1.7.05

Abril no Paraiso



Com botas cardadas
Com pezinhos de lã
Chegaste à minha beira
Ofereceste a maçã

Com o punho erguido
Com a voz do meu povo
Subiu-me o sangue
Descobri membro novo

O fascismo é a serpente
Que insinua a expulsão
Não queremos sair daqui
Do paraíso é que não!

Doce e pueril Eva,
Verás como o ópio do povo
Uma vez bem inalado
Te traz orgasmo novo

Sem rodeios, camarada
Desço a charneca divina
Levanto a giesta bem alto
P'la tua vermelha vagina

Ah! Capacetes de alegria!
Ah! Armas do meu povo!
Expuslo do paraíso, sim,
Mas antes vivo, que morto!

de Eustáquio Pinho, Dívidas Existenciais, Mogadouro, 1983