Poema de Mestre Nestor Alvito
Arde-me
Tudo arde
Tudo ardeu
Ardeu-me a casa
Ardeu-me o carro
e a minha gente
Ardeu-me a terra
Ardeu-me a aldeia
e o meu país
Ardeu-me a alma
Ardeu-me o coração
e a vida
Tudo arde
Tudo o fogo consome
Ardem-me chamas nos olhos
da dor da minha gente
Ardem-me labaredas no peito
do choro dos meus vizinhos
que choram lágrimas fora de tempo
que mal chegam para apagar as chamas
que ardem cá dentro
Tudo arde
Tudo se perde
Nada se transforma
(in Édito, 2003)
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