27.8.03

O hábito. O monge?

Escrevo-vos de uma estação de comboios no sul.

Pensar que posso estar, neste momento,
Sentado, encostado, com um caderno e um lápis
e tudo o que aqui escrevo
vos chega

Miro de um penhasco
Para dizer que o Mundo era mesmo aquilo
Que conversávamos à volta do vinho e
do úisque.

Isto é, o Mundo existe,
é bonito,
mas está aqui fora, não nas vossas cidades,

Escrevo-vos porque perdi o comboio e não me apetece regressar
Escrevo-vos porque quero pedir-vos que venham para aqui
Porque sinto a vossa falta
Porque quero deixar os Rittos, os Cruzes, os Durões
Porque quero deixar o Herman a dormir com a Alexandra Lencastre
Porque descobri que nenhum deles está
em nenhum livro dos que nos fazem falta

Escrevo-vos, a todos, para que venham
Para que abandonem amanhã a cidade
às seis da tarde em ponto

Estarei de pé à vossa espera
Com o jantar pronto
À porta da casa
Junto à estação