19.12.03

Braseiro

Sós

Fiz-te fogo às cinco
Fiz-te arranjo depois
Deixei arder

Afaguei o cão
Fui regar
Alimentei três coelhos

Apalpei as tangerinas
Afastei a talha da azeitona
Fechei as galinhas

Voltei ao lume
Separei das chamas
O braseiro

Levei brasas na mão
Numa braseira com arame
Em forma de pega

À noite
Olhei para ti apaixonado
Ali, como eu, sentado

Que interessa se morremos
Se ainda a alma nos aquece
Nestes Dezembros

O braseiro

de Eustáquio Pinho, O Vácuo no Hipotálamo, Azervadinha, 1977