Fã do Cartaxo envia missiva sadina
Ainda no i-meil. Comentários no fim.
«Meu caros:
Não posso deixar de vos enviar esta pérola da poesia sadina-portuguesa, ou camarra.
O galarza-ribatejano.
Um clássico da literatura de expressão Portuguesa:
"A Água"
de Manuel Maria Barbosa du Bocage
Meus senhores eu sou a água
que lava a cara, que lava os olhos
que lava a rata e os entrefolhos,
que lava a nabiça e os agriões
que lava a piça e os colhões
que lava as damas e o que está vago
pois lava as mamas e por onde cago.
Meus senhores aqui está a água
que rega a salsa e o rabanete
que lava a língua a quem faz minete
que lava o chibo mesmo da rasca
tira o cheiro a bacalhau da lasca
que bebe o homem que bebe o cão
que lava a cona e o berbigão
Meus senhores aqui está a água
que lava os olhos e os grelinhos
que lava a cona e os paninhos
que lava o sangue das grandes lutas
que lava sérias e lava putas
apaga o lume e o borralho
e que lava as guelras ao caralho
Meus senhores aqui está a água
que rega as rosas e os manjericos
que lava o bidé, lava penicos
tira mau cheiro das algibeiras
dá de beber às fressureiras
lava a tromba a qualquer fantoche e
lava a boca depois de um broche.»
Aos leitores deste bélogue:
Apesar do lindo poema, que é transversal no uso da língua, os The Galarzas avisam que não existe nenhum «O galarza-ribatejano». E não existe porque só passará a existir quando tal figura que nos escreve sob mail anónimo (anonimo@mail.pt) nos disser que as febras estão prontas, a entremeada no ponto, o vinho aberto, o pão cortado e as azeitonas na malga.
A direcção.
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