3.7.05

Poema de Tiago Torres da Silva

DESAMPARINHO

Quando fico só
me dói uma tristeza
mulherando meu olhar

Desvendando o céu
à procura de luz
numa noite sem luar

Se você se vai
me mulato de dor
desconsigo de sorrir

Me vejo mindinha
em passos dorminhosos
me sozinhando ir

Desnasci de ter
me poentei de sol
me fiz noite e me luei

E agora que sou
o silêncio de ser
desaprendo o que ensinei

Mas o amor voltou
nos lábios outro nome
e no peito o teu carinho

Me deixei dormir
ao longo do teu sono
senti um desamparinho

[in Canções do Tiago]