Reparo
Chega o Fuas Roupinho
Com travões ABS
Aterra na Portela da Azóia
O J. Oliveira Marques
E dez tomos de História
Vêm os pastorinhos
Todos três
Enganar-nos na Oliveira
Vem o Salazar
Afundar-nos em alto mar
Está o Martim Moniz
Engasgado entre
O ferrolho e o nariz
Embrulha-se a nação
Como era dantes
E entrega-se tudo ao
Eanes
Resmunga o Cerejeira
Com o caruncho da madeira
Alerta-se o João Jardim
Para mais um festim
Alija-se a carga de Belém
E fica lá o Santana, Marquês o tem.
Num saco bem fechado,
Vão a flutuar os revisionistas
Vai o Rosas, o Pulido Valente
Sarracenos, até judeus dos que sobraram
Tasqueiros é que nunca, somos país
De alta roda,
Homero tem um T4 na Quinta da Marinha
E faz jogging de manhanzinha.
E se não te basta
O bispo de Setúbal ou o
Salgueiro Maia
Se o Bloco de Esquerda
Não é mais que
A mesma treta
Deus salve, Pátria nossa
Enfia-se o Silva no Pulo do Lobo
Reacorda-se o Spínola
Faz favor, senhor Otelo
Sá Carneiro, o que chegar primeiro
Tomai conta do estabelecimento
A contento
Com o uso
Está difuso
O sustento
Dão promessas
Logo à noite
E remessas
De desgraças
São Falácias
Vos valha
Pois se acreditais
Que era isto Portugal
Fechai os olhos e gritai:
Puta que pariu, Afonso,
Tua mãe te fez algum mal?
de Eustáquio Pinho, Meia Bala e Forca, sobrevoando Lisboa, 2004
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