17.9.03

As Tuas Mãos

As mãos
calejadas
cansadas
com que esfregas os olhos
que choram a perda
que sofres

são as mesmas mãos
fortes
envolventes
que empunhavam a enxada
que cavava a terra
que amansava a vida
que criava os filhos
a quem davas
as duas mãos
as tuas mãos

São velhas
as mãos
com que afagas o suor
que o fogo alimentou
com que apagas a tristeza
que o tempo cimentou
com que esqueces
quem esqueceu
as tuas mãos

As mãos
outrora
precisas
agora
esquecidas