Ódios de estimação I: Anabela
A nossa musa incendiária vai deixar de apresentar o mui interessante e soporífero Magazine, programa que corroeu o ido Acontece-te, defendido com unhas, dentes e berbequins por Rangel, o incansável.
Ora, aqui atrasado, neste mesmo espaço, a nossa Anabelita Mota Ribeiro foi muito maltratada. Dissemos delas cobras e lagartos.
Mas agora, ao vê-la na televisão, com aquele cabelinho à tigela, puxado depois por um funcionário qualquer da RTP, cheio de gel, a carinha assim a recuperar a inocência, uma espécie de Amèlie ao contrário, sem o olhar carnívoro de outrora...
agora vejo nela uma Maria Teresa Horta por cumprir. Uma Alberta Marques Fernandes em potência. Uma Fátima Campos Ferreira de Matos Lima desaproveitada. Vejo em si, Anabela, um vendado num campo de lírios, vejo em si o 25 de Abril de 1971. Ou de 1957.
Não há nada, Anabela. A menina, oiça, repare lá na ironia:
a menina está na primeira linha dos programas que vão sair do ar,
a menina não encorajou a malta a ir mais ao teatro,
a menina até deixou de dizer se ia ao cinema, se ia ao concerto, se ia cozer couves para casa ou mandar bitaites para o Lux,
a menina, Anabela,
veja lá a ironia,
já aconteceu.
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