tertúlia oficial do conjunto azorrague músico-poético The Galarzas (remasterizado)
30.4.04
Informação útil e indispensável para o bom funcionamento do país, das suas gentes e instituições, em dia de debate na Assembleia da República
Hoje é dia 30 de Abril de 2004.
29.4.04
Epá, tanta gente!
Diz a LUSA que «apenas quatro pessoas compareceram hoje frente à Câmara de Lisboa para apoiar Pedro Santana Lopes». Tenho dito.
Portugal, um disparate total
Ontem à noite, este Galarza foi à estreia da comédia musical «Portugal, Uma Comédia Musical». Estavam lá tantas estrelas de cadentes e tantas câmaras e tantos microfones que este Galarza pensou que a peça se desenrolava no átrio do São Luiz.
Ontem à noite, este Galarza foi ver «Portugal, Um Disparate Musical». Valeram as músicas do SG Gigante, a presença da Marisa Cruz e... pouco mais. Nada de tão hilariante como o jogo da Selecção ou os apitos dourados.
Esta madrugada, este Galarza percebeu que perdeu uma boa noite de descanso...
28.4.04
«Eu vou!»
Os The Galarzas já foram convocados para a Manif In Túnel. Pedem-nos, em anúncio de página inteira no Correio da Manhã, para irmos «todos em apoio ao Presidente da Câmara Municipal de Lisboa eleito». E dizem-nos para irmos «pelo túnel mais cidade pela modernidade».
Ao que se m'alevanta uma questão: será que, como para o Euro 2004 e para o Rock In Rio Lisboa (ainda não conhecemos este tão falado Rio Lisboa, mas continuamos a procurar), vão estar disponíveis autocolantes a proclamar «Eu não fui convocado» e t-shirts a revelar «Eu não vou!»? É que nós queremos sete...
Reparo
Chega o Fuas Roupinho
Com travões ABS
Aterra na Portela da Azóia
O J. Oliveira Marques
E dez tomos de História
Vêm os pastorinhos
Todos três
Enganar-nos na Oliveira
Vem o Salazar
Afundar-nos em alto mar
Está o Martim Moniz
Engasgado entre
O ferrolho e o nariz
Embrulha-se a nação
Como era dantes
E entrega-se tudo ao
Eanes
Resmunga o Cerejeira
Com o caruncho da madeira
Alerta-se o João Jardim
Para mais um festim
Alija-se a carga de Belém
E fica lá o Santana, Marquês o tem.
Num saco bem fechado,
Vão a flutuar os revisionistas
Vai o Rosas, o Pulido Valente
Sarracenos, até judeus dos que sobraram
Tasqueiros é que nunca, somos país
De alta roda,
Homero tem um T4 na Quinta da Marinha
E faz jogging de manhanzinha.
E se não te basta
O bispo de Setúbal ou o
Salgueiro Maia
Se o Bloco de Esquerda
Não é mais que
A mesma treta
Deus salve, Pátria nossa
Enfia-se o Silva no Pulo do Lobo
Reacorda-se o Spínola
Faz favor, senhor Otelo
Sá Carneiro, o que chegar primeiro
Tomai conta do estabelecimento
A contento
Com o uso
Está difuso
O sustento
Dão promessas
Logo à noite
E remessas
De desgraças
São Falácias
Vos valha
Pois se acreditais
Que era isto Portugal
Fechai os olhos e gritai:
Puta que pariu, Afonso,
Tua mãe te fez algum mal?
de Eustáquio Pinho, Meia Bala e Forca, sobrevoando Lisboa, 2004
27.4.04
«Ó... meu Deus!» (partes 2 e 3)
Em tempos, perguntava-me eu «Que mais faltará inventar?». A resposta é: isto...
...e isto...
.
Mas quem me manda a mim perguntar coisas?
26.4.04
O triste fado da nação
Vai assim o fado do ECT:
«(...) tudo isto é fado, Portugal é Madail, Portugal é Valentim, Portugal são Fátimas, Portugal é Marco de cada vez, Portugal é bola, vejem os anúncios cos senhores do governo mandaram fazer pó Euro, é tudo estádios, até as paisages, que pena não haver fadistas na política, só o Almeida Santos, porque padres até já há, mas só o padre Borga canta na TV, canta na TV, canta na TV, assim com o fado os efes já ficavam juntos na TV com a política, que é como devia ser, ele é futebol, ele é Fátima aqui como sinédoque para religião, mas isso não interessa nada, é Fátima porque começa por F e religião começa por R como evolução e Fátima não se pode confundir neste caso com Felgueiras só se vocês quiserem, e o outro F é o do fado, que é o nosso destino, e então política escreve-se com F e televisão também, são os cinco efes, ai a santa televisão, se não fosse ela, como é que nós havíamos de ver isto, agora é que sim, o nosso país real está todo na televisão (...)»
Rendo-me: este gajo é um Galarza...
25.4.04
Abril é o quê?
Paulo Portas foi vaiado. Durão Barroso foi vaiado. Os Capitães de Abril recusaram o convite. 40 mil desfilaram na Avenida da Liberdade. O Futebol Clube do Porto ganhou o Campeonato. O Gondomar ganhou aos Dragões Sandinenses.
Tudo está na mesma quando fica na mesma...
24.4.04
Anónimo
Quando as palavras nos separaram
E o olhar nos mandou embora,
A vida colou-nos pelas
Plantas dos pés.
Porque se desfizemos o que
Ela quís para nós
É tão só justo que,
Se algum dia nos tentarmos
Voltar a beijar,
Se estalem as vertebras,
Morramos.
de Eustáquio Pinho, De Si, Litro, Salvaterra, 1991
Amanhã, de manhã
«Aqui posto de comando do Movimento das Forças Armadas.
As Forças Armadas portuguesas apelam a todos os habitantes da cidade de Lisboa no sentido de recolherem a suas casas, nas quais se devem conservar com a máxima calma.
Esperamos sinceramente que a gravidade da hora que vivemos não seja tristemente assinalada por qualquer acidente pessoal, para o que apelamos para o bom senso dos comandos das forças militarizadas, no sentido de serem evitados quaisquer confrontos com as Forças Armadas. Tal confronto, além de desnecessário, só poderá conduzir a sérios prejuízos individuais que enlutariam e criariam divisões entre os Portugueses, o que há que evitar a todo o custo.
Não obstante a expressa preocupação de não fazer correr a mínima gota de sangue de qualquer português, apelamos para o espírito cívico e profissional da classe médica, esperando a sua acorrência aos hospitais, a fim de prestar a sua eventual colaboração, que se deseja, sinceramente, desnecessária.»
23.4.04
Introdociendo Señor Kevin Johansen
«Guacamole
Sittin’ on a bencho, waitin’ for the teco guacamole
Carne con frijole’, carne con frijole…
Waitin’ for the sun to shine, hopin’ for the chicken yakisoba
Hope there’s some left over, hope there’s some left over…
Ay, mami, qué está haciendo, dónde va?
Ay, papi, no sé, pero vete ya!
Even when the pompan takin’ on a holey, guacamole…
Samarranch, Havelange, Copa Mundo, UEFA de la FIFA
Just like Queen Latifah, hope she got some reefah
Solitaire, happiness, joie de vivre just’ a like Lola
Hope she’ there sola, hope she’ there sola
Guacamole, Si Señor, Por Favor!
Ay, mami, qué está haciendo, dónde va?
Ay, papi, no sé pero voy pa’ allá!
Even when the pompan takin’ escabeche
Uy, café con leche!
Vamos a comer a lo de Beto, que nos hizo guacamole!
Carne con frijole’, carne con frijole’!
Cuchufrito, habichuela, hot tamale, trucha al escabeche,
Con café con leche, con café con leche…
Chimichurri, zucundún con chequendengue, Caraguatatuba
Y uma caipiruva, y uma caipiruva…
Un poquito de manteca, cuatro cucharada e’ milanesa
Queso con frambuesa, pongan bien la mesa!
Boca Juniors, River Plate, Chacarita, Diego Maradona
Diego no perdona, Diego no perdona
Solitaire, happiness, joie de vivre, just a like a Lola
Hope she there a sola, hope she there a sola…
Ay, mami que esta haciendo, donde va?
Ay, papi no se pero voy pa’ alla!
Even when the pompan takin’ on a lilly
Don’t be so silly…
Guacamole, guacamole, si Señor, por favor!»
The Nada!
Abril Alegre
Trinta anos depois querem tirar o r
se puderem vai a cedilha e o til
trinta anos depois alguém que berre
r de revolução r de Abril
r até de porra r vezes dois
r de renascer trinta anos depois
Trinta anos depois ainda nos resta
da liberdade o l mas qualquer dia
democracia fica sem o d.
Alguém que faça um f para a festa
alguém que venha perguntar porquê
e traga um grande p de poesia.
Trinta anos depois a vida é tua
agarra as letras todas e com elas
escreve a palavra amor (onde somos sempre dois)
escreve a palavra amor em cada rua
e então verás de novo as caravelas
a passar por aqui: trinta anos depois.
(Manuel Alegre)
Gom Do Mar
se bem entendemos, o esquema é este: o euro passa do contribuinte para a direcção geral de impostos para o orçamento de estado para a ministra das finanças para as câmaras municipais para as empresas municipais para os clubes locais para os árbitros para as empresas municipais e para as câmaras e outra vez para os clubes que desta vez passam para outros clubes que passam para empresas privadas sa que passam para os partidos que passam para as campanhas que conquistam votos dos eleitores que ganham euros e o que sobra ao fim do mês de euro passa do contribuinte para a direcção geral de impostos para o orçamento de estado para a ministra das finanças para as câmaras municipais para as empresas municipais para os clubes locais para os árbitros para as empresas municipais e para as câmaras e outra vez para os clubes que desta vez passam para outros clubes que passam para empresas privadas sa que passam para os partidos que passam para as campanhas que conquistam votos dos eleitores que ganham euros e o que euro passa do contribuinte para a direcção geral de impostos para o orçamento de estado para a ministra das finanças para as câmaras municipais para as empresas municipais para os clubes locais para os árbitros para as empresas municipais e para as câmaras e outra vez para os clubes que desta vez passam para outros clubes que passam para empresas privadas sa que passam para os partidos que passam para as campanhas que conquistam votos dos eleitores que ganham euros...
Certo, senhor Major?
22.4.04
Trova do tempo que passa
Não sei se será dos dias que passam ou por serem vésperas de Abril, mas à luz desta história do Major, lembro-me que já o Zeca cantava
«Se tem má pinta,
Dá-lhe um apito e põe-no a andar
De espada à cinta, já crê que é rei
D'aquém e d'além mar.»
Pois um apito é o que parece que já lhe deram - ao Major «d'aquém e d'além mar». Já só falta pô-lo a andar.
Canção para o Major
Apita o Comboio
(Zimbro)
Apita o comboio, que coisa tão linda
Apita o comboio perto de Coimbra
Apita o comboio, lá vai a apitar
Apita o comboio à beira do mar
À beira do mar, mesmo à beirinha
Apita o comboio no centro da linha
À beira do mar, debaixo do chão
Apita o comboio lá na estação
Apita o comboio sobre o rio torto
Apita o comboio ao chegar ao Porto
Apita o comboio logo de manhã
Vai cheio de moças para a Covilhã
Apita o comboio lá vai a apitar
Apita o comboio à beira do mar
À beira do mar, mesmo à beirinha
Apita o comboio no centro da linha
Pinto Dourado
Pois 'táva-se mesmo a ver que isto ainda ia dar ao Pinto da Costa (e ao Vale e Azevedo e, vai na volta, até ao Santana Lopes)... Agora, ao Sousa Cintra? Queres ver que afinal o «apito dourado» não é por causa do dinheiro mas por causa da côr da cerveja?
A Pita Shoarma
Ouvido por este Galarza num balcão do Joshua's Pita Shoarma num centro comercial lisboeta:
«Eu quero uma Pita Dourada...»
21.4.04
O que faz falta
Chego ao aconchego do meu desconfortável local de bulimento, depois de uma frustrada tentativa de almoço (falhada pela chuva primaveril e pelo excesso de gente a fazer fila na bicha...) e ouço na rádio o Zeca a avisar
«o que faz falta é animar a malta,
o que faz falta...
o que faz falta é animar a malta,
é o que faz falta.»
e dou por mim a pensar «tens toda a razão, Zeca!». E só depois me apercebo como a voz do Zeca ainda hoje me arrepia...
20.4.04
Frases para os próximos dias e o seu real significado:
Confio inteiramente na justiça
Estou já a tratar da transferência do dinheiro para a conta do magistrado
Doa a quem doer
Que se culpe imediatamente o roupeiro do Vizela
Temos de ir até ao fim
O melhor é não mexer muito nesta merda
O senhor Major tem toda a minha solidariedade institucional
Ora, como não sou nenhuma Caixa Geral de Depósitos, tou-me bem marimbando pró Major
O desporto tem de estar acima destas coisas
Estas coisas eram em cheque, viagens à Argentina e tudo por baixo da mesa
Quem sabe de alguma coisa, que o diga e diga já
Para ver se encontramos os bufos e lhes espetamos com um tiro na cornadura
O Governo e o senhor Procurador Geral sabem dar valor ao Estado de Direito
Não tarda, vem tudo para a rua, como na Casa Pia
Portugal tem uma imagem a preservar no mundo do desporto
Como ninguém me ouve fora de Portugal, posso dizer o que quiser
Também em Espanha, com Gil y Gil ou em França, no Marselha, aconteceram coisas piores
Que isto está entalado, é verdade, mas a culpa é de todos. Ou não querem a média europeia?
19.4.04
Ai, Rouxinol
Dentro em breve, os The Galarzas terão a honra e o prazer de devolver à nação uma das suas mais histriónicas heroínas: Natália de Andrade, a Padeira de Aljubarrota do canto lírico-ligeiro.
Para ajuçar o apetite, ficam as palavras de Pedro Osório: «Há cerca de 15 anos, uma cantora portuguesa tragicómica, de seu nome Natália de Andrade, cujos trinados pseudo líricos provocavam o riso em toda a gente, excepto nos poucos que conheciam a sua triste história, foi levada à televisão a um programa de grande audiência do Júlio Isidro. O sucesso hilariante que obteve levou a que um disco autoeditado vendesse cerca de 500 cópias.»
Em breve, num belógue perto de si...
18.4.04
23 Mil Contos
Parece que o senhor Residente na Câmara Municipal de Lisboa, um certo Pedro Sacana Lopes, decidiu comprar um carrito novo. Não, não foi o tão badalado Smart, de que tanto se falou e escreveu (e que até deu para o senhor Sacana Lopes mostrar que é um homem como qualquer outro, que comete infracções como qualquer condutor e que se está a cagar para as regras de trânsito como qualquer lisboeta). O carro novo do senhor Residente na Câmara é um Audi A8, igual ao do Senhor Presidente da República e que custou a Lisboa a módica quantia de 23 mil contos...
Ora, com 23 mil contos, o senhor Residente podia ter plantado as árvores que anda a arrancar no centro de Lisboa e em Monsanto. Poderia ter acabado as obras que começa e não termina na zona antiga da cidade. Poderia ter realojado os moradores dos bairros degradados como prometeu. Poderia ter feito mil e uma coisas. Poderia ter ido para o raio que o parta. Mas não... Comprou um Audi A8. Deve ser para ficar mais perto do tal cargo com que tanto sonha...
17.4.04
Ontem dormi o dia todo
Quando me vieram acordar
Éram para aí umas sete da tarde
Bradavam rubros
Que já se podia dizer
O que se pensa.
Julguei-os loucos.
Virei-me para o lado.
Rogaram que ouvisse telefonia.
Pena, disse-lhes,
Que só agora não tivéssemos
Nascido.
de Eustáquio Pinho, Parlamentos a Você, Lisboa, 1974
Ora, Filmezinho
Ai vão seis megas de Abril. Passe aqui com o cursor e depois, com o botão direito do rato escolha «Guardar destino como...».
Pode carregar para ver logo, mas é necessária uma ligação valente.
Programa oficial do 25 de Abril
10h00 - O General Spinola é desenterrado.
10h15 - Kaúlza de Arriaga, Marcello Caetano e Rosa Casaco recebem medalha da Liberdade.
10h30 - Mário Soares, Álvaro Cunhal e mais uns 200 são encarcerados simbolicamente em Caxias.
11h00 - Sessão solene na Assembleia da República, a que assiste o democrata José Eduardo dos Santos.
12h00 - Final da sessão solene. Pausa para a sardinhada, ao som do fado «A Casa da Mariquinhas»
15h00 - Subida da Avenida da Liberdade
15h10 - Presidente Sampaio acaba a subida da Avenida.
15h45 - Os restantes notaveis concluem a subida da Avenida.
17h00 - Recepção do ministro da Defesa aos combatentes do ultramar.
17h30 - Médico legista chamado ao forte de S. Julião da Barra para remover ministro da Defesa.
17h33 - Causa de falecimento do ministro: indigestão promessal.
18h00 - O general Spinola queixa-se da tíbia. Paragem para um pequeno lanche.
19h00 - Desfile de carros alegóricos das Marchas de Santo António em 1973.
20h00 - O primeiro-ministro Durão Barroso dirige-se ao seu homólogo espanhol: «Olhe que estou a ser Franco», afirma.
20h30 - Jantar no Palácio das Necessidades.
20h31 - Dado o cheiro das necessidades, jantar é transferido para a Pizza Hut de Alverca.
21h00 - Almeida Santos é agraciado com a Ordem das Empresas de Material Didático para África.
22h00 - Paulo de Carvalho reconcilia-se com Dias Loureiro.
23h00 - Grande espectáculo oferecido pela Câmara de Lisboa, onde é imolado José Pacheco Pereira.
23h12 - A pira não arde.
23h13 - Nuno Cardoso, ex-futuro presidente da Câmara do Porto diz à TSF que compreende o problema do fogo, pois já lhe aconteceu uma vez, na passagem de ano.
23h30 - Fernando Santos, Camacho e Mourinho abrem o seu restaurante "Hard Balls Café".
23h45 - Lançado o vírus "Apagazeca.rtf", que destrói todos os ficheiros que contenham o nome, poesia ou músicas de José Afonso.
23h48 - Spinola pede licença para regressar à tumba.
00h00 - Champalimaud, Mello, Espírito Santo vêm finalmente devolvidos os 300 contos de impostos pagos desde 1974.
Resposta à Nota Interna
Perguntas tu, caro irmão Quarto, quem é a D. Rebeca Romeu Santos. Pois perguntas tu mui bem: quem é mesmo a Dona Rebecca Romijn-Stamos? Ora, a Rebecca (Rabeca, p'rós amigos) era uma modelita que um belo dia decidiu ser actriz de Alaúde - perdão, Óliúde... E até fez uns filmezinhos, uns X-Menzitos... Não é lá muito boa actriz, mas é muito boa atrás.
E pronto: eis a Rabeca, uma bonita senhora de quem a gente gosta muito. No fundo, como se diz em bom transmontando, é uma senhora gaja boa!
Posto isto, dorme bem, caro irmão cardinal. Um saravá e uma massagem na omoplata, do teu sempre pronto.
16.4.04
Atenção, Sras e Srs
Os The Galarzas vêm por este meio anunciar que, por enquanto, não têm nada para dizer. Ou talvez tenham, porque a esta hora por aqui a coisa está negra. Nuvens cabisbaixas toldam a mente e o espírito desta gente sem rumo, que, a meio de uma sexta-feira igual às outras, aguenta a cabeça em dor sobre um pescoço rapinante. Ou não...
15.4.04
25 de Abril é Revolução
Podem esconder a coisa, podem escamotear a coisa, podem tentar reescrever a coisa... Mas não há volta a dar-lhe: 25 de Abril é Revolução. A Evolução veio depois disso, da Revolução. Devagarinho, discreta, pequenina. À medida do país...
Aliás, agora que escrevo isto pergunto-me se terá mesmo havido Evolução... É que, de repente, parece que este país continua tão atrasado como antes, tão último como antes, governado por mentes tão tacanhas como as de antes, por gentinha tão «puta que a pariu» como a de antes... Por gente que queria ter escrito nos cartazes «25 de Abril é Evil».
25 de Abil é Evolução
Andam aí uns catazes a dize que 25 de Abil é Evolução. Nós, atentos The Galazas, já tínhamos avisado: não podem deixa o Ministo Moais Samento faze tudo... Depois sai asneia, faltam letas, cia-se a confusão...
14.4.04
Assim não dá, pá!
O SirHaiva é do caraças... 'Tá sempre a descobrir as cenas mais hilariantes. Depois um gajo quer fazer um brilharete e não consegue, porque o SirHaiva chegou lá primeiro, o SirHaiva postou primeiro. Mas a gente perdoa o SirHaiva, porque a gente gosta do SirHaiva.
Portanto um saravá, SirHaiva, e obrigado por nos mostrares o Saddam armado em Outkast a cantar o Hey Allah (entre outras coisas mais mundanas com que os The Galarzas se têm babado, perdão, entretido).
13.4.04
Estórinha de encantar
«Gumes
5.
O rei mimado está
Feliz e sem rival
E verte para mim
Cem gotas de água e sal
Aos saltos e pinotes
Percorre agora o chão
Mas pára p’ra lutar
À vista de um dragão
Batuques e tambores
Ilustram o combate sem dó
Alguém me afaga a lã
Me puxa num trenó
Me leva na manhã
Do sol-e-dó
Acordam os amores
No reino da paixão
São elfos e duendes que
Nos levam pela mão
As folhas são azuis
O sol vermelho está
A relva sua e diz que
A vida é um sofá p’ra gozar
São monstros de cordel
Histórias de encantar
No espelho de Babel
A festa não tem fim
Volteia agora o vento
E eu peço um gin.»
(in , hoje nas bancas com o Blitz)
12.4.04
30 voltas
Quarto Galarza, faz hoje anos, comia alarvemente antes de recitar o poema que haveria de roubar os aplausos da audiência e provar que, se havia poesia, era ele. Um abraço, camarada. Um obrigado, amigo Galarza, à força ou não, pouco interessa, pois, de nós, foste o primeiro a ir ao céu e voltar, para o descreveres como ninguém.
30 voltas
Yuri Alekseyevich Gagarin, faz hoje anos, partia para a sua missão que haveria de rasgar o céu e provar que os cosmonautas estavam nascidos. Um abraço, camarada, voluntário à força ou não, pouco interessa, pois foste o primeiro a ir ao céu e voltar.
para Quarto Galarza
Balada para los poetas andaluces de hoy
(de Rafael Alberti)
¿Qué cantan los poetas andaluces de ahora?
¿Qué miran los poetas andaluces de ahora?
¿Qué sienten los poetas andaluces de ahora?
Cantan con voz de hombre, ¿pero donde están los hombres?
con ojos de hombre miran, ¿pero donde los hombres?
con pecho de hombre sienten, ¿pero donde los hombres?
Cantan, y cuando cantan parece que están solos.
Miran, y cuando miran parece que están solos.
Sienten, y cuando sienten parecen que están solos.
¿Es que ya Andalucia se ha quedado sin nadie?
¿Es que acaso en los montes andaluces no hay nadie?
¿Qué en los mares y campos andaluces no hay nadie?
¿No habrá ya quien responda a la voz del poeta?
¿Quién mire al corazón sin muros del poeta?
¿Tantas cosas han muerto que no hay más que el poeta?
Cantad alto. Oireis que oyen otros oidos.
Mirad alto. Veréis que miran otros ojos.
Latid alto. Sabreis que palpita otra sangre.
No es más hondo el poeta en su oscuro subsuelo.
encerrado. su canto asciende a más profundo
cuando, abierto en el aire, ya es de todos los hombres.
11.4.04
25 do Baril
«(...) Não era isto a revolução.
Não era esta a liberdade lisérgica que te estava prometida (...)»
(Cárcere, de Mão Morta
in Nús, 2004)
10.4.04
8.4.04
Poema de Boris Vian
Cores e Paladares
Há sexos curtos
E outros que dão pelos joelhos
Raiados de amarelo e lilás
Como a sombra do sol através das grades
E as mulheres, algumas cheiram
A caldo de coelho bravo.
É bom, com pão torrado.
(in Cantilenas em Geleia, Relógio D'Água, 2004)
O coronel III (comportamentos tipo passe)
O coronel não está habituado a beber. Contou-me que passou sete anos sem ver pinga de água. Hoje, não vê o corpo abaixo do abdómen.
7.4.04
Bifidus activo (adenda)
De um conhecido chef alemão de origem romena que habitualmente confecciona leves postas num restaurante cá no bairro recebemos a seguinte adenda:
Bacalhau com Nadas, prato leve, muito leve, tão leve, que nem bacalhau leva
Bifidus activo
Na linha dos produtos saudáveis, os The Galarzas apresentam...
Pratos para as pessoas que já andam a pensar no Verão:
Bacalhau sem Todos, prato leve, posta de bacalhau fina, a solo
Eira, uma farinheira sem farinha nem gordura
Carne de Porco à Àrabe, prato que não demora a confeccionar
Moê-las, cartilagens moidas, ao natural, com raspas de limão
Musse de Tília, macere as folhas com um pouco de vinagre e engula
Minuta portuguesa para reivindicação de atentados
AO _________________ (inserir jornal).
O _____________________ (nome do grupo terrorista), vem por meio desta reivindicar o atentado levado a cabo em ____________ (inserir localidade), na freguesia de _____________, concelho de ________________, distrito de ________________.
Os organizadores do atentado, _____________________________________ (nome ou nomes), de filiação _______________________ (nome do pai) e __________________________ (nome da mãe), descendentes ainda de ____________________ (nome avô paterno), _________________________ (nome avó paterna), _________________________ (nome avô materno) e _____________________ (nome avó materna), assumem toda a responsabilidade pelos danos materias causados nas propriedades _________________________________________, que constam na(s) consertavória(s) do(s) registo(s) predial(ais) _____________________________________________, sob os assentos número __________________________, e declaram que conhecem a lei portuguesa e aceitam as devidas consequências.
Mais se informa que os (riscar o que não interessa) bombistas / operacionais / bombistas suicídas / autores / co-autores, com o(s) número(s) de Bilhete de Identidade ______________ __, de ____/____/20__, do(s) arquivo(s) de Identificação de ________________, têm residência habitual em Rua/Praça/Largo ________________________________ número/lote ______, código postal ______-____.
Por ser verdade, e por estar de acordo com as normas de reivindicação vigentes, assinam obrigados,
_________________________________
_________________________________
_________________________________
(Assinaturas conforme Bilhete de Identidade. Observações no verso, p.f.)
O Estado Português reserva-se o direito antes de confirmar a autoria dos atentados, e só o fará depois de verificados os dados acima referidos. Caso haja algum engano, a autoria reverterá a favor do Estado, bem como os possíveis ganhos políticos ou morais que advenham da acção conduzida sob forma tentada ou concretizada. Estabelece-se que os litigios legais deverão ser apresentados no tribunal da comarca onde ocorrem os atentados ou, na falta do mesmo, daquele que mais próximo fique da sede de concelho da localidade.
Passeio
Passe vite
Vi-te a meio
Tomar pelas partes
O que foi de um todo
Tomar a polpa
Tomar o sumo
Tocar a ostra
Interrogar os meios em Mao
Intemporal, sossegar
A princípio
Maio era de todos
A meio de nenhum
Mês de medo, de mãe
Que fora nos tempos de
Outrém
Inquestionável vontade
Violável serenidade,
Empresta-me um bico de fogão
Aqueço-me agora,
A sopa não.
de Eustáquio Pinho, Luanda Que Vais Tão Alva, Vila de Rei, 1997
6.4.04
O coronel II (comportamentos tipo passe)
O coronel mandou parar a guerra e foi, num instante, comemorar o seu aniversário com as mulheres dos oficiais, a quem tinha organizado o campeonato de canastra. O coronel sabe-la toda.
O coronel I (comportamentos tipo passe)
O coronel contou-me hoje que era campeão nacional de 400 metros femininos. O coronel sabe-la toda.
5.4.04
Cartazes de Branco Galarza
Contra o crime
Contra a crise
Contra o desemprego
A favor do desemprego
A favor da crise
A favor do crime
As viagens do Repórter Galarza
O repórter Galarza chegou há poucas horas de Manchester, onde foi visitar um dos finest pubs da Britain, onde assistiu a uma manifestação de pelo menos sete pessoas contra qualquer coisa e onde perdeu quase duas horas numa Waterstone's Bookstore.
Ah... pelo meio ainda entrevistou e assistiu a um concerto dos Scissor Sisters na cidade universitária lá do sítio, comeu num verdadeiro Oriental Buffet e descobriu vinhos ribatejanos à venda num supermercado em frente ao Palace Theatre (onde em exibição estava o musical «Footloose»).
E apanhou uma molha. E assustou-se com o alarme de incêndio do hotel, que disparou por causa da caldeira do tal Oriental Buffet na cave do hotel e que obrigou o repórter Galarza a andar pelos corredores descalço porque ficou fechado fora do quarto...
É assim a vida dura e atarefada do repórter Galarza.
4.4.04
Instrucciones para salvar el odio eternamente
Si ella se va no la perdones.
Si te deja cultiva bien tu odio.
Nunca seas generoso en olvido, si ella se va.
Si te deja no digas adiós
o "Qué vamos a hacerle", no pidas perdón.
No repases vuestras fotos
y, mirándole a los ojos,
regálale eterno tu odio.
Si ella se va no trates nunca de entenderla.
Maldice sus pasos.
Nunca creas sus despedidas, sus promesas, su explicación.
Y provoca llanto y dolor,
que queme su conciencia como el sol,
que el adiós le corte como una cuchilla.
No te confundas ella, es la asesina.
Porque cuando ella se va
alguien la esperará en la esquina.
En otros brazos reirá con otras mentiras,
dirá "Te amo, cuanto tiempo te he estado esperando".
Y te olvidará, todo habrá muerto,
y aquel otoño nunca habrá sido vuestro.
Para qué mentir, que ella se lleve,
aunque dure poco, tu odio para siempre.
Rodolfo Serrano
3.4.04
2.4.04
Poesia via Mail
Singelo poema sem título enviado a este Galarza por um dos seus chefinhos:
«nunca me atendes o telefone
nunca me respondes aos mails
nunca me mandas os textos
nunca pensas em mim
és um caralho
eu sou um poeta»
Como é bonita a leiga poesia, caro Bêbêgê...
The Galarzas na Moda!
O mail galárzico continua a ser assediado pelas mais ousadas propostas. Como esta:
«Central News
GÉMEOS GUEDES
SATOSHI SAIKUSA - NIKE - L'UOMO VOGUE
Os manos Guedes continuam a vincular a sua imagem em trabalhos de grande visionabilidade e notoriedade. Em Paris, fotografaram com o excelente fotógrafo japonês Satoshi Saikusa um publi-editorial para a marca Nike.
A produção foi publicada na conceituada revista italiana L'Uomo Vogue, revista para a qual os gémeos já haviam feito um editorial com o fotógrafo Mário Testino que os escolheu também para a campanha da Givenchy.
Este trabalho vem valorizar ainda mais o portfólio dos gémeos depois terem trabalhado para revistas como a Madame Figaro e a Wallpaper, e fotografado com Bruce Weber, Aldo Falai, Rasmus Morgensen e Ruven Afanador.»
Quatro perguntas:
1. «visionabilidade»?
2. «publi-editorial»?
3. «Afanador»?
4. citando o chinezinho: «alguém explica?»
1.4.04
O lucro da TAP
Não duvidaremos do lucro de 19 milhões de euros da TAP. Aliás, estamos certos de que todos os parafusos dos Caravel, Tristar 500 e Boings 737 e 747 foram devidamente valorizados.
Tal como no passado, e isto é um supônhamos, a TAP dava lucro sempre que na rubrica de património, os activos disparavam em barda. Os The Galarzas recusam-se a acreditar deveras que alguma vez tenha a TAP contabilizado, por exemplo, 10 mil parafusos sem uso, mas certificados, valorizado cada um deles de dez tostões para cem paus e, assim, ter lucro.
Na TAP não há maningancias.
Na TAP não há trafulhices.
A TAP, como a selecção da bola, são orgulhos do país, portuguesas, com lusos a dirigir os seus destinos técnicos e presidentes, como Madail ou Cardoso, longe de suspeitas.
Vosso,
O problema lusófono
Aquando da legalização da droga em Portugal, o governo de Lisboa inspirou-se no articulado brasileiro. Mas a tradução impeliu o país para a toxicodependência e, por erro, para a cadeia.
Se no original brasileiro se dizia:
1. A droga é legal. A sua venda passará a ser livre.
A tradução portuguesa saiu assim:
1. A droga é porreira. A venda do senhor passará a ser livre.