANDO é que lhe palmaram as ditas. O que se sabe é que na sexta-feira passada foi apresentar queixa à polícia. Ora, das duas uma:
4a. Ou lhe gamaram aquilo na quinta ou sexta e o homem assustou-se e foi a correr à polícia;
4b. Ou não abre a gaveta há muito tempo e as cassetes esfumaram-se (o que é estranho, pois anda aí muita cassete do ZX Spectrum ainda a funcionar);
4c. Já lhe tinham palmado as cassetes há meses mas só agora, perante a macacada das notícias, fez queixa.
5. Entre a chuva, demitiu-se o director da PJ, Adelino Salvado. Porquê?
6. E, para fechar, ainda ninguém sabe que raio há nas cassetes, mas a revista FOCUS já levou uma palmada. De facto, é publicidade à borla. E um sinal estranhíssimo do que é justo num País preso à legalidade.
Noutros tempos, havia páginas em branco ou um aviso: «Revisto pela Censura». Ou «Censurado».
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