31.12.03

Tragédia de amor do furriel Alípio

Minh'alma tem estacão
Minh'alma passa estere
Do fundo do coração
Dou-te a mão, mulher
E o empedrado brilha
Ao codorno dos
Algerozes
Caleira feroz da paixão
Lisboa

Teu fado engalfinha
Esgarabulha-me a alma
Troante passagem
Pelas curvas ácidas
Dos nãos
Teu veu, ventre aberto
Batel sem rasgo ou
Movimento
Nau que drapeja
Sémen e rebento
Ao cotovelo do mundo
A contento

Alimentarás um só desejo
O de negar-me um dia
O dia
Em que te não vejo

de Eustáquio Pinho, Varicela de cores, Montevideo, 1995