10.10.05

Porque ganhou Sócrates

José Sócrates bem pode estar contente. Tem uma maioria de câmaras do PSD, principalmente nas grandes cidades, a que pode dizer "não" com a tranquilidade política de quem não fica a dever favores a correlegionários. Depois, a derrota dos seus principais candidatos - Soares, Carrilho e Assis - permite que continue a ter na oposição Marques Mendes, um líder do PSD fraco, sem carisma, e que se prolonga por mais uns meses no cargo. Uma vitória política a médio prazo, muito importante. Se o PSD tivesse agora a adiada mas inevitável crise de liderança, Sócrates teria de enfrentar uma Ferreira Leite, um Menezes ou outra figura que, de uma forma ou de outra, transpiraritam entusiasmo, garra e agressividade.

Assim, mantém-se tudo como dantes.










Já Carmona Rodrigues capitalizou dois elementos fundamentais: a potenciação da sua imagem de vítima (de Durão, de Santana, do destino e triste fado) e, ao mesmo tempo, combateu o inanimado Carrilho. O desabafo do agora eleito presidente de Lisboa no debate da SIC N - quando Carrilho não lhe apertou a mão e Carmona deixou cair um "grande ordinário" - deu-lhe uma vantagem moral enorme. Os votos reflectem isso.








Manuel Maria desaparece assim da vida política. Livre pensador, tem uma imagem errónea de si mesmo. Ninguém (ou apenas Bárbara) o acha brilhante, genial, único. É mais um político, dessa categoria dos ressabiados. Pôs em perigo um conjunto importante de vitórias em Lisboa para o PS: as Juntas de Freguesia.








Por fim, Marques Mendes. Prolonga a sua angústia, bem visível na cara de seu filho, há dias na TV. Vai a votos com Cavaco Silva, concurso que também ganhará. Depois, os "laranjas" pragmáticos não o devem querer muito mais tempo a liderar o bando. A sua função está a ser bem cumprida: transição em vitória suave.