15.9.05

Tele-imóvel

Assim como veio, se foi: fiquei sem telemóvel! Tenho pena. Era um bom telemóvel. Aguentou quase dois anos. Ensinou-me muito: a escrever SMSs modernos, a tirar tele-fotos, a gravar cantos e cantigas, a enviar mensagens multimédias e com dent'azul. Juntos viajámos, atravessámos mares e oceanos. Juntos fotografámos, falámos com uns e outros...

Também sofreu muito, coitado. Caiu vezes demais em calçadas e poças de água, saltou vezes demais contra paredes e vidros. Mas aguentou sempre de cabeça erguida. É verdade que, nos últimos meses, tinha as suas taras - desligava-se sem aviso, ameaçava falta de memória, não acatava comandos... Mas foi um bom telemóvel.

Por estes dias, deu-lhe o badagaio - já estava à espera. Deixou de falar comigo - de isso é que eu já não estava à espera. No fim de tudo, foi cruel. Tenho pena. Mas sendo assim, não terei qualquer pejo em trocá-lo. Trocá-lo-ei com frieza e determinação! Sem olhar para trás. Sem saudades. Sem lágrimas. Bem, talvez só uma. É que foi um bom telemóvel. Lá isso foi. Adeus, pá. Adeus...