16.2.04

Guerra em Lisboa: 2ª parte

A guerra continua nas ruas de Lisboa. As trincheiras continuam a ser abertas perigosamente pela Bica adentro, em direcção ao rio. A táctica camarária de guerrilha é a mesma: não fazer qualquer tipo de aviso, nem sequer aos moradores, não vá o inimigo esconder-se entre eles.

E no entretanto, os senhores das obras (agentes decerto infiltrados) lá vão dizendo, para enganar os audazes espiões do inimigo, que não são trincheiras, «é só para mudar os canos da água». O inimigo insiste: «então, mas isso não foi o que fizeram há duas semanas, quando abriram estes buracos da primeira vez?». Os senhores das obras, astutos, respondem como mandam as regras da guerrilha: «isso não é connosco, isso foi outra obra». E continuam a abrir trincheiras, pedras para o lado, terra para trás, e quem vier que se cuide, quem more aqui ao lado que peça licença para entrar em casa, que isto aqui é para ser feito e n
ão temos nada que andar a dar explicações a ninguém, era o que mais faltava... É para ser feito e pronto!

Curiosamente, ao cimo da rua, nem um outdoor pergunta «Já reparou como as ruas da Bica estão cada vez mais esburacadas?», nem um cartaz avisa «Custo da obra: a paciência dos moradores». É bom viver nesta Lisboa santanista!