O vento
Só um governo com a cabeça muito no ar, oco, e de pás prontas para ser empurrado pela brisa é que se lembra de vir anúnciar à nação estra treta da energia eólica.
É tão surpreendente, tão bacoco, tão desperzível, que parece, outra vez, nossa sina, que deixou de haver governo.
Eu ando a ouvir muita conversa de gente farta. Nos cafés, nos encontros dos militares, nas salas secretas, chegam de todos os lados os avisos.
Isto faliu. Trapum! Batemos no chão. Não há mais fundo, esqueçam o subsolo. O ministro dos dinheiros avisa no mais caro matutino de domingo que os impostos vão subir. Mais.
Nos 60, emigrámos para França. Temo agora que fujamos, provavelmente, para Espanha. Fica mais perto e entendemo-los melhor.
Como a minha geração parece falhar, já comecei a preparar o puto para ser governo. Ou emigrante. Ou artista. Mas não para se chatear e stressar como o pai.
Já farta a brincadeira.
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