11.2.04

Poema de Mestre Nestor Alvito

A Deus

Senhora donzela querida
Oscule minha face corada
Nesta minha despedida
Hoje que estou de abalada

Vou para longe, tão longe
Desta pátria que embaraça
Confessei-me já a um monge
Que cuidava ser chalaça

Mas é austera esta viagem
É concreto o meu destino
Chama-me a santa imagem
De Meu Senhor o Pepino

Até ele vou de gatas
Pelo caminho sem tormento
A jornada é sem empatas
E sem estradas de cimento

Seja a aportada ditosa
Pela neblina da história
Deixo-a hodiernamente formosa
Sem lágrimas na memória

(in As Luzidias [Poemas Épicos Para O Futuro], Edições Cátevia, 1989)