Meu querido Portugal
A gosto, chega Agosto e a silly season continua a revelar o melhor do nosso querido Portugal:
ele é o senhor presidente e vereador e vereador e vereador e vereador e vereador e vereador e vereador da câmara da capital que manda o postalinho de boas graças e volte sempre ao senhor escritor que já morreu (a provar que o exemplo vem de cima, pois se o povo não lê!)…
ele é a senhora deputada do partido que por acaso até é governo que mete baixa por doença mas que afinal vai trabalhar para a televisão que por acaso é do estado do governo, permitindo-se assim ganhar dos dois lados (tal como pelo menos alguns milhões de portugueses)…
ele são os fogos que ardem e ardem e ardem e por todo o lado ardem e continuam a arder e os bombeiros que não têm mangueiras nem tanques nem água e as gentes que fogem de lá para cá e de cá para lá e os repórteres das nossas sérias televisões que perguntam então e agora como é que vai ser, ficou sem nada, morreu-lhe o gatinho, foi? deixe estar, que a televisão está aqui é para ajudar a mostrar que estamos consigo e os senhores do outro lado daquele quadrado, está a ver?, eles também estão solidários e alguns também têm um foguinho lá em casa, mas é no quintal e com umas febras sobre as brasas, a acompanhar com umas batatinhas fritas (não enchas isso de sal, homem, olha o colesterol!)…
ele é o espectáculo… perdão, o escândalo da pedofilia, que mete atrás das grades bibis e bubus e bestas e inocentes antes mesmo do senhor juiz que só cá está porque havia uma vagazinha e que prende os piores suspeitos de terem, concerteza, qualquer coisa a haver com isto, acho eu, porque a conversa é perigosa (e assim, quão culpados somos todos que andamos a falar disto todos os dias lá no trabalho, perdão, no emprego) bater com o martelinho na mesa e dizer parabéns, acabou de ganhar umas férias na penitenciária, mas como é rico e gente fina, pode ir dar a volta ao bilhar grande…
Mas não há quem venha socorrer-nos com um balde de água fria, para apagar o fogo a que este país chegou e para esfriar a cabeça de tanto tolinho e de tanta tolice? Não há por aí um daqueles pesos de 16 toneladas que os Monty Python usavam para acabar com aqueles sketchs que eles achavam que não tinham piada, para a gente o fazer cair sobre este Portugalzinho que parece um anedota sem piada?
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