28.10.03

Fã do Cartaxo envia missiva sadina

Ainda no i-meil. Comentários no fim.

«Meu caros:

Não posso deixar de vos enviar esta pérola da poesia sadina-portuguesa, ou camarra.

O galarza-ribatejano.

Um clássico da literatura de expressão Portuguesa:

"A Água"
de Manuel Maria Barbosa du Bocage

Meus senhores eu sou a água
que lava a cara, que lava os olhos
que lava a rata e os entrefolhos,
que lava a nabiça e os agriões
que lava a piça e os colhões
que lava as damas e o que está vago
pois lava as mamas e por onde cago.

Meus senhores aqui está a água

que rega a salsa e o rabanete
que lava a língua a quem faz minete
que lava o chibo mesmo da rasca
tira o cheiro a bacalhau da lasca
que bebe o homem que bebe o cão
que lava a cona e o berbigão

Meus senhores aqui está a água

que lava os olhos e os grelinhos
que lava a cona e os paninhos
que lava o sangue das grandes lutas
que lava sérias e lava putas
apaga o lume e o borralho
e que lava as guelras ao caralho

Meus senhores aqui está a água

que rega as rosas e os manjericos
que lava o bidé, lava penicos
tira mau cheiro das algibeiras
dá de beber às fressureiras
lava a tromba a qualquer fantoche e
lava a boca depois de um broche.»


Aos leitores deste bélogue:

Apesar do lindo poema, que é transversal no uso da língua, os The Galarzas avisam que não existe nenhum «O galarza-ribatejano». E não existe porque só passará a existir quando tal figura que nos escreve sob mail anónimo (anonimo@mail.pt) nos disser que as febras estão prontas, a entremeada no ponto, o vinho aberto, o pão cortado e as azeitonas na malga.

A direcção.