tertúlia oficial do conjunto azorrague músico-poético The Galarzas (remasterizado)
5.5.08
21.3.06
E por fim... um poema de Mário de Sá-Carneiro
SERRADURA
A minha vida sentou-se
E não há quem a levante,
Que desde o Poente ao Levante
A minha vida fartou-se.
E ei-la, a mona, lá está,
Estendida, a perna traçada,
No indindável sofá
Da minha Alma estofada.
Pois é assim: a minha Alma
Outrora a sonhar de Rússias,
Espapaçou-se de calma,
E hoje sonha só pelúcias.
Vai aos Cafés, pede um bock,
Lê o «Matin» de castigo,
E não há nenhum remoque
Que a regresse ao Oiro antigo:
Dentro de mim é um fardo
Que não pesa, mas que maça:
O zumbido dum moscardo,
Ou comichão que não passa.
Folhetim da «Capital»
Pelo nosso Júlio Dantas -
Ou qualquer coisa entre tantas
Duma antipatia igual...
O raio já bebe vinho,
Coisa que nunca fazia,
E fuma o seu cigarrinho
Em plena burocracia!...
Qualquer dia, pela certa,
Quando eu mal me precate,
É capaz dum disparate,
Se encontra a porta aberta...
Isto assim não pode ser...
Mas como achar um remédio?
- Pra acabar este intermédio
Lembrei-me de endoidecer:
O que era fácil - partindo
Os móveis do meu hotel,
Ou para a rua saindo
De barrete de papel
A gritar «Viva a Alemanha»...
Mas a minha Alma, em verdade,
Não merece tal façanha,
Tal prova de lealdade...
Vou deixá-la - decidido -
No lavabo dum Café,
Como um anel esquecido.
É um fim mais raffiné.
Epitáfio
«What do you do when the people go home?
And what do you do when the show is all done?
I know what I'll do in the alone of my time,
But what will I do with the leftover wine?»
16.3.06
Já toda a gente percebeu, mas cá fica o aviso oficial
Senhoras e senhores, esta tertúlia está a definhar...
14.3.06
Eu é que sou o Presidente da Junta (Portugal no seu melhor)
«Terrenos da Junta pagam sexo virtual
O ex-presidente de uma junta de freguesia do concelho da Guarda (...) terá gasto 49 mil euros em chamadas telefónicas para linhas eróticas, em menos de três meses. Quando chegou a factura, o autarca demitiu-se e a Portugal Telecom penhorou três terrenos para recuperar a dívida.»
Ausência III: Poema de Jorge Luis Borges
Habré de levantar la vasta vida
que aún ahora es tu espejo:
cada mañana habré de reconstruirla.
Desde que te alejaste,
cuántos lugares se han tornado vanos
y sin sentido, iguales
a luces en el día.
Tardes que fueron nicho de tu imagen,
músicas en que siempre me aguardabas,
palabras de aquel tiempo,
yo tendré que quebrarlas con mis manos.
¿En qué hondonada esconderé mi alma
para que no vea tu ausencia
que como un sol terrible, sin ocaso,
brilla definitiva y despiadada?
Tu ausencia me rodea
como la cuerda a la garganta,
el mar al que se hunde.
Ausência II: Poema de Vinicius de Moraes
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
Ausência I: Poema de Teófilo Chantre
si asa um tivesse
pa voa na esse distancia
si um gazela um fosse
pa corre sem nem um cansera
anton ja na bo seio
um tava ba manche
e nunca mas ausencia
ta ser nos lema
ma so na pensamento
um ta viaja sem medo
nha liberdade um te'l
e so na nha sonho
na nha sonho mieforte
um tem bo protecao
um te so bo carinho
e bo sorriso
ai solidao to'me
sima sol sozim na ceu
so ta brilha ma ta cega
na se clarao
sem sabe pa onde lumia
pa onde bai
ai solidao e un sina...
8.3.06
7.3.06
Poema aleijado de Jorge Luis Borges (por uma estranha despedida)
DESPEDIDA
Entre mi amigo y yo han de levantarse
trescientas noches como trescientas paredes
y el mar será una magia entre nosotros.
No habrá sino recuerdos.
Oh tardes merecidas por la pena,
noches esperanzadas de tu arte,
campos de mi camino, firmamento
que estoy viendo y perdiendo...
Definitiva como un mármol
entristecerá tu ausencia otras tardes.
6.3.06
Quando a Marcha dos Pinguins chega a Brokeback Mountain...
...acontece o amor entre dois pinguins machos que, contra tudo e todos, decidem criar uma família.
Depois de A Marcha dos Pinguins e O Segredo de Brokeback Mountain, chega Brokeback Penguin, um novo e polémico filme, baseado num novo e polémico livro que conta a história verdadeira e verdadeiramente controversa de Roy e Silo, os dois pinguins machos do Zoo de Nova Iorque que adoptaram um pinguim bebé. Um filme belo e apaixonante, com Clint Eastwood e John Wayne e a participação especial de Michael Jackson, na surpreendente interpretação de Tango, o pinguim bebé... que viria a tornar-se um belo pinguim macho... que queria ser uma bela pinguim fêmea... que ficaria na história como autora de um livro polémico - mas isso é uma história para a sequela: Tangaméricapote, um filme belo e apaixonante, com Charlize Theron.
[Um caloroso saravá é devido ao autor da tão genial montagem que ilustra esta reportagem séria e factual - o mui talentoso Carlos Gonçalves que, apesar de achar que precisa de óculos, nos vai fazendo rir com a sua sempre constante criatividade. Saravá, pois!]
ceptro a optimus
"O último poema
Assim eu quereria o meu último poema.
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação."
de Manuel Bandeira.
saravá.
Cráche, Clunêi, Stuârte e os outros
E os vencedores foram...
- Jon Stewart («Tonight is the night we celebrate excellence in film — with ME, the fourth male lead from 'Death to Smoochy'.»);
- George Clooney («All right, so I'm not winning director... It's a funny thing about winning an Academy Award, this will always be sort of synonymous with your name from here on. Oscar-winner George Clooney, sexiest man alive 1997, 'Batman', died today in a freak accident.»);
- Robert Altman («I look at it as a nod to all of my films because to me I just made one long film.»).