12.3.04

O impiedoso Malaquias

O impiedoso Malaquias estava já de malas aviadas para o País Basco, com dois ferros em brasa na algibeira, para ir dar cabo dos etarras que, segundo o governo espanhol, tinham morto 190 pessoas numa das mais sangrentas madrugadas do reino vizinho. Depois, ao ligar o seu pequeno philips, onde ouve os relatos, apercebeu-se que afinal tinha sido obra da Al-Qaeda, e vai de encher a sacola com latas de atum porque a viagem até à Arábia Saudita era mais longa. O impiedoso Malaquias está-se nas tintas para as declarações políticas - o que lhe interessa é porrada neles, principalmente se eles forem cobardes e matarem inocentes.
Mas o impiedoso Malaquias, que não é parvo nenhum, viu que a carta do Bin Laden, o hemofílico, tinha chegado ao Egípto e a Londres. E lá meteu um dicionário de egípcio-português-egipcio na algibeira. E depois, já pronto, deu-lhe para pensar. E pensou: «Mas, espera lá, o hemofílico? Que raio é que o hemofílico pode ter a ver com isto?». E pensou que o atentado era hediondo demais. E que a Al Qaeda, para se vingar dos espanhóis, podia era dar cabo deles no Iraque, onde anda tudo ao Alá-dará. E pensou ainda se esta carta não seria como aqueles documentos secretos onde estavam as provas das armas de destruição massiva.

O impiedoso Malaquias dirige-se neste momento para São Bento, onde vai perguntar ao dr. Durão para onde é que há-de ir. Porque se não sabem quem foi, porque abriram a boca?

Moral da História: O bode expiatório, pela primeira vez na história, correu mais que o ministro do Interior. A lista dos eventuais culpados, se a da Al Qaeda não pegar, há-de ainda ter mais tipos. E, não tarda, ainda estão a cupar os velhos GAL por causa disto. Não apareça é por aí a teoria do Terrorismo de Estado, que o impiedoso Malaquias muda-se definitivamente para Vilarinho de Agrouchão.