Estado policial
A Policia Judiciária, juizes e procuradores do Ministério Público passaram esta manhã a incomodar dois jornalistas, por causa do famoso "Envelope 9", que guardava informações sobre os números de telefone sob vigilância no processo Casa Pia.
Joaquim Eduardo Oliveira e Jorge Van Krieken são dois profissionais sérios, competentes e que apenas fizeram aquilo que é pedido aos jornalistas: investigar, tentar saber a verdade e dá-la aos leitores.
A PJ, os magistrados e o Ministério Público aparentam uma cobardia atroz, demente de um Estado policial, que não sabe lidar com as suas liberdades, os seus riscos, as suas falhas, os seus engodos, as suas corrupções.
Joaquim Eduardo Oliveira e Jorge Van Krieken trataram informação e provaram, através de textos jornalísticos, que a investigação do processo Casa Pia é uma imbecilidade, mal conduzida, redutora, patética.
Agora, é tempo do Presidente da República vir indignar-se contra esta invasão policial contra quem ainda tenta regular as instituições. Agora, é tempo de o primeiro-ministro defender imediatamente a liberdade das pessoas - leitores, jornalistas. No fundo, concidadãos seus.
O que se passou é um perigoso indício de que quem disser a verdade incómoda está à mercê deste estado coercivo. A justiça acaba de se portar como o pior radical islâmico contra os cartoons de Maomé. A justiça acaba de atacar quem a critica. A justiça acaba de provar que não é cega, nem tem balança, mas usa a espada contra os que dizem que ela vai nua.
Jorge Van Krieken e Joaquim Eduardo Oliveira, dois profissionais com excelentes qualidades, um sénior e o outro um jornalista testado, são bons repórteres e honestos no seu trabalho. Os procuradores, as polícias e quem deixa que este medo se instale, não.
Pela indignação, pela imbecilidade e por esta sensação que tenho de me terem posto uma corda ao pescoço e os grilhões, contesto. E, pela primeira vez, assino.
Já chega de um país de bananas, com as liberdades a serem cortadas, com a economia corrupta. Basta.
JVA
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