2.9.05

Já sinto a musa nova.

Tenho uma musa nova. Chama-se Jacinta Turradeirá Keimahr, é amarela por fora e bronzeada por dentro. Filha de pai abreu e mãe sentada, nasceu em Mentópolis, de onde só saiu aos 16 avos, para prosseguir uma carreira como atleta de alta degustação.

Hoje, Jacinta Turradeirá Keimahr é uma frota pesqueira de rotundas proporções e um gosto elegante. Sabe a mar e a ostras desnudadas. Cheira a mato e a leite-creme acabado de fermentar. Já ganhou mortalhas de ouro e prata e bronze, subiu 16 vezes ao pódio e ainda se lembra do dia em o pódio a pediu em casamento.

O amor nunca foi com ela - deixou-a sempre na paragem do autocarro, com uma mala numa mão e um beijo na outra. Mas ainda hoje mantém uma relação extra-sensorial com pódios de todo o mundo e arredores, com mortalhas esfarrapadas de gosto duvidoso, com amizades coloridas do outro lado da ponte.

Tenho uma musa nova. Chama-se Jacinta e a já a sinto a subir ao meu pódio.